Crescem as greves também no Brasil

O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou na semana passada alguns dados interessantes sobre as greves no ano de 2012:

O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou na semana passada alguns dados interessantes sobre as greves no ano de 2012:

1.      O Brasil teve o maior número de greves dos últimos 16 anos.

2.      Foram registradas 873 greves, um aumento de 58% em relação a 2011.

3.      No total foram 87 mil horas de paralisação do trabalho, o maior tempo desde 1990.

4.      No setor privado, 85% das mobilizações tiveram suas reivindicações parcialmente ou totalmente atendidas.

(Fonte: http://www.dieese.org.br/balancodasgreves/2012/estPesq66balancogreves2012.pdf)

Esses números confirmam a resolução da Conferência Nacional da Esquerda Marxista (março/2013). Nesse documento dizíamos que a classe trabalhadora brasileira se sente “forte e capaz de lutar e conquistar” e que “a prova são os Acordos Coletivos de 2012, cuja enorme maioria terminou por conquistar ganhos reais, acima da inflação, além de outras conquistas”.

A crise econômica se aproxima, mas ainda não chegou com toda a sua força ao Brasil. Os trabalhadores veem os lucros dos capitalistas só aumentando, em boa parte graças às bondades do governo Dilma de colaboração de classes. E do outro lado a exploração cresce. A sábia conclusão que chegam muitos trabalhadores é que se tudo está tão bem para os patrões, alguma coisa precisa ser feita para conquistarmos uma fatia desse “bolo”. Por isso, a maior parte das greves teve como motivo principal o reajuste salarial.

Devemos considerar também que em 2012 a taxa de desemprego ficou em 5,5% (o menor índice anual da série histórica iniciada em 2002). Uma visão superficial concluiria que por conta disso as mobilizações diminuiriam. Mas é preciso observar que esta situação proporciona uma sensação de maior segurança para as lutas contra os patrões, já que em uma eventual demissão em uma empresa, outros empregos estariam disponíveis no mercado de trabalho.

Mas o fundamental que devemos analisar nesses dados apresentados pelo DIEESE é que os trabalhadores no Brasil não se sentem derrotados, nem desanimados. Existe sim grande disposição de luta nas bases e as conquistas poderiam ser muito maiores se as direções trabalhassem para mobilizar, unificar e politizar esses combates. Só que ao contrário, eles priorizam as reuniões fechadas com governos e patrões na busca dos “interesses comuns”. Temem a mobilização e estão mais preocupados com a manutenção do controle sobre o aparelho burocrático. 

A história e a classe trabalhadora reservam uma dura lição para estes que abandonaram os princípios e as lutas. Já ocorrem movimentações em bases de sindicatos, divisões e fortalecimento de oposições. O aprofundamento da crise deve ampliar a polarização entre as classes sociais. A disposição de luta das massas certamente vai aparecer com mais força e, assim como na Europa, a mobilização vai ser imposta de baixo para cima. Aqueles que tentarem segurar essa onda serão atropelados pela correnteza.