Começa a Escola de Quadros da CMI

Começou hoje, 28 de julho, na Itália, a Escola de Quadros da Corrente Marxista Internacional (CMI). Estão presentes mais de 270 militantes de diferentes países, com grande participação da juventude.

Começou hoje, 28 de julho, na Itália, a Escola de Quadros da Corrente Marxista Internacional (CMI). Estão presentes mais de 270 militantes de diferentes países, com grande participação da juventude.

Na abertura foi feita uma homenagem ao camarada Camilo Cahis, do Canadá, membro do Comitê Executivo Internacional da CMI, que faleceu no dia 25 de abril (ver aqui). E também ao nosso camarada Chico Lessa, membro do Comitê Central da seção brasileira, que perdemos em um trágico acidente em 29 de fevereiro (ver aqui).

O camarada Fred Weston, do Secretariado Internacional, apresentou as importantes contribuições desses camaradas para a luta de classes e para a construção da Internacional. Em seguida, o plenário, de pé, manteve-se em silêncio por 1 minuto em homenagem a Camilo e Chico.

O primeiro dia foi dedicado à situação política internacional, com informe de Alan Woods, que explicou a profundidade da crise do capitalismo e como todas as medidas lançadas pela burguesia internacional para tentar, sem sucesso, alcançar o equilíbrio econômico, desencadearam a instabilidade política, ou seja, a intensificação da luta de classes.

Alan alertou para o papel dos reformistas, como Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego que traiu as aspirações das massas firmando um acordo com a Troika incluindo diversos ataques aos trabalhadores do país, poucos dias depois da grande vitória do “Não” à austeridade no referendo de 5 de julho.

Em todo o mundo se vê a grande disposição de luta das massas, inclusive processos revolucionários, como o que vimos no Egito em 2011 e depois em 2013, mas como concluiu Alan em seu informe, necessitamos construir aquilo que não faltou na Rússia em 1917, um partido revolucionário com influência de massas capaz de conduzir o proletariado para a tomada do poder.

A primeira intervenção do plenário foi do camarada Lal Khan, do Paquistão, que abordou o aprofundamento da situação de barbárie no oriente médio, o avanço do terrorismo na região, a heroica luta do povo Palestino e a necessária solidariedade dos trabalhadores israelenses para colocar fim ao estado sionista de Israel.

Na parte da tarde seguiram diversas intervenções. Alex Grant, do Canadá, explicou como a crise também chega ao país e os trabalhadores começam a se mobilizar; John Peterson, dos EUA, falou sobre a explosão das lutas contra o racismo e a violência policial, e o descrédito das instituições nos EUA para a população em geral; Carlos “Che”, do México, explicou os desenvolvimentos dos protestos contra o desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa; Hanz, da Alemanha, mostrou os dados de precarização das condições de vida e de trabalho no país; Adam Booth, do Reino Unido, falou sobre a expressão do descontentamento social através do apoio à candidatura de esquerda de Jeremy Corbyn para a presidência do Partido Trabalhista; Jorge Matin explicou as posições e interesses dos diferentes países nas negociações envolvendo a crise grega; Jerome Metellus , da França, falou da luta de jovens e trabalhadores no país e como se desenvolve a Frente de Esquerda, encabeçada por Jean-Luc Mélenchon;  David Peña, da Venezuela, explicou o impasse que vive a revolução bolivariana; Pepe, da Itália, destacou a velocidade com que a situação política se desenvolve, pontuando a necessidade de rompermos com a rotina nessa nova situação; Ubaldo Oropeza, do México, assinalou como os casos de corrupção espalham-se na época de decadência do capitalismo, apresentou também o crescimento da CMI na América Central; Fred Weston falou sobre o desenvolvimento da luta de classes em diferentes países, como Síria, Líbia, Nigéria, Burkina Faso, Grécia; Miguel Jimenez, da Espanha,  explicou como trabalhadores e jovens expressam através do crescimento do PODEMOS sua indignação, apesar das vacilações da direção do partido.

Serge Goulart, dirigente da Esquerda Marxista, seção brasileira da CMI, destacou como os próprios capitalistas não sabem como sair dessa crise e a impossibilidade econômica e política de resolvê-la com uma guerra mundial, como foi feito no passado. A burguesia tem um único caminho possível, a destruição das forças produtivas, com ataques à classe trabalhadora e à juventude, e também com as guerras localizadas, etc. Finalizou apontando a tarefa de nossa internacional, de construir uma saída revolucionária e socialista para a atual situação.

Até o próximo domingo serão discutidos temas como “A tática revolucionária hoje: organizações de massa e a luta de classe”, “O colapso da II Internacional e a Conferência de Zimmerwald”, “Filosofia marxista: materialismo dialético versus idealismo”, “Primeira Guerra Mundial e Imperialismo”, “Marxismo e religião”, “Marxismo e a questão nacional”, “As causas da crise do capitalismo”,  “Crise no Oriente Médio”, “Marxismo e o Estado”, “Nacionalismo negro e a luta de classes”, “Crise na Ucrânia: um ponto de vista de classe”, “A questão nacional na Escócia”, “Grécia e a crise do Euro”.

A Escola de Quadros Mundial é realizada a cada dois anos, intercalando com o Congresso Mundial da CMI, e é um importante momento para a formação política dos militantes das diferentes seções.

Também no Brasil, a Esquerda Marxista realiza atividades nacionais de formação, como a exitosa Escola de Quadros que realizamos em abril desse ano (ver aqui), além de atividades regionais de formação.

Apropriarmo-nos dos ensinamentos da história, do método e da elaboração teórica dos grandes pensadores do marxismo, é um passo fundamental para que estejamos à altura das tarefas históricas que nos cabem, a luta internacional pelo socialismo.