China e suas ilhas artificiais: o que está em jogo?

Diz o ditado que um animal selvagem é mais perigoso quando acuado. Na geopolítica, ou melhor dizendo, nas relações entres as diferentes elites nacionais, isso parece ser ainda mais verdadeiro do que na vida selvagem. 
A construção de certas ilhas artificias no Mar da China Meridional, que banha principalmente o Sudeste Asiático, pelo governo de Pequim, é um bom exemplo disso. De acordo com os porta vozes chineses, as bases militares que serão construídas servirão para proteger os interesses do país em uma área disputada.
Contudo, a quais interesses as autoridades chinesas se referem? Os países que mais se opõe à construção dessas ilhas são o Japão, o Vietnã e as Filipinas, justamente alguns dos parceiros comerciais mais importantes do país. Ao lado deles estão, naturalmente, os EUA, cuja portentosa marinha detém o total controle das rotas comerciais locais. A fim de deixar claro sua oposição ao projeto chinês, o Pentágono envia periodicamente navios de guerra para as proximidades.
Um observador mais atento rapidamente lançaria a pergunta: a China se arriscaria mesmo a um conflito que, além de sangrento, colocaria sua economia de joelhos, por um punhado de ilhas artificiais? Uma guerra por tais motivos seria, sob qualquer ponto de vista, um ato extremamente irracional.
A verdade é que Pequim não deseja conflito. Os “interesses do país” a que a burocracia chinesa faz referência são, na verdade, os seus próprios interesses de sobrevivência. A economia do país sofre com a crise, com seu setor produtivo encolhendo devido à redução da demanda internacional. O desemprego, antes um perigo distante, já começa a se fazer presente graças à paralisação de grandes obras e a falta de investimentos.
Dessa forma, setores como a indústria militar aparecem como uma alternativa para estimular a economia, gerar empregos e diminuir a intensa polarização social que tanto perigo representa para a elite política do país. Afinal, certamente não serão um punhado de ilhotas artificiais que vão dar ao país condição de disputar o que quer que seja com o poder militar dos imperialistas americanos…