Carta da Esquerda Marxista aos companheiros da Fábrica Ocupada Flaskô

A Esquerda Marxista, corrente do PT e Seção Brasileira da CMI (Corrente Marxista Internacional), em seu 28º Congresso, se dirige aos trabalhadores da Fábrica Ocupada Flaskô reafirmando seu compromisso neste difícil momento por que passa essa heróica luta.

Caros companheiros trabalhadores da Flaskô,
Caro companheiro Pedro Alem Santinho

Há sete anos, impulsionados pela vontade política da classe trabalhadora de mudar o país – que se expressou na vitória eleitoral de Lula e na maré vermelha que tomou Brasília na posse do 1º governo do PT – iniciamos um combate de tomada de fábricas em defesa dos empregos, dos direitos e do parque fabril como parte de nosso combate pelo socialismo.

Esse combate, como sabemos, tomou proporções imensas e já está gravado na consciência de milhares de operários, sindicalistas e militantes socialistas e comunistas de diversas tendências pelo Brasil e América Latina, como exemplo de resistência e de luta.

O controle democrático dos companheiros sobre os rumos da Cipla, Interfibra e Flaskô foi a prova concreta de que os trabalhadores não precisam de patrões para dirigir a produção nas fábricas e que portanto podem também dirigir toda a sociedade. A nossa luta pela estatização sob controle operário mostra que as fábricas, bancos e terras devem ser propriedade pública e social e não de uma minoria de parasitas capitalistas.

Lutando para generalizar as ocupações de fábrica enfrentamos todo tipo de obstáculos. Sempre tivemos consciência clara de que nossa luta, pondo em questão a propriedade privada dos meios de produção, exigia sua extensão massiva por todo o país ou seríamos cercados, isolados e esmagados pela reação burguesa e seus agentes no movimento operário. Esta luta ou se expande ou se retrai. Não existe socialismo num só país e muito menos em uma só fábrica. Enquanto subsistir o sistema capitalista a Lei do Valor impera e tudo esmaga.

O crescimento econômico impulsionado pelo crédito (endividamento do povo) e o governo Lula conseguiram conter o aparecimento de um amplo movimento de conjunto dos trabalhadores brasileiros. Foi por isso que eles realizaram a intervenção militar na Cipla e Interfibra e a tentativa aventureira do interventor de tomar a Flaskô.

Eles precisavam acabar com nossa luta. Conseguimos resistir na Flaskô, mas em uma situação cada vez mais difícil. O governo Lula se recusa a ajudar e o judiciário trata de perseguir e criminalizar nossa luta. Os processos e ameaças de prisão contra nossos companheiros Serge Goulart, Carlos Castro, Chico Lessa e Pedro Santinho têm o objetivo de quebrar esta luta e destroçar as organizações operárias em luta.

O 28º Congresso da Esquerda Marxista reafirma que os trabalhadores não são responsáveis pela crise econômica. Reafirma que os trabalhadores da Flaskô não são responsáveis pelas dificuldades de tocar a fábrica e pagar os salários. A responsabilidade é do governo Lula que resolveu governar com a burguesia.

O 28º Congresso da Esquerda Marxista reafirma que os trabalhadores da Flaskô e seus dirigentes são heróis da luta operária contra o capital e pelo socialismo. Vossa resistência de seis anos e meio mostra a toda a classe trabalhadora qual é o caminho da emancipação dos trabalhadores.

Por isso, o 28º Congresso da Esquerda Marxista reafirma o compromisso de continuar resistindo lado a lado com nossos irmãos trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô. Nesse sentido, em nosso Congresso, apoiamos e reafirmamos as campanhas que já havíamos discutido no Encontro Operário e Popular, de dezembro de 2009, como parte de nosso combate para continuar resistindo. Vamos desenvolver a campanha para que a Prefeitura de Sumaré aprove uma Declaração de Utilidade Pública da fábrica, da Fábrica de Esportes e Cultura e da Vila Operária e Popular.

Vamos combater a criminalização de nossa luta que se expressa nos processos e ameaças contra nossos companheiros Serge Goulart, Carlos Castro, Chico Lessa e Pedro Santinho apresentando projetos de lei e articulando todos os movimentos sociais atacados.

Camaradas trabalhadores da Flaskô mantenham a cabeça erguida, os olhos no horizonte socialista da humanidade, continuem firmes e unidos com toda a classe trabalhadora e tenham a certeza de que hoje, mais do que nunca, continuamos juntos até o final!

28º Congresso da Esquerda Marxista
Ibiúna, 31 de janeiro de 2010

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