CAMARADA ZÉ MATOS, PRESENTE!!!!

Nosso grande camarada Zé Matos (José Basílio de Matos) nos deixou. Estive com ele nos seus últimos dias, agonizando em consequência de um câncer no pulmão.

“Há aqueles que lutam um dia; e por isso são bons; 

Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;

Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;

Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis”.

(BERTHOLD BRECHT)

Nosso grande camarada Zé Matos (José Basílio de Matos) nos deixou. 

Estive com ele nos seus últimos dias, agonizando em consequência de um câncer no pulmão.

Quando falei à ele sobre a greve dos servidores de Joinville, e que estávamos crescendo na juventude, vi seus olhos brilharem, aquele olhar do guerreiro ávido por uma batalha.

Quando começamos a greve na Cipla onde culminou na sua ocupação pelos trabalhadores, eram 6 horas da manhã e “Seu Zé Matos” já estava armando as famosas barracas que ele trazia da AVAJO (Assoc. Vendedores Ambulantes) com fogão, e todo equipamento. Para fazer um gostoso cafezinho e esquentar a água para o chimarrão.

Quando os Artesãos de Joinville foram expulsos pela PM na Rua do Príncipe, o incansável Zé Matos foi preso três vezes. Levavam ele até a delegacia e logo ele já estava de volta defendendo seus companheiros.

Nosso camarada esteve presente nos momentos históricos da classe trabalhadora brasileira, na fundação do MST, do PT e tantos outros movimentos criados pelos próprios trabalhadores.

Um dia ele confessou que num momento em que se encontrava frustrado com os caminhos traçados pela direção do PT pensou baixar as bandeiras, aí encontrou na Esquerda Marxista e seus militantes a continuidade da luta pelo socialismo. Decidiu não abandonar a luta. Seu Zé era um socialista convicto e um marxista a sua maneira como ele sempre me confidenciava, longe dos olhares de sua companheira e seus filhos, sempre temerosos dele se tornar um comunista (rs).

Seu Zé Matos é um soldado que fará falta em nossas fileiras, sempre em que nos encontrávamos cansados dos enfrentamentos com a burguesia e seus aliados, bastava olhar para aquele senhor de quase 70 anos firme e forte, sem demonstrar um sinal de desanimo, apesar do coração cansado, e do câncer que já dava sinal de sua existência. Era o suficiente para não desanimar. Para nós que tivemos o privilégio de tê-lo em nossas fileiras, fica o orgulho e as históricas batalhas que tivemos ao seu lado…

Para aqueles que tiveram nele um farol na defesa dos seus direitos, como os ambulantes, artesãos, sem tetos, sem terras, trabalhadores e jovens, fica o exemplo a ser seguido. Para sua família, companheira, irmãos, filhos, netos e bisnetos fica nosso agradecimento por ter cedido seu Zé Matos à classe trabalhadora uma boa parte de sua vida.