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Bolsonaro prepara seu ministério de assalto (sem trocadilhos!)

“Nós, pequenos artesãos burgueses, que trabalhamos com o bom e velho pé-de-cabra, as modestas caixas dos pequenos comerciantes, estamos sendo engolidos pelos grandes empresários, atrás dos quais estão os bancos. O que é uma gazua comparada a uma ação ao portador? O que é o assalto a um banco comparado à fundação de um banco?”
(A Ópera dos Três Vinténs, Bertolt Brecht, 1928)

Paulo Guedes, provável ministro da Fazenda se Bolsonaro ganha as eleições, se formou em Chicago, EUA, como um ultraliberal e lá fazia parte do grupo que veio de Chicago para “remodelar” a economia do Chile, durante a sangrenta ditadura de Pinochet. Foram chamados de “Chicago Boys” e literalmente destroçaram uma das economias mais desenvolvidas da América do Sul e com um nível de vida muito alto, o Chile.

Ele seria o coordenador da equipe econômica do governo de Bolsonaro que seria montada com gente que que atua em bancos, teles e gestoras de investimento, ou seja, os especuladores vampiros do mercado financeiro. Macri, na Argentina, fez o mesmo e já se viu para onde foi o país. Carlos Menem tinha escancarado as portas dos principais cargos do governo para três homens do mercado financeiro. Macri não deixou por menos e botou 27 executivos de Wall Street para dirigir todos os ministérios importantes.

A lista de Paulo Guedes e Bolsonaro começa com Alexandre Bettamio, presidente-executivo para a América Latina do Bank of América (que vive em Nova York), João Cox, presidente do conselho de administração da TIM, e Sergio Eraldo de Salles Pinto, da Bozano Investimentos (gestora de investimentos presidida por Guedes).

Outros são Maria Silvia Bastos Marques, presidente-executivo da Goldman Sachs no Brasil e ex-presidente do BNDES nomeada por Temer, e Roberto Campos Neto, diretor do Santander e neto do ex-ministro da ditadura brasileira, Roberto Campos.

São chamados de “liberais autênticos” e seu programa é privatizar todos os serviços públicos, a Previdência, acabar de destruir os atuais direitos trabalhistas e lubrificar os canais do Tesouro Nacional para injetar ouro líquido no bolso de banqueiros e especuladores através dos mecanismos das Dívidas Interna e Externa, e outros inconfessáveis. Como o time de Macri está fazendo desde os primeiros meses de governo.

Essa equipe de abutres é “profundamente desinteressada e só pensa no bem do Brasil”. Vão ganhar salários muito menores do que na iniciativa privada, mas são “idealistas” e só querem ajudar a implantar a agenda ultraliberal “pelo bem do povo”, sob as bênçãos de Deus, que obviamente não está no controle, apenas segue as ordens de Wall Street!

Os assaltantes do setor privado teriam como parte da quadrilha Fábio Abraão, da especuladora Infra Partners, especialista em logística e infraestrutura, e com Roberto Castello Branco, ex-executivo da Vale que “traria a sua experiência no setor de mineração e de óleo e gás”. Ainda pode vir Salim Mattar, bilionário dono da Localiza, que apoiou o Partido Novo (Amoedo). Além de Eduardo Mufarej, investidor e que agora se dedica a tentar criar novos quadros de direita através de uma fundação política chamada RenovaBR. Nesta eleição, o RenovaBR elegeu 16 de 120 candidatos. Imaginem os tipos.

Segundo Salim Mattar declarou ao Estado de SP, essa turma é atraída pela “agenda disruptiva oferecida por Bolsonaro e Guedes, que prometem aos interlocutores fazer uma gestão técnica e apartada dos políticos, diferente daquela empregada pelos partidos que ocuparam a Presidência”. Ou seja, sem bandeira e sem partido. Apenas trabalhando duro para manter o capitalismo, inflar ainda mais a bolha da especulação financeira, roubar tudo o que puder e aprofundar a exploração e a opressão.

E como Bolsonaro quer “varrer o velho e trazer o novo”, o empresário explica que “pretende ainda entregar a Guedes uma lista com dezenas de nomes que poderiam ocupar vagas no segundo e terceiro escalão do governo, caso seja necessário”. Lotear o aparelho de Estado não entre políticos, mas entre banqueiros vampiros e ladrões profissionais, não esses amadores que andaram por aí nas últimas décadas.

Ele diz cinicamente: “Há muitas pessoas que têm capacidade de trabalhar no governo e gostariam de contribuir.” E para provar que “tudo será novo” e “o Brasil consertado”, Bolsonaro e Paulo Guedes pretendem manter membros da atual equipe econômica de Temer, como Ilan Goldfajn, na presidência do Banco Central. Esse homem, que já esteve no governo FHC, em janeiro de 2018, foi escolhido como “o melhor banqueiro Central do Mundo” pela revista britânica “The Banker”, do grupo Financial Times.

Ou seja, um dos que preparou o desastre atual em que temos 13 milhões de desempregados e mais 13 milhões subempregados ou que desistiram de procurar trabalho e em que a economia do Brasil continua afundando.

Wall Street sempre sugou o sangue e o suor da classe trabalhadora brasileira. Agora estão se preparando para vir buscar o corpo. A briga vai ser dura e feia. Mas, nós somos milhões e não se pode enganar ou reprimir todo mundo o tempo todo. Eles vão perder esse assalto para a classe operária brasileira que saberá se livrar dos pelegos que controlam as organizações de massa da classe.