Base Nacional Curricular: Cerveja, fast food e educação

Os verdadeiros interesses do homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, sócio da AB InBev, na discussão da Base Nacional Comum Curricular.

Esqueça o folclórico Silvio Santos. E o vaidoso Eike Batista. O homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em U$ 25 bilhões de dólares, é o discreto sr. Jorge Paulo Lemann. Mas sua figura pública, reservada, contrasta com a volúpia de seus negócios. Provavelmente, nesse mês você já contribuiu para esse senhor ficar um pouquinho mais rico. Ele é um dos sócios da maior cervejaria do mundo, a AB InBev (com as marcas Stella Artois, Budweiser, Corona, Skol, Brahma, Bohemia, Antarctica, Polar, Norteña, Bud Light, Quilmes). Não bebe? Então basta ter consumido qualquer produto Lacta, Royal, Tang, Trakinas e Trident. Nosso bilionário está por trás da fusão da empresa Heinz (que já lhe pertencia) com a Kraft Foods, dona das marcas listadas. O resultado: a quinta maior empresa de alimentos e bebidas do mundo. De quebra, ele também tem participação acionária na rede de fast food Burger King.

Mas onde entra a educação nisso tudo? Já ouviu falar da Fundação Lemann? Experimente buscar Base Nacional Comum no Google. Provavelmente, o primeiro anúncio que vai aparecer nos resultados é o endereço eletrônico dessa organização. A fundação Lemann é uma das principais participantes do Movimento pela Base Nacional, dividindo espaço com outras organizações mais conhecidas, como Fundação Roberto Marinho, Instituto Ayrton Senna, Instituto Natura e Instituto Unibanco. Mas essa discrição não deve durar muito. Milhares de professores já curtiram seus vídeos nas redes sociais, mostrando casos de “sucesso” na educação pública, como a Escola Miguel Antônio de Lemos, em Pedra Branca, no Ceará.

Como bom capitalista, nosso Mr. Lemann não dá ponto sem nó. Vê oportunidades lucrativas na educação pública brasileira. Sua fundação promete “contribuir para que o Brasil tenha, até 2018(!!), soluções inovadoras de alta qualidade no cotidiano da educação de 30 milhões de pessoas, mais 200 mil professores capazes de garantir o aprendizado de todos os seus alunos”. E dá-lhe vendas de pacotes de formação para professores.

O governo Dilma e seu ministro da Educação, Mercadante, podem estar confusos sobre que rumos a educação deve tomar até o final do seu mandato. Mas não se preocupem. Basta perguntar ao Mr. Lemann. Ele sabe.