A política de alianças da direção do PT e de Lula está levando o partido à derrota

A política de colaboração de classes adotada pela direção do Partido dos Trabalhadores tem construído o cenário de uma derrota eleitoral nas principais capitais do país. Essa política coordenada por Lula e Zé Dirceu conduz o PT e a sua base militante à apatia e desmoralização, abrindo caminho para o fortalecimento da burguesia.

A política de colaboração de classes adotada pela direção do Partido dos Trabalhadores tem construído o cenário de uma derrota eleitoral nas principais capitais do país. Essa política coordenada por Lula e Zé Dirceu conduz o PT e a sua base militante à apatia e desmoralização, abrindo caminho para o fortalecimento da burguesia.

Em Recife, o senador Humberto Costa, que foi imposto por intervenção do Diretório Nacional contra a vontade da maioria dos petistas recifenses, caiu para 25% das intenções de votos. Depois de pouco mais de dois meses de campanha,  o candidato do PSB, Geraldo Júlio, saltou de 16% para 33% na pesquisa divulgada em 3 de setembro, ultrapassando o PT que estava na primeira posição até a DNPT destituir o candidato eleito pelos filiados, o atual prefeito João da Costa, e impor Humberto.

Em Fortaleza, o candidato Moroni Torgan do DEM, está com 26% das intenções de voto enquanto o candidato do PT, Elmano de Freitas, está com 13%, sendo que a prefeitura do PT é atualmente dirigida por Luizianne Lins, da DS.

Em Salvador, ACM Neto está com 40% das intenções de voto, e o petista Nelson Pelegrino, com 16%.

Em Belo Horizonte, a candidatura do petista Patrus Ananias não supera os 30% contra os 46% de Marcio Lacerda do PSB que está ao lado de Aécio Neves. Consequência da política de apoio do PT ao mesmo Lacerda em outras eleições.

Em São Paulo, a candidatura de Haddad, candidato decidido por Lula, patina para subir nas pesquisas. A entrada de Maluf na aliança, abraçando Lula e Haddad, causou profundos estragos no ânimo dos militantes petistas. Apesar do peso do aparelho do PT, da aparição de Dilma e Lula na campanha, a candidatura de Haddad não decola e está com 17% das intenções de voto, atrás de Serra (20%) e de Russomanno (32%). Haddad, Lula, Dilma, e agora Marta, que ganhou um ministério para trocar de ideia, lutam para tentar ir para um segundo turno. Zé Dirceu, meio em pânico, declara em seu Blog, tentando acertar uma tática de salvamento: “Está mais do que evidente que nesta fase da campanha eleitoral, nosso objetivo deve ser nos concentrarmos ao máximo, sem qualquer dispersão, para a ida do nosso candidato Fernando Haddad (PT-PCdoB-PSB-PP) para o 2º turno. Nossa disputa agora, não pairam dúvidas, é com o candidato tucano a prefeito José Serra (PSDB-DEM-PSD-PV), e não com o do PRB, ex-deputado Celso Russomano.

Em Porto Alegre, Villaverde, do PT, está com 7% das intenções de voto. A candidata do PCdoB (Manoela D’Ávila) com 30% e José Fortunati, do PDT, está com 41%.

Em Florianópolis, o PT é vice do PCdoB, que sempre foi um partido nanico na cidade. 

Em Belém do Pará, o petista Alfredo Costa tem apenas 3% do total de votos, em quinto lugar. Edmilson Rodrigues, do PSOL, está com 47% junto ao eleitorado. 

No Rio de Janeiro, o atual prefeito Eduardo Paes, do PMDB, está com 54% das intenções de voto novamente apoiado pelo PT, que tem o vice na chapa. Parte significativa da base do partido, recusando-se a fazer campanha para o PMDB, migrou para apoiar o candidato do PSOL (Marcelo Freixo), que cresceu 8% desde a primeira pesquisa em 21 de julho chegando aos 18%.

Em Curitiba, o PT abriu mão de candidatura própria e saiu como vice de Gustavo Fruet, ex-PMDB, ex-PSDB e atualmente no PDT do latifundiário e líder da UDR o ex-senador Osmar Dias, ex-PP, ex-PSDB. Fruet está em terceiro lugar.

Em Campinas, Jonas Donizette (da coligação do PSB com o PSDB, DEM, PPS, PCdoB, PSC, PHS, PTB e PTC) tem 50% das intenções de voto e Marcio Pochmann, do PT, tem 8%. Donizette, assim como Ducci, do PSB em Curitiba, colocaram Dilma no programa eleitoral. E a presidenta, que formalmente é do PT, fica quieta. 

No Senado e na Câmara Federal a burguesia aprova sem parar os projetos enviados pelo governo Dilma, contra os interesses dos trabalhadores, com privatizações, benesses do BNDES aos empresários, cortes no orçamento, mantendo a miséria do salário mínimo e preparando outra reforma da Previdência. 

Essa política de alianças, outrora apresentada como a razão das vitórias eleitorais agora mostra a sua cara. Quando o PT estava forte e com a militância nas ruas o partido tinha candidatos e se impunha ganhando eleições. Foi assim que chegou à presidência. Mas, esta política de colaboração de classes e de subordinação do PT aos interesses dos capitalistas corrói o partido, desmoraliza e afasta a militância. Assim o partido se enfraquece e com o aprofundamento desta política o PT, cada vez mais, joga um papel subordinado, inclusive nas eleições. O resultado é mais fraqueza e uma colheita de derrotas vergonhosas para o partido que pretende estar governando o país. Sim, pretende, pois quem governa de fato são os capitalistas.

A maioria da classe trabalhadora ainda olha Lula e os dirigentes reformistas como os seus líderes e até agora lhes concedeu um enorme crédito. Mas a chegada da crise, o endurecimento dos cortes, o aprofundamento da colaboração de classes, tem deixado claro para parcelas cada vez mais amplas da classe que essa política só nos conduzirá a derrotas trágicas.

O grande problema é de que à esquerda desta política não há alternativas. O PCdoB é um partido completamente sem princípios e integralmente enfeudado à política da burguesia. O PSOL, dirigido pela antiga corrente petista, Força Socialista, pratica a mesma política de Frente Popular da direção do PT e se embandeira na “Ética na política” como modernos moralistas. É uma caricatura e vive uma crise nacional desagregadora, inclusive com Heloísa Helena declarando que sairá do PSOL para se juntar a ex-senadora, Marina Silva, do PV, para construir outro partido em 2013. O PSTU continua uma seita que combina esquerdismo infantil com oportunismo (vide o acordo de capitulação assinado pelo sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos, após manobrar contra a mobilização e a greve, em que a GM colocará 940 funcionários em layoff (suspensão temporária de contratos de trabalho) por quase quatro meses e abrirá novo Programa de Demissões Voluntárias para reduzir o quadro de funcionários na fábrica de São José dos Campos). O PCO é uma seita ultra-esquerdista inútil. E o PCB, além de muito pequeno, sofre de um problema crônico que é sua incompreensão do que foi o PCB, o estalinismo, e o caráter do PT e suas relações com as massas trabalhadoras. Isso é o que o coloca numa posição marginal e incapaz de desenvolver uma política de Frente Única.

O lugar dos marxistas segue sendo ao lado da classe operária. Combatemos em suas organizações, pelas reivindicações e bandeiras do proletariado, ajudando-o para que realize sua experiência com a direção colaboracionista. Nossa linha é a da mobilização independente, luta pela Frente Única contra o capital, contra o imperialismo.

Como diz a resolução política do 29º Congresso da Esquerda Marxista: “nossa tarefa é construir, no combate contra os patrões e seu Estado, na luta contra o oportunismo e o esquerdismo, a organização política marxista que o proletariado precisa para defender sua existência e finalmente se emancipar do capital, para uma revolução proletária vitoriosa”. Isto significa neste momento batalhar para organizar cada contato, cada simpatizante, para as fileiras da Esquerda Marxista com o objetivo de construir uma organização revolucionária de massas.