A luta pela unidade dos trabalhadores

O combate contra a divisão das entidades sindicais

Já no Manifesto Comunista (1848), Marx e Engels explicam que o resultado de cada combate da classe trabalhadora é a sua maior organização. Em mais de 150 anos de combate, a classe construiu organizações poderosas para defender seus interesses econômicos: os sindicatos. Entretanto, hoje, vemos um movimento que vai no sentido de divisão dos sindicatos e das centrais sindicais. Quais as causas disso?

Se olharmos os sindicatos no final dos anos 90, um pouco antes do início do século XXI, vemos que na América pontuam as centrais sindicais unitárias e na Europa as centrais organizadas “pelos partidos” e pela igreja católica. No âmbito mundial, a CIOLS (Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres) firma-se como uma central que organiza a maioria das centrais nacionais “dos partidos de esquerda” e a CMT (Confederação Mundial do Trabalho) organiza as centrais “cristãs”. A antiga FMT, organizada pelo estalinismo, agoniza. Um duplo movimento começa a acontecer.

De um lado, uma “unificação” mundial entre CMT e CIOLS leva a constituição de uma nova central “sindical” mundial, acontecido no ano passado, central baseada na “cooperação” com os organismos mundiais, em particular com a ONU e o Banco Mundial. De outro, a divisão começa a acontecer nas centrais americanas, a começar na AFL-CIO (central sindical norte-americana).

Este movimento não veio à toa. Ele foi estimulado e ajudado pela pressão patronal. É no momento em que a AFL-CIO consuma sua divisão que os planos das grandes montadoras de automóveis nos EUA (GM e Ford) de fechamento de fábricas e demissões massivas são concretizados. Todos eles feitos com acordos com os sindicatos, acordos de “acompanhamento social”, conforme preconiza a nova central sindical mundial (inspirada pelo Banco Mundial). Este movimento não poderia passar em branco no Brasil.

As centrais sindicais no Brasil

No Brasil, a CUT foi construída contra a ditadura militar e contra as leis que atrelavam o sindicato ao Estado. Inicialmente construída pelo PT, teve depois a adesão de outros partidos de esquerda. A constituição de 88 deixou os sindicatos numa situação de semi-liberdade, semi atrelamento: valia a “liberdade de organização” desde que fosse respeitada a unicidade sindical e, além do imposto sindical, outras contribuições vieram se juntar, como a “contribuição confederativa”. Toleradas mas não “legalizadas”, ou seja, sem poder de representar judicialmente, sem poder de assinar acordos sindicais, nascem “outras” centrais sindicais, a principal delas a Força Sindical, constituída a partir do PSDB (com verbas do FAT e do BNDES). A CUT reunia os partidos “de esquerda”, e outras centrais (FS, SDS, CGT) reúniam os partidos da burguesia ou pequeno-burgueses. Mas, exceção feita ao sindicato dos metalúrgicos de SP e alguns outros, a maioria dos sindicatos importantes era filiada à CUT.

O Século XXI e a divisão que se nota nas cúpulas, a pressão da burguesia que levou a direção do PT a assumir uma posição pró burguesa, criaram o caldo de cultura “necessário” para que a divisão da CUT começasse. Inicialmente, o PSTU lança o “Conlutas”, mais que “uma central sindical”, aceitando outros movimentos sociais dentro. Depois, o PSOL lança a Intersindical e, agora, a CSC começa a discutir a sua “relação” com a CUT. Os diferentes protagonistas podem pensar que nada tem a ver com o movimento que levou à fusão da CIOLS com a CMT e a divisão da AFL-CIO nos EUA. Mas a pressão da burguesia é a mesma e o resultado é o mesmo: divisão da classe trabalhadora.

Vários sindicatos importantes, particularmente de servidores, saíram da CUT. Mas dezenas de sindicatos, a maioria operária, filiou-se a CUT. O papel dos marxistas é ajudar os trabalhadores a entender que não adianta deixar um sindicato ou uma central sindical construída na luta de classes. Trata-se de combater para organizar-se e tomar a direção dos burocratas que fazem do sindicato, da federação e da central um ponto de apoio ao governo. Se cada um pensar que por divergir da direção do sindicato deve sair do sindicato, a unidade dos trabalhadores será rompida. Quando ainda era Presidente da CUT, antes de ser Ministro, Marinho declarou em uma plenária que aqueles que queriam sair da CUT “já iam tarde”. Estava no seu papel, já que, para a burocracia, quanto menos base filiada a um sindicato, melhor para eles manterem o controle (ou não vemos isso em todo sindicato pelego?). Mas os que se comportam como base atrasada e saem, estes só servem como auxiliar para Marinho, mesmo que involuntariamente. Nós continuamos o nosso combate pela unidade de todos na CUT, para reverter o rumo adesista tomado pela direção da Central.

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