A crise no alto e as barricadas nas ruas

No alto, os funcionários a serviço da burguesia não conseguem se entender. No Rio de Janeiro, os servidores sustentam uma luta de mais de 6 horas contra a PM para impedir a perda de seus direitos.

No alto, os funcionários a serviço da burguesia não conseguem se entender. O ministro Marco Aurélio Garcia do STF autorizou uma liminar afastando o presidente do Senado federal Renan Calheiros do seu cargo. No Rio de Janeiro, os servidores sustentam uma luta de mais de 6 horas contra a PM para impedir a perda de seus direitos.

Renan, que conduziu a sessão de rendição abjeta do Senado na prisão de Delcídio Amaral, resolveu se tornar o paladino da defesa da independência dos poderes e reúne a mesa diretora dessa instituição para fazer uma nota na qual não aceita a decisão do ministro.

A confusão no alto aumenta e o presidente do PT desembarca em Brasília para convencer o vice-presidente do Senado, senador Jorge Viana, a não colocar a PEC 55 na pauta de votação. O parlamentar, por sua vez, reúne-se com a mesa e depois com o ministro Marco Aurélio.

A presidente do STF, Cármem Lúcia, decide colocar a liminar no primeiro ponto da pauta desta quarta-feira. Renan vai falar com Temer. Ao mesmo tempo, Gilmar Mendes, segundo o colunista Moreno de O Globo, declara que Marco Aurélio deveria ser impedido e afastado do STF.

A vida não está fácil para ninguém e Marco Aurélio pede que a sua liminar seja aceita pelo plenário do Senado. Se podemos dizer algo de tudo isso, é que todos eles são responsáveis pelos maiores crimes contra o povo e merecem, todos, o mais veemente nojo e repúdio de todos os trabalhadores.

Contudo, não concordamos com o “direito” de um juiz que ninguém elegeu destituir qualquer autoridade eleita. E isso sem nenhuma simpatia pelo coronel das Alagoas. Este tipo de decisão se torna cada vez mais frequente, como por exemplo uma liminar de um juiz de Brasília que manda a PM utilizar todas formas para desocupar uma escola com autofalantes em som alto que impeça os estudantes de dormir! A PM, afinal, se mostrou mais “civilizada” que o sr. juiz e negociou a saída dos estudantes, ao invés de usar a tortura autorizada pelo magistrado! Triste país aonde a PM é mais civilizada que a Justiça.

Na verdade, essa decisão do juiz é consequência direta do papel que se auto assume o Judiciário, como um bonapartismo acima das leis e “conectada” com as ruas, a ponto da presidente do STF dizer que podemos ir à guerra. Mas quem foi à guerra não foi o STF, nem o Senado com suas declarações contundentes. O que se viu foram os servidores levantarem barricadas, sofrerem tiros de bala de borracha, inclusive do alto de uma igreja, e verem parte da tropa da PM – 12 dizem os manifestantes – mudarem de lado.

Sim, Temer teve coragem de encaminhar a sua proposta de destruir a Previdência e penalizar trabalhadores de uma maneira não vista. Para ter aposentadoria integral, o tempo de trabalho e contribuição será de 49 anos! Isso quando os trabalhadores mais pobres – 44% do total – começam a trabalhar antes dos 14 anos. Sem registro porque trabalhar antes dos 14 é ilegal, e a maioria continua a trabalhar sem registro depois dos 14 anos.

A questão é: se as barricadas foram erguidas por causa um pacote bem menos agressivo do que o levado a diante pelo governo Temer e o Congresso Nacional, qual será a resposta geral dos trabalhadores com essa proposta em nível nacional?

Eles brigam lá no alto. Aqui embaixo algumas barricadas começaram a ser erguidas. E 2017 fazem 100 anos da revolução russa. Os trabalhadores saberão o exemplo a seguir.