A crise mostra a cara: cortes e demissões

Após a vitória eleitoral arrancada pela militância, que foi às ruas para barrar a volta da direita, o governo Dilma agora anuncia medidas amargas para a classe trabalhadora e a juventude. Prepara-se um amplo ataque aos direitos e conquistas.

Após a vitória eleitoral arrancada pela militância, que foi às ruas para barrar a volta da direita, o governo Dilma agora anuncia medidas amargas para a classe trabalhadora e a juventude. Prepara-se um amplo ataque aos direitos e conquistas.

Para seguir a lógica capitalista, de submissão aos interesses da burguesia e do imperialismo, essas medidas são absolutamente necessárias em meio à crise. A pergunta que fica é: foi para isso que esse governo foi eleito?

A crise e as contas públicas

A necessidade de cortes nos gastos, o chamado ajuste fiscal, é mais um aspecto da crise econômica que se aprofunda. Se a economia desacelera (nesse ano o crescimento deve ficar próximo de zero), o governo arrecada menos, os juros sobem e as contas não fecham, é preciso reduzir despesas, excetuando-se, do ponto de vista deles, os juros.

As receitas cresciam a um ritmo de 9% até 2011, mas agora está na casa de 1%. O déficit público deve chegar a 5% do PIB em 2014, o pior resultado desde 2003.

Mas para a dívida…

A maior despesa do orçamento federal é o pagamento de juros e amortizações da dívida pública (42,04% do orçamento de 2014). Sendo que a maior parte dos credores são os bancos internacionais.

No orçamento apresentado pelo governo para 2015, ao contrário de outras áreas, há um aumento da fatia prevista a ser gasta com a dívida pública. 47% dos recursos devem ser consumidos pela dívida, no total, R$ 1,356 trilhão, o que corresponde a um aumento de 35% em relação à previsão de 2014.

Este valor representa 13 vezes mais que os recursos previstos para a saúde, 13 vezes mais que os recursos previstos para educação, 54 vezes os recursos previstos para transporte.

Os números revelam a completa submissão do governo aos capitalistas. Enquanto para a maioria do povo, as migalhas.

E chega o desemprego

A Agência Reuters, em 22 de agosto noticiava que: “as demissões não são novidades na indústria, desde o ano passado, postos de trabalho têm sido cortados em vários setores (..) grandes empresas no Brasil estão demitindo funcionários”. E explicava que isso estava ocorrendo desde o setor têxtil até o siderúrgico “por causa do fraco crescimento econômico, da inflação alta e do dólar baixo”, e acrescentava: “Mas agora as demissões já alcançam setores como o comércio, construção e indústria de alimentos, que estiveram entre os maiores geradores de emprego ao longo da década passada (..)”.

O setor de vendas no varejo, de janeiro a março de 2014, liquidou 78 mil empregos e agora a onda de demissões chega ao setor de produção de máquinas agrícolas e da construção civil.

Segundo dados do IBGE a taxa de desemprego caiu. Mas isso esconde a realidade a partir de uma maquiagem dos números. O que eles contabilizam são as pessoas que estão procurando emprego, com isso, são descartados do cálculo aqueles que desistiram de procurar emprego.

A realidade fica evidente quando cruzamos a taxa de desemprego com a redução dos postos de trabalho. O CAGED, em junho deste ano, anunciava que o Brasil teve o pior desempenho na geração de empregos nos últimos 15 anos.

Tudo isso está ocorrendo inclusive nos setores onde o governo aplicou desonerações e incentivos. O que mostra o quanto é falso o argumento de que essas bondades aos capitalistas protegeria os trabalhadores.

As fábricas montadoras de veículos receberam fartos benefícios governamentais, redução de impostos e crédito mais barato. Neste setor, entre janeiro e julho, ocorreram cortes de mais de 5% de sua mão de obra e seguem ocorrendo os programas de demissões voluntárias e férias coletivas.

Contra a direita, por mais direitos, o caminho é a luta! 

Nesta situação, a burguesia não tem dúvidas: aumenta o ataque ao governo, com a intenção de sangrar ainda mais os trabalhadores e, se for possível, derrubar o governo e instalar o seu governo direto. A exploração política do escândalo de corrupção na Petrobras é um exemplo disso. E Dilma, ao invés de combater a corrupção colocando as empresas estatais sob o controle dos trabalhadores, através de representantes eleitos pelos próprios trabalhadores, tece loas à Policia Federal, órgão criado na ditadura e que só serve à repressão política.

A Esquerda Marxista desde há muito vem explicando que a crise se avoluma, que as medidas do governo e a aliança de classes preparam ataques à nossa classe e que a proposta da Reforma Política nada resolverá nas questões mais candentes da juventude e dos trabalhadores. As medidas que a direção do PT, Dilma e Lula devem tomar, nós apontamos na Carta Aberta (leia em www.marxismo.org.br ou no Foice & Martelo 63)

Lançamos na edição anterior a proposta de constituição de uma Frente da Esquerda Unida para lutar pelas reivindicações nas ruas e construir uma saída política para o futuro da classe trabalhadora. Convidamos todos os que seguem na luta pela independência de classe e pelo socialismo, a discutirem essa proposta conosco. Ao combate!