China: Escândalo do leite em pó expõe falhas do sistema

Capitalismo na China faz mais vítimas. E desta vez são bebês!

Duas crianças já morreram, e o número daquelas que ficaram doentes agora subiu para 1253. A empresa chinesa Shijiazhuang Sanlu Group, que é responsável pelo lançamento do produto no Mercado é suspeita de tentar encobrir a contaminação após sua descoberta. Agora eles tentam desviar a atenção de si mesmos culpando famílias individuais de fazendeiros de contaminar o leite diluindo-o e adicionando o produto químico Melamina para que passasse pelas checagens de qualidade. A adição de melamina faz com que o nível de proteína dos produtos leiteiros apareça maior do que é. Qualquer que seja a verdade da situação, parece claro que o que está no fundo de tudo isso é a procura pelo lucro que governa o capitalismo.

O grupo Sanlu parece mais do que feliz em culpar produtores individuais de menor-escala pela crise, enquanto, até agora, não fornece qualquer evidência real que suporte essa alegação. É muito mais conveniente para eles culparem pequenos camponeses do que ter a raiva pública dirigida contra empresas privadas e estatais, trazendo à tona questões como corrupção e perigos que aparecem com as privatizações. Entretanto, supondo que tal acusação seja verdadeira, o que será que move pequenos camponeses a tal radicalismo colocando em risco as vidas de inúmeros bebês? Condições desesperadas requerem ações desesperadas. Uma questão, no entanto, que deveria ser levantada é: Por que uma das maiores empresas de laticínios do país não tem um controle de qualidade adequado? Por que o governo permitiu que esses produtos fossem para o mercado e por que demorou tanto para que recolhimento (recall) dos produtos fosse feito?

O grupo Sanlu é uma empresa mista – parte propriedade do estado, parte privada – com participação da Fonterra Cooperative Group, uma exportadora de laticínios da Nova Zelândia, dona de 43% das ações. Sendo uma das maiores empresas de Heibei, e uma das maiores empresas de laticínios do país, qualquer um poderia supor que ela seria capaz de bancar os equipamentos de controle de qualidade mais atuais disponíveis. Entretanto, não foi esse o caso. Foi somente após a empresa começar a receber reclamações logo em Maio que foi decidido que eles deveriam se precaver e compraram equipamentos estrangeiros. Eles poderiam, claro, já ter esse equipamento, mas decidiram guardar a despesa até que os problemas começassem. Se a empresa fosse de propriedade social e controlada pelos trabalhadores, tal descuido com a segurança pública não teria ocorrido, especialmente quando vidas de jovens crianças estão em questão.

Era para o governo ter implementado um novo regimento de segurança de alimentos após o incidente com alimentos para animais de estimação há menos de um ano, mas parece que nada mudou. Agora vem à luz que o governo também tinha conhecimento bem antes do recolhimento dos produtos ser emitido. Oficiais de saúde da província de Gansu reportaram que crianças que consumiram a fórmula láctea infantil contraíram uma doença rara nos rins, mas o governo não conduziu uma investigação de saúde alimentar após receber os produtos. Desde que a corrupção entre burocratas se tornou excessiva, não é loucura pensar que a empresa simplesmente subornou-os para evitar a inspeção da fórmula que eles já sabiam estar contaminada.

A economia não-planejada do capitalismo, que tomou conta e é sustentada pelo governo, é largamente responsável pelas questões de segurança em produtos que assolam a China. A ação de capitalistas buscando aumentar seus lucros em detrimento das vidas dos trabalhadores e de suas famílias é a razão para essas tragédias desnecessárias. Se essas empresas fossem de propriedade social e controladas pelos trabalhadores, eles não permitiriam que tais condições existissem, porque são suas famílias que correm risco. Eles insistiriam na melhor qualidade para as suas famílias e se certificariam que os produtos estivessem seguros para consumo. A corrupção do governo, que também exerce um papel importante em tudo isso, deve ter um fim, mas somente o terá através de um sistema democrático dos trabalhadores, no qual oficiais são eleitos pelo povo e revogáveis, e no qual eles não recebem qualquer benefício pela sua posição.

Terça-feira, 16 de setembro de 2008

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