Por uma candidatura própria do PSOL Campinas com um programa revolucionário!

Carta Aberta da pré-candidatura a prefeito de Alexandre Mandl para os trabalhadores, jovens e militantes socialistas de Campinas

No final do ano passado, em uma plenária do PSOL Campinas, a Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional, apresentou o nome do camarada Alexandre Mandl à disposição dos filiados para representar o partido na campanha eleitoral para a Prefeitura do município.

Entre outros motivos, tomamos essa decisão porque defendemos que o PSOL, por todo o país, lance candidaturas próprias para as eleições municipais, tendo como principal slogan a luta pelo “Fora Bolsonaro” e pelos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora e da juventude.

Pensamos que as candidaturas do PSOL devem expressar a raiva que se acumula contra esse governo reacionário, mas também devem expressar o desprezo que as pessoas comuns sentem pela apodrecida democracia burguesa, pelo corrupto Congresso Nacional, pelo sistema político-eleitoral e seus partidos e candidatos que só querem o voto do povo, mas que não dão à mínima para o povo após eleito.

As candidaturas devem explicar e denunciar que as difíceis condições de vida e trabalho do povo trabalhador e da juventude são de inteira responsabilidade da crise do capitalismo e de seus governos. A pandemia do novo coronavírus acentuou as injustiças e desigualdades sociais. Bilhões de seres humanos não têm acesso a alimentação, saúde, educação, habitação, saneamento básico, emprego e direitos trabalhistas e toda a riqueza gerada pelos trabalhadores é apropriada por um punhado de bilionários, banqueiros, grandes empresários e magnatas. Está cada dia mais evidente que o sistema capitalista não só é incapaz de satisfazer as necessidades básicas da população, como está conduzindo a humanidade à barbárie.

Portanto, as candidaturas devem ser porta-vozes de um novo regime político, econômico e social e devem aproveitar o tempo das eleições para explicar que só a organização e a mobilização independente dos trabalhadores e da juventude poderá pôr fim a toda exploração, opressão e sofrimento.

E já que o governo federal representa o que há de mais abjeto na sociedade e é um capacho fiel do capital financeiro internacional, é preciso explicar que só a luta pela derrubada de Bolsonaro pode abrir caminho para um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais, um governo socialista.

Portanto, se em cada cidade onde o PSOL estiver forem lançadas candidaturas com esse sentido, sem dúvida o partido crescerá como um novo eixo de independência de classe e terá resultados eleitorais positivos. E é para ajudar nessa tarefa que a Esquerda Marxista apresentou o nome do camarada Alexandre Mandl para disputar a Prefeitura de Campinas!

Alertamos ainda que, sem um autêntico programa revolucionário, de transição ao socialismo, mesmo as candidaturas próprias do PSOL tendem a ser confundidas como “mais uma” do jogo eleitoral, tendem a requentar um programa reformista, adaptado às estruturas e ao regime burguês e, portanto, tendem a ser descartadas pelas massas e pelos trabalhadores e jovens mais conscientes.

Porém, é preciso explicar ainda que a pré-candidatura de Alexandre a prefeito é necessária também porque as principais figuras públicas do PSOL Campinas não se apresentaram para cumprir essa tarefa extremamente importante para a construção de uma alternativa de esquerda na cidade.

As razões que levam essas companheiras e companheiros a abrir mão dessa responsabilidade têm quem ser explicadas por eles próprios, mas do nosso ponto de vista, enxergamos dois problemas principais:

1) O pragmatismo eleitoral, que pressiona alguns dirigentes e correntes a priorizar a busca pelo mandato parlamentar em detrimento da tarefa de ser o porta-voz do programa do PSOL para o Executivo municipal.

2) A linha política “em defesa da democracia” conduzida por alguns dirigentes e correntes do PSOL que leva a uma tática de frente ampla ou “frente de esquerda” e a uma coligação eleitoral com outros partidos do chamado “campo de esquerda”.

Esse segundo ponto, na verdade, é o maior problema no PSOL Campinas (e que expressa a linha política da direção majoritária do partido em nível nacional e estadual).

Em uma votação apertada (15 a 14), o Diretório Municipal no último dia 07 de julho, aprovou uma resolução que indica o interesse do PSOL Campinas em se coligar com o PT e PCdoB e de ser vice numa chapa encabeçada pelo PT. Apesar de estabelecer um calendário de debates entre os pré-candidatos a prefeito do PSOL nos próximos dias, quem vai dar a última palavra sobre isso, se o PSOL deve ter candidato próprio ou se faz coligação com o PT, não serão os filiados, através de um Congresso, Convenção ou mesmo numa votação direta, mas o próprio Diretório (que já demonstrou qual seu real interesse).

Pelos motivos expostos nessa carta, somos contrários a uma aliança eleitoral com o PT e PCdoB. Uma coisa é ir às ruas juntos contra o Bolsonaro ou por uma demanda social justa, outra coisa, bem diferente, é unir forças para governar a cidade com quem defende uma política que não resolve os problemas dos trabalhadores e da juventude, com quem defendeu e defende uma política de conciliação de classes, de gerenciamento da crise capitalista e de salvação das apodrecidas instituições da democracia burguesa no Brasil. O PT está totalmente adaptado ao Estado burguês e deixou de ser uma ferramenta para a transformação socialista da sociedade. Já o PSOL, se não quiser ter o mesmo fim, precisa encontrar o caminho da independência de classe e da luta revolucionária.

Convidamos os trabalhadores, jovens e militantes socialistas de Campinas a acompanhar e interagir numa live que estamos convocando para o dia 18 de julho, às 16h, pela página da Esquerda Marxista de Campinas e região no Facebook, onde explicaremos com mais detalhes porque defendemos uma candidatura própria do PSOL Campinas com um programa socialista, de luta pelo Fora Bolsonaro e por um governo dos trabalhadores sem patrões, nem generais e, portanto, porque somos contrários a uma coligação eleitoral com PT e PCdoB. É preciso construir um novo eixo de independência de classe e se aliar aos partidos que defendem conciliação com a burguesia é o oposto disso.

Mas, aconteça o que acontecer na reunião do Diretório no dia 19/7, a Esquerda Marxista continuará seu combate na luta de classes e nas eleições e, desde já, convidamos você a entrar em contato e vir lutar conosco!