Bancários: continuar a greve até alcançarmos as reivindicações!

O 16º dia de greve nacional unificada dos bancários, nos bancos públicos e privados, atingiu a marca histórica de 11.409 agências e locais de trabalho paralisados, superando o número alcançado em 2011 e comparando-se apenas com as greves dos anos 80 (em termos de locais de trabalho fechados).

A greve avançou para o quinto dia útil do mês e sabemos que isso provoca transtornos para a população, apesar da paralisação não alterar o funcionamento dos canais eletrônicos, nem os “correspondentes bancários” (redes autorizadas pelo Banco Central a prestar serviços financeiros que os bancos usam para burlar a lei e terceirizar atividades-fim, como as lotéricas da Caixa e a rede Mais BB, por exemplo).

Mas, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para enfraquecer nosso movimento, aposta na manipulação da opinião pública através da mídia que, com certeza, vai apresentar notícias de trabalhadores e idosos que foram ao banco sacar seus proventos e pagar suas contas e não conseguiram. A verdade é uma só: a responsabilidade por tudo isso é do governo Dilma (que comanda o BB e a CEF) e dos banqueiros, pois viram a greve crescer durante semanas e não convocaram nenhuma rodada de negociação. Somente na última sexta-feira (04/10), a Fenaban resolveu reabrir as negociações, preocupada somente com a imagem dos bancos, pois tripudiou com as reivindicações da categoria. Ofereceu 7,1% de reajuste, um piso salarial que nem chega perto do mínimo calculado pelo DIEESE e mantém as mesmas regras de PLR, sem falar que nem sequer tratou de outras reivindicações relativas à carreira, emprego, saúde, segurança, etc.

Terminada a reunião, o Comando Nacional de Greve, ligado à CONTRAF/CUT, emitiu uma nota dizendo que a proposta dos banqueiros era um avanço, porém insuficiente e afirmou que se reuniria para avalia-la. Após uma hora de espera, com muitos bancários acompanhando e discutindo pelas redes sociais, apreensivos com a possibilidade de o Comando acatar a proposta, veio a orientação de rejeitá-la e continuar a greve.

Esse fenômeno revela dois sinais: primeiro que os bancários estão revoltados com a cara de pau dos bancos em oferecer uma miséria de reajuste, mesmo sendo o setor econômico mais lucrativo do país. Segundo que estão atentos e desconfiados de sua direção sindical: queriam a rejeição imediata da proposta, pressionaram os dirigentes sindicais pela internet e prometiam votar contra nas assembleias, caso o Comando aceitasse o acordo.

É preciso manter essa disposição e permanecermos em greve até alcançarmos nossas reivindicações! É preciso evitar o que alguns companheiros chamam de roteiro pré-estabelecido. Nos últimos anos, na segunda rodada de negociações após a decretação da greve, o Comando acata a proposta da FENABAN e orienta pelo fim do movimento. Sabemos que nada está definido de antemão e tudo depende da mobilização independente dos bancários, da pressão sobre o governo e os banqueiros e da experiência própria da base em relação a seus dirigentes sindicais.

Por isso, é preciso dizer um sonoro NÃO à proposta da FENABAN nas assembleias, continuar a greve e intensificá-la para suportar a pressão das chefias e da mídia. Para tanto, como já afirmamos antes, as assembleias devem ser convocadas não somente para trocar informações e referendar a continuidade da greve e sim para se transformar num espaço que aglutine e garanta a participação de cada um dos presentes nos próximos piquetes e outras atividades de greve.