Assembleia massiva na UFSC contra o Future-se de Bolsonaro

Na noite desta segunda-feira (2/9), mais de cinco mil pessoas participaram da Assembleia Unificada da Universidade Federal de Santa Catarina. Reuniram-se para discutir a tentativa do governo de implantar o programa Future-se na UFSC e deliberar os encaminhamentos necessários diante de um cenário de cortes profundos nas verbas da instituição. Atualmente, a UFSC é uma das instituições federais de ensino que mais se destacam no desenvolvimento de pesquisa no país e no mundo (recentemente, passou a ocupar o 12º lugar em importância na América Latina).

A implantação do Future-se significa a privatização do ensino público superior e a entrega do desenvolvimento da ciência brasileira nas mãos dos interesses do capital privado. A situação se agrava diante do corte anunciado pelo governo federal, que inviabiliza o funcionamento da Universidade a partir de outubro.

FuFature-se

Em julho desse ano, o ministro da educação Abraham Weintraub apresentou o Programa Future-se como forma de remodelar profundamente o ensino técnico e superior brasileiro. Em linhas gerais, o projeto do governo é privatizar o ensino superior público, o que não só legitima a sua política de cortes, mas fere a autonomia das instituições. Se, por um lado, alguns reitores de universidades anunciaram uma resposta positiva em relação ao projeto, por outro, sua implantação efetiva terá que enfrentar a resistência de milhares de estudantes e trabalhadores em educação. Esses não estão dispostos a jogar na lata do lixo um direito conquistado através das lutas históricas da classe trabalhadora e da juventude.

Na UFSC, a reorganização do movimento estudantil tem sido peça-chave na resistência contra a implantação do Future-se, passando por cima, inclusive, do imobilismo da atual gestão do DCE. Diante do anúncio da possibilidade da implantação do programa, diversos movimentos estudantis espontâneos, organizados ou não em centros acadêmicos , surgiram e acabaram por forçar a atual direção a se posicionar e organizar efetivamente o movimento de resistência entre os estudantes. Como resultado da efervescência do movimento estudantil, uma reunião aberta do Conselho Universitário da UFSC foi marcada para esta terça-feira, às 14:00, no Auditório Garapuvu. A Liberdade e Luta/Florianópolis esteve presente e reafirmou sua posição: abaixo o FuFature-se! Por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e para todos!

Cortes de verbas na UFSC podem inviabilizar o seu funcionamento

Na última terça-feira (27/8), a comunidade universitária teve a notícia, divulgada pela Associação de Professores da Universidade Federal de Santa Catarina, que o corte, reflexo da contenção de gastos com educação do governo Bolsonaro, afetará de forma imediata o funcionamento do Restaurante Universitário. Outras consequências serão a suspensão do duodécimo para os Centros de Ensino, o cancelamento da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão, e a extinção das bolsas de estágio e monitoria. No entanto, a situação demonstrou-se ainda mais grave diante do anúncio, por parte da reitoria, da impossibilidade do funcionamento da universidade a partir do próximo mês, diante do cenário de cortes. Tal foi a situação que motivou a realização de uma Assembleia Unificada na noite de ontem, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, que contou com mais de 5.000 pessoas. Participaram estudantes, servidores, trabalhadores terceirizados e comunidade externa.

Após longo e intenso debate, constam dentre os principais encaminhamentos:

  • Abaixo o Future-se!
  • Solidariedade à Universidade Federal da Fronteira Sul! Contra a nomeação do reitor indicado pelo MEC!
  • Contra a demissão dos trabalhadores terceirizados! Pela readmissão de todos os demitidos!
  • Suspensão do vestibular 2020 até que se revertam todos os cortes!
  • Greve geral na UFSC a partir do dia 10 de Setembro! (até dia 10 de setembro os cursos e categorias irão fazer assembleias nas suas bases).
  • Pela construção da greve geral em todas as instituições federais de ensino!

Temos acordo com todas as propostas menos a que pretende suspender o vestibular 2020, impedindo que cerca de 5.000 estudantes ingressem na universidade. Os argumentos para a defesa de tal proposta é que a suspensão do vestibular pressionaria o governo a reverter os cortes e que a universidade não tem condições de infraestrutura e financeiras para funcionar.

Entendemos que o direito de estudar não pode ser usado como barganha contra o governo, que a suspensão do vestibular vai ao encontro da proposta do governo, de restringir o acesso à universidade. Além disso, os trabalhadores do serviço público demonstram o que deve ser feito ao exigirem a realização de concursos públicos. Por mais que as condições de trabalho sejam precárias, só a entrada de novos trabalhadores irá fortalecer o movimento e evitar o esvaziamento do local de trabalho. Da mesma forma, a suspensão do vestibular contribui para o esvaziamento da universidade, facilitando os próximos ataques do governo federal.