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As manifestações de 31 de maio e as direções traidoras

No último domingo (31/5), vimos importantes ações contra os atos bolsonaristas e em apoio aos protestos insurrecionais que ocorrem nos EUA e no mundo contra a violência policial.

Os atos contaram com a presença de torcidas antifascistas, que tomaram a linha de frente dos protestos nas principais cidades. Mesmo apresentando contradições nas palavras de ordem, as manifestações organizadas pelas torcidas tinham o claro interesse de combater o discurso regressista e obscurantista da minoria que apoia o governo.

As contradições das torcidas são expostas pela falta da palavra de ordem Fora Bolsonaro e de reinvindicações transitórias. Porém, devemos fazer uma análise sobre como se desenvolveram esses movimentos no último período, e como são influenciados pelas direções traidoras da classe operária.

Os movimentos espontâneos que ocorrem, em suas contradições, expressam uma dualidade na luta de classes. Os anos de conciliação de classes impostos pelo PT e PCdoB desmobilizaram as lutas dos trabalhadores. Agora, com o aprofundamento da luta de classes exposta pela crise do sistema e da pandemia, os trabalhadores se voltam às direções históricas de luta e se chocam com suas políticas traidoras, ocorrendo assim o desgaste com as mesmas, por isso vemos cada vez mais manifestações espontâneas. 

O segundo ponto é que a força das próprias mobilizações espontâneas, agregando camadas populares amplas sem uma base teórica revolucionária e antissistema, é a sua fraqueza. Elas traçam o caminho à derrota, pois sem um partido revolucionário e um movimento das camadas organizadas dos trabalhadores não existe a possibilidade de dar o golpe mortal na burguesia.

Os dirigentes das torcidas organizadas responderam fazendo o chamado às manifestações, ocupando o espaço vago de forma confusa, alimentando ilusões na democracia burguesa. Contudo, ao mesmo tempo sendo a linha de frente contra aqueles que gritavam em apoio ao governo.

Esse espaço vago que foi ocupado ocorre por conta das traições dos dirigentes das centrais sindicais, estudantis e partidos políticos como PT,  Psol, PcdoB — que quase não se viu atuação, eles meramente apoiaram as manifestações defendendo a “democracia”, mas sem mobilizar suas bases e nem explicar que os problemas que enfrentamos vêm por conta dessa “democracia” capitalista. Essa prática de não mobilizar já é rotineira das direções burocratizadas dessas organizações, visto os ocorridos no 15M e 30M de 2019, em que os trabalhadores e jovens deram uma demonstração de força e empolgação, mas que foi barrada pelos burocratas dessas entidades. 

Os movimentos que ocorreram no domingo passado são expressões da luta de classes. Por mais contraditórias que sejam as palavras de ordem desses espaços, devemos intervir em apoio aos protestos apresentando uma linha revolucionária, apresentar aos trabalhadores, e aos que levantam a consigna de golpe e fascismo, o que de fato é o governo Bolsonaro: um governo candidato a bonapartista. Devemos explicar que um golpe ou autogolpe é improvável por não ter as condições econômicas e políticas para tal, como exposto no texto publicado em nosso site

Devemos estar presentes em todas as lutas contra o capital, expressando nosso total apoio ombro a ombro com cada trabalhador. Não temos ilusões no capitalismo, por isso não defendemos a democracia burguesa e sim as liberdades democráticas que foram conquistadas com muito sangue por nossa classe. Defendemos um novo regime onde todos tenham acesso à educação, saúde e lazer. Para isso gritamos Fora Bolsonaro, por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!