As lutas voltam às ruas no Rio de Janeiro

O aumento da crise internacional, do desemprego e do custo de vida tem sido usado pelos capitalistas no mundo inteiro para justificar o arrocho salarial e a retirada de direitos.

Patrões e governos estão usando a pandemia para fazer os trabalhadores pagarem a conta da crise. Os principais sindicatos não apresentam ações concretas para mobilizar os trabalhadores contra a causa do seu sofrimento. Eles prestam mais atenção em disputas judiciais do que na luta pelo isolamento social e pela interrupção dos serviços e produção não essenciais, além de assinarem acordos dignos dos setores mais pelegos do movimento sindical, dando continuidade a uma política de ataque à classe trabalhadora. Enquanto isso, representantes políticos da esquerda no parlamento se preocupam com as eleições, aprofundam a colaboração de classes com a burguesia e se negam a organizar o combate pelo Fora Bolsonaro.

Mas os trabalhadores seguem procurando resistir e lutam por suas reivindicações. Nesse artigo, nós mostramos algumas mobilizações que aconteceram no Rio de Janeiro após a grande rodada de mobilizações do dia 7 de junho que, no Rio, levou 2 mil pessoas às ruas.

Merendeiras terceirizadas da rede municipal de ensino do Rio interditaram parcialmente a Avenida Presidente Vargas, em frente à prefeitura, no dia 16 de junho, para cobrar dois meses de salários atrasados e pagamento do ticket alimentação. A mobilização do grupo começou no início do mês. A prefeitura não realizava pagamento para as empresas terceirizadas e as empresas alegavam não ter dinheiro para pagar os salários atrasados das merendeiras. No protesto havia cerca de 50 merendeiras. Diante da pressão, a empresa realizou o pagamento referente a parte do salário atrasado e a prefeitura se comprometeu a quitar os atrasados.

Em Cabo Frio, nos dias 22/6 e 02/7, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro, Núcleo Lagos (SEPE Lagos) realizou um protesto em frente à Prefeitura de Cabo Frio exigindo o pagamento dos salários atrasados e se opôs ao projeto de lei (PL) que ataca o Ibascaf/PasMed. Participaram servidores da Educação aposentados, e da ativa, para cobrar do prefeito Adriano Moreno (DEM), o pagamento imediato dos atrasados pelo segundo mês consecutivo. Os trabalhadores também exigiram que a administração municipal recue da aprovação do PL 1/2020, que impõe mudanças na estrutura organizativa do Instituto de Benefícios e Assistência aos Servidores Municipais de Cabo Frio (Ibascaf) e ataca o Programa de Assistência Médica aos Servidores Municipais (PasMed).

Em um vídeo que circulou pelas redes sociais e grande imprensa, o gari Bruno da Rosa, que integra a CIPA da COMLURB, faz denúncias, numa reunião com outros trabalhadores no pátio da empresa, sobre a falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Ele afirma que “há falta de luva, álcool gel e sabão no banheiro. Dizem que tem higienização, mas só lavam o chão. O prefeito diz que há um novo normal, mas as pessoas estão morrendo. Estamos indo para uma carnificina”. Como resposta, o companheiro Bruno da Rosa foi suspenso por cinco dias pela empresa. Imediatamente se construiu uma campanha de solidariedade internacional entre sindicalistas e organizações políticas em defesa das condições de trabalho da categoria e exigindo medidas de proteção à vida dos garis, como EPIs adequados, testagem e um protocolo de afastamento para aqueles que apresentam sintomas gripais. E em defesa também do companheiro Bruno, uma das lideranças da greve da categoria em 2014, que vem sendo perseguido, com transferências e até mesmo uma demissão arbitrária revertida após uma ano de muita luta.

No dia 28 de junho, ocorreu um ato “Fora Bolsonaro” com dezenas de pessoas em Copacabana. Foi duramente reprimido pela Polícia Militar (PM) e terminou na 12ª DP. Dois manifestantes foram enquadrados por “desobediência” e “descumprir o decreto contra aglomeração”, mesmo com todos os participantes do ato usando máscara, álcool em gel e buscando manter um distanciamento mínimo entre si. No ato, a polícia dizia que não se poderia utilizar megafone, mas, nas manifestações a favor do Bolsonaro, vemos a utilização de carros de som. E as recomendações sanitárias também são sistematicamente ignoradas. Sem falar nos shoppings, calçadões das praias e transportes público, eles não são outros locais em que acontecem aglomerações? Só não pode aglomerar se for em uma manifestação contra o governo? Hiprocrisia! A repressão nem tenta esconder que tem lado. 

Dia 30 de junho, foi a vez dos porteiros da rede municipal de ensino do Rio, que são terceirizados. Como as merendeiras, eles protestaram também Avenida Presidente Vargas, em frente à prefeitura, cobrando salários atrasados.

No dia 1º de julho, ocorreu a forte paralisação nacional dos trabalhadores de aplicativos. Eles reivindicam o aumento do valor mínimo da entrega, o aumento do valor por Km2 rodado e o fim do dos bloqueios indevidos. No Rio de Janeiro, eles se manifestaram na Candelária e depois pelo centro da cidade, pela manhã e tarde.

E para o dia 18 de julho, a Liberdade e Luta e a Esquerda Marxista organizarão, em várias cidades do Brasil, demonstrações públicas e pequenos atos (com o uso de máscaras e mantendo a distancia das pessoas), levando as palavras de ordem pelo Fora Bolsonaro, Fim da PM, Vidas Negras Importam, pelo fim do ENEM, Abaixo o Capitalismo e pela unidade dos trabalhadores e jovens pelo socialismo!

Juntem-se a nós, e faça contato para juntos organizarmos um Comitê de Ação pelo Fora Bolsonaro em sua cidade, bairro, empresa, escola ou universidade!