Apresentação da revista América Socialista nº 7

Publicamos aqui a apresentação da revista América Socialista número 7. A América Socialista é a revista teórica da Corrente Marxista Internacional para o continente americano e também o instrumento de Campanha Financeira da Esquerda Marxista nesse segundo semestre. Adquira um exemplar com nossos militantes ou pelo site da Livraria Marxista.

Publicamos aqui a apresentação da revista América Socialista número 7. A América Socialista é a revista teórica da Corrente Marxista Internacional para o continente americano e também o instrumento de Campanha Financeira da Esquerda Marxista nesse segundo semestre. Adquira um exemplar com nossos militantes ou pelo site da Livraria Marxista.

As particularidades nacionais da luta de classes estão entrelaçadas com os desdobramentos da crise mundial do capitalismo, e com as repercussões dos acontecimentos em cada país no plano internacional. Os confrontos entre as classes que acontecem em uma região do planeta reverberam em todos os continentes, e a experiência da luta revolucionária no Brasil, no Chile, na Grécia, na Venezuela, ou em qualquer outro país, torna-se objeto de reflexão e aprendizado, e é um forte estímulo para os jovens e trabalhadores do mundo inteiro. O desenvolvimento das forças produtivas ultrapassou os limites do sistema capitalista. Hoje a crise orgânica desse sistema é potencialmente mais revolucionária que em qualquer época anterior. Para realizar essa potencialidade é necessário construir uma força política independente baseada nessa perspectiva histórica. Convidamos nossos leitores a usar essa revista como um instrumento para erguer essa força: junte-se a nós!

Assim como nas edições anteriores, os artigos que estamos publicando nesta edição da América Socialista oferecem um rico panorama internacional da luta de classes, com especial destaque para o processo em curso na Espanha, tendo em vista a proximidade das eleições gerais e o rápido crescimento do Podemos. O resultado das eleições municipais e regionais de 24 de maio, com o grande avanço das chamadas “forças antissistema” – especialmente o Podemos e também as candidaturas de unidade popular – foi refletido no rosto transtornado dos políticos da direita espanhola e, ao mesmo tempo, no entusiasmo dos jovens e trabalhadores que decidiram lançar um desafio à política de austeridade imposta pelo governo do reacionário Partido Popular.

Esse artigo sobre a Espanha, publicado pelo Luta de Classes (CMI – Estado Espanhol), oferece um quadro detalhado dessa mudança política importante, que está causando pesadelos aos estrategistas do capitalismo na Europa. Eles também percebem esse “movimento sísmico da sociedade em direção à esquerda”. Antes dessas eleições, a intenção de voto no Podemos vinha declinando na medida em que havia cedido à pressão para diluir e moderar o seu programa, e foi o seu giro à esquerda que permitiu a retomada do seu ímpeto inicial. Isso mostra que a classe trabalhadora não está acomodada, pelo contrário, ela está reagindo politicamente aos ataques da burguesia. Para o capitalismo, um sistema social cada vez mais enredado em suas próprias contradições, essa é uma péssima notícia.

Tal como está acontecendo com o PT no Brasil, a derrocada do PSOE na Espanha é o fruto previsível da sua política de colaboração de classes, que levou este partido a se tornar a “verdadeira cidadela fortificada da burguesia espanhola”. A burguesia estremece com o enfraquecimento dessa cidadela e com o crescimento de uma alternativa que atraiu para a vida política centenas de milhares de jovens e trabalhadores. Ainda que, como explicam os marxistas do Luta de Classes, a discussão sobre o programa político do Podemos precisa de esclarecimentos de importância decisiva, este processo já se constitui num gigantesco passo adiante e é uma excelente notícia para a classe trabalhadora em todos os continentes.

Estamos publicando a resolução do Comitê Central da Esquerda Marxista, de junho deste ano, sobre a situação política no Brasil. Aqui também, com a economia em retração, acelera-se a polarização entre as classes, enquanto o governo do PT implementa os “ajustes” que a burguesia exige para administrar a sua crise, ou seja, para jogar o seu fardo nas costas da classe trabalhadora. A burguesia está dividida, mas seus setores dominantes na oposição preferem continuar sangrando o governo, e pavimentando o terreno para a vitória da direita em 2018, em vez de perturbar a aplicação dos “ajustes” com o impeachment de Dilma e seus desdobramentos imprevisíveis. A resolução traz uma análise da verdadeira dimensão da direita fascista no Brasil, e mostra que o instrumento principal que a burguesia dispõe para atacar a classe trabalhadora continua sendo o seu aparato estatal. Os marxistas combatem por uma “Frente da Esquerda Unida, que coloca a questão da unidade no terreno programático indo muito além das reivindicações e da defesa de conquistas e direitos”.

O artigo de Jorge Martin, sobre os primeiros meses do governo do Syriza na Grécia, explica que a humilhante capitulação de Tsipras às exigências da Troika é o resultado de uma perspectiva completamente irreal sobre a crise do sistema capitalista. O que essa experiência demonstra é a impossibilidade de derrotar as políticas de austeridade, dentro ou fora da zona do euro, sem apontar e preparar o caminho para romper com o capitalismo.

O grande número de abstenções e votos nulos nas últimas eleições no México – de tal forma que o governo do PRI segue com apenas 14% de apoio do total de eleitores – é um dos sintomas da acelerada falência das instituições burguesas neste país. O artigo de Carlos Marquez explica que a queda dos preços do petróleo agravou ainda mais a crise política e social, e a única “saída” que os capitalistas podem implementar é o aumento da taxa de exploração do trabalhador. 

Como informa o artigo de José Pereira, os escândalos de corrupção e o reformismo sem reformas substanciais do governo de Bachelet, no Chile, esgotaram a paciência dos jovens, e depois de uma pausa de 12 meses o movimento estudantil voltou às ruas com grande energia. Em vez de superar a herança reacionária da ditadura – incluindo uma concentração de renda entre as mais altas do mundo – a transição chilena encalhou no lodaçal da crise capitalista. A luta contra a privatização da educação está objetivamente ligada à luta contra a austeridade, o desemprego e o arrocho salarial.

Também na Guatemala, Honduras e Panamá, os escândalos de corrupção e a degradação nas condições de vida da imensa maioria foram o estopim para grandes mobilizações protagonizadas pela juventude. Ubaldo Oropeza informa que um órgão mantido pelo imperialismo (CICIG), propondo “reformas regulatórias” para combater a corrupção, tenta manipular a indignação dos jovens e controlar a sua mobilização dentro dos canais da institucionalidade burguesa. O marxismo explica que a corrupção é inerente ao capitalismo, e agravada pela subordinação ao imperialismo.

O artigo de John Peterson faz uma análise da situação política nos Estados Unidos, onde as tensões sociais também estão crescendo. Mas a recusa da burocracia sindical de dar apoio à criação de um partido de massas da classe trabalhadora ainda sustenta um vácuo político que distorce a expressão política da crise. As explosões de revolta contra o racismo que não se traduzem em atividade política organizada, e o relativo entusiasmo com a pré-candidatura do democrata Bernie Sanders, que prega um “socialismo escandinavo”, são produtos desse vácuo político e, ao mesmo tempo, parte do aprendizado necessário para superá-lo.

Sobre o prolongado impasse do processo revolucionário incompleto na Venezuela, Jorge Martin mostra a importância da conquistas sociais da revolução, mas também retoma as lições da história do movimento operário para indicar a saída desse impasse. Sem desmontar o “velho estado burguês” e substituí-lo por uma verdadeira democracia operária, e, ao mesmo tempo, sem expropriar o grande capital e o latifúndio, a “guerra contra o povo” não vai parar enquanto não esmagar todas as conquistas da revolução. A desculpa esfarrapada de que as condições para completar a revolução não estão “maduras” contrasta com as seguidas demonstrações da iniciativa revolucionária das massas venezuelanas.

O artigo de Alan Woods é uma brilhante e densa exposição da extraordinária vida revolucionária de Leon Trotsky, e das suas principais contribuições para a teoria marxista.  A sua leitura é altamente recomendável para todos os militantes que, tal como Trotsky, percebem que a verdade é revolucionária na luta contra o capitalismo. Uma liderança de enorme talento e energia, um teórico marxista criativo e perspicaz, um mártir da luta pela revolução socialista: ignorar a história da sua vida é condenar-se a ignorar a história do movimento operário.

Adquira a Revista América Socialista número 7 através do site da Livraria Marxista: http://goo.gl/i3t3hd