África do Sul: solidariedade com os estudantes em greve contra o aumento nas mensalidades

Os estudantes da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, África do Sul, entraram em greve em resposta ao anúncio de que as mensalidades aumentarão. Os alunos estão rejeitando as tentativas da gestão universitária de justificar esses aumentos, dizendo que o custo de equipamentos importados tem aumentado e que estão aumentando os salários dos professores. Enquanto a gestão tenta dividir e conquistar, os estudantes têm se esforçado desde o início do semestre para estar do lado dos trabalhadores, cujos empregos a universidade pretende terceirizar.

Os estudantes da Universidade de Witwatersrand, também conhecida como Universidade de Wits, em Joanesburgo, África do Sul, entraram em greve em resposta ao anúncio de que as mensalidades aumentarão 10,5%, as despesas de alojamento em 9%, e as taxas de inscrição em 6%.

Os alunos estão rejeitando as tentativas da gestão universitária de justificar esses aumentos, dizendo que o custo de equipamentos importados tem aumentado e que estão aumentando os salários dos professores. Enquanto a gestão tenta dividir e conquistar, os estudantes têm se esforçado desde o início do semestre para estar do lado dos trabalhadores, cujos empregos a universidade pretende terceirizar. De fato, muitos trabalhadores, incluindo os terceirizados da limpeza, marcharam ao lado dos estudantes na terça-feira. 

Um vídeo na página do Facebook do grupo mostra o apelo de um estudante de medicina para levantar fundos para iniciar seu curso. No vídeo, ele explica como tinha notas excelentes e foi admitido para a Universidade, mas agora está lutando para financiar seus estudos. Na verdade um dos slogans usados pelos alunos é “Ser inteligente não é suficiente se você é pobre”.

Na quarta-feira, houve uma paralisação no campus, com os manifestantes organizando um piquete em frente aos portões do campus Braamfontein. Começando com cerca de 100 estudantes, a ação ganhou impulso e se espalhou pelo campus, com estudantes decidindo interromper aulas gritando palavras de ordem. O protesto foi o maior na história recente da instituição, envolvendo milhares de estudantes, principalmente negros.

O ex-presidente do conselho representativo dos estudantes, Mcebo Liberdade Dlamini, disse aos estudantes que protestavam que a ação era deveria continuar até que a direção desistisse de aumentar as taxas. Ele também disse que, assim como lutar contra o aumento de taxas, os alunos também estão lutando contra uma gestão universitária que é racista e contra o sistema como um todo. Os alunos foram retratados agitando bandeiras comunistas e o protesto tem claramente um clima anticapitalista.

A universidade respondeu dizendo que o protesto deve ser restrito a uma determinada área do campus, de modo a não perturbar as aulas e ameaçando tomar medidas disciplinares contra qualquer um que viole esta regra. Parece que, no que diz respeito à universidade, é bom para a gestão ameaçar os padrões de vida dos alunos e limitar o acesso ao ensino superior, mas eles não vão permitir que os alunos interrompam uma aula em defesa do direito de estudar.

A Federação de Estudantes Marxistas envia uma mensagem de solidariedade aos estudantes e companheiros na África do Sul. Sua luta é a nossa luta. Lutamos juntos contra quaisquer limitações de acesso à universidade para os mais pobres na sociedade. Nos solidarizamos com a sua resistência contra os ataques da gestão. Estamos com vocês, pois vocês cerraram fileiras com os trabalhadores cujos empregos estão em risco. Saudamos sua luta contra o racismo, contra o apartheid. E camaradas, o mais importante, nós estamos com vocês na luta contra o capitalismo.

A nossa luta por uma educação acessível e gratuita de qualidade é uma batalha por um futuro melhor. Governos de todo o mundo estão cortando o financiamento e permitem que as universidades se tornem mais empresas e menos lugares de aprendizagem e desenvolvimento. No Reino Unido, eles estão sugerindo subir a atual taxa de £ 9.000 (R$54.000,00) por ano e privatizar a dívida estudantil.

Ao coordenar nossas ações e demonstrar solidariedade uns com os outros, estudantes de todo o mundo podem demonstrar na prática o poder do internacionalismo e mostrar que compreendemos que nossa luta é uma só. É a luta contra a mercantilização de todos os aspectos de nossas vidas, é a luta contra a exploração do homem pelo homem, é uma luta por igualdade e justiça. Em última análise, é a luta pelo socialismo.