A greve nacional dos bancários

A CUT e o Comando Nacional dos Bancários devem exigir de Lula que o BB e a CEF atendam as reivindicações dos bancários.

Os bancários de todo o Brasil, através da Contraf/CUT (Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) estão em greve por tempo indeterminado, após os banqueiros se recusarem a atender as reivindicações da categoria.

Os trabalhadores buscam garantir o emprego e os direitos nos recentes processos de fusões e aquisições, reajuste de 10% (incluindo a reposição da inflação do último ano), PLR de três salários mais R$ 3.850,00, valorização dos pisos salariais, entre outros pontos.

Pesquisas sobre o emprego no primeiro semestre mostram que os bancos desligaram 15.459 bancários, principalmente em razão das fusões Itaú-Unibanco e Santander-Real, e contrataram 13.235, o que representa o fechamento de 2.224 postos de trabalho.

Além disso, os bancos estão utilizando as demissões para diminuir os salários dos bancários. Os desligados no primeiro semestre recebiam remuneração média de R$ 3.627,01. Já os contratados têm remuneração média de R$ 1.928,92, o que representa uma diferença de 46,82% – quase a metade.

O recente processo de concentração monopolista pelo qual passa o setor, garante ao capital financeiro um volume de recursos ainda maior para ser movimentado em busca do lucro. E quanto maior a concentração de capital nos bancos, mais a indústria e o Estado ficam dependentes de meia dúzia de banqueiros e vice-versa, ou seja, mais os bancos vivem à custa da indústria e do Estado para valorizar seu capital.

Esse processo de fusão entre o capital bancário, industrial e finanças públicas é um dos aspectos que determinam a fase capitalista atual, imperialista, e só uma revolução socialista pode por um fim ao parasitismo financeiro, concentrar o crédito nas mãos do Estado e o Estado nas mãos dos trabalhadores. Por isso, a greve deve avançar do terreno econômico para o político, exigindo do governo Lula a estatização do sistema financeiro e o firme posicionamento da CUT a essa luta.

Afinal, o que vemos na prática, são os banqueiros se recusando a garantir estabilidade no emprego, a reconhecer a Convenção 158 da OIT (que proíbe as demissões imotivadas) e a promover novas contratações. Já os bancos públicos demoram a chamar os concursados, mesmo faltando funcionários em quase todas as agências.

Além disso, após a venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil, os trabalhadores do banco paulista estão pressionados a aceitar redução de direitos em nome da integração a uma marca, uma história e outras fantasias. É preciso defender os direitos dos companheiros e lutar para estendê-los ao BB e vice-versa, igualando-os por cima.

Dá para perceber que as fusões e aquisições resultam em demissões, arrocho salarial, retirada de direitos e aumento da exploração e, por isso, toda a luta se faz necessária!

Lucro lá em cima, salário lá embaixo

Os resultados obtidos no final de 2008 e começo de 2009 revelam que, apesar da crise ter acendido o sinal amarelo no que se refere ao risco e até diminuído um pouco o ritmo de crescimento do lucro em relação aos anos anteriores, os principais bancos brasileiros figuram entre os que mais ganharam no continente americano (ver artigo de Daniel Feldmann).

Só no primeiro semestre desse ano, os 21 maiores bancos do país somaram lucro líquido de R$ 14,3 bilhões! Além disso, os 3 maiores bancos, o BB, Itaú e Bradesco tiveram, só no ano de 2008, um lucro de cerca de R$ 25 bilhões!

São esses mesmos bancos que estão na linha de frente da FENABAN (Federação Nacional dos Bancos) oferecendo somente a inflação do período (4,5%)! Por isso mesmo, é preciso responsabilizar o governo Lula nessa negociação, já que Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal ao invés de atenderem as reivindicações e forçarem os bancos privados a cederem, fazem o contrário, se aliam a eles e negam direitos básicos aos trabalhadores!

As direções devem ampliar a mobilização pela base!

A participação da base na construção da greve é fundamental para a vitória do movimento. Para tanto, as assembléias devem garantir a eleição de um comando geral e unificado (bancos públicos e privados), do qual façam parte não somente as direções sindicais, mas também os trabalhadores eleitos pela própria categoria em luta. Além disso, e ligado ao comando de greve, devem ser formados comitês regionais para articular piquetes e a paralisação do maior número possível de agências e unidades a começar do coração do sistema financeiro: os centros de comando dos sistemas online e de compensação.

Para fazer isso é que as direções sindicais foram eleitas, os piquetes ajudam, mas não param as movimentações financeiras. Lutar pelas reivindicações e pela estatização do sistema financeiro para garantir as reivindicações e pôr fim ao parasitismo dos bancos, centralizar o crédito nas mãos do Estado e o Estado nas mãos dos trabalhadores!

Lula: autorize os bancos federais a atender as reivindicações! Obrigue os bancos privados a fazer o mesmo!

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