A Frente Única Reacionária para destruir o movimento das fábricas ocupadas

Matéria publicada na Revista Veja (29/08) estampa uma série de calúnias contra o movimento das fábricas ocupadas

Cada vez fica mais claro que a intervenção judicial, militarizada por 150 policiais federais, ocorrida em Joinville (SC), no dia 31 de Maio, na Cipla e Interfibra (fábricas ocupadas), foi produto de uma frente única reacionária para destruir esta experiência histórica dos trabalhadores.

Novos aliados, seja pela direita ou pela esquerda, se juntam com o objetivo comum de atacar o movimento, para que não fique “pedra sob pedra” deste “péssimo” exemplo para a burguesia. A Corrente O Trabalho e a Revista Veja foram os últimos a compor a aliança com a burguesia nacional, o aparelho do Estado (o Governo Lula, a Justiça Federal, a PF), e seus periféricos ideológicos (o Sindicato pelego dos Plásticos e os “boca de aluguel” locais), para linchar publicamente a direção do movimento.

Como os fatos são a matéria-prima dos marxistas, esta conclusão foi possível após conhecer o pretenso balanço dos lambertistas, sobre o fim da ocupação da Cipla-Interfibra. Desenvolve pela “esquerda” os ataques contra a direção do movimento que está sob fogo cerrado da burguesia, sem tempo para respirar. A resposta a este documento pode ser acessado no blog www.tiremasmaosdacipla.blogspot.com.

O último ataque veio da Revista Veja, na reportagem de três paginas “Ocupar e Arruinar”, de 29 de Agosto. Na abertura da matéria, o jornalista Duda Teixeira afirma que “num país que garante impunidade à violência política, é natural o surgimento de um grupo de lunáticos ansiosos por pavimentar o caminho da revolução com a tomada de fabricas (…)”.

Cego pela visão patronal, o repórter trata do efeito e omite a causa. Não percebe que o processo de ocupação de fabricas é um movimento resultante da decomposição do regime da propriedade privada dos meios de produção.

Processos semelhantes já ocorreram em várias oportunidades na história, em momentos de crise aprofundada do capitalismo. Trotski no Programa de Transição, afirmava o seguinte: “O movimento operário da época de transição não tem um caráter regular e igual, mas febril e explosivo (…) As greves com ocupação de fábricas (…, escapam aos limites do regime capitalista normal. Independentemente das reivindicações dos grevistas, a ocupação temporária das empresas golpeia no cerne a propriedade capitalista. Toda greve com ocupação coloca na prática a questão de saber quem é o dono da fábrica: o capitalista ou os operários.”

Revista Veja defende que cooperativa é a solução

Segundo a Veja, “A esperança é que seja decretada a falência das firmas. Dessa forma, poderiam formar cooperativas e assumir a administração das empresas”.

Quando até a Veja, uma revista claramente imperialista e neofascista, defende esta solução, as barbas do movimento operário deveriam ficar de molho. Afinal, só cego ou mal intencionado para não perceber que a política cooperativista é exatamente o que interessa à burguesia.

Na lei das cooperativas não há encargos sociais e nenhum direito trabalhista. Imaginando-se como novos patrões, os operários acabam se tornando carrascos de si mesmos, dando fim à perspectiva de combate como classe trabalhadora.

As cooperativas não têm vida longa no mercado controlado pelas multinacionais. Com isso, à medida que a crise aperta, são obrigados a escolher, entre si, as “cabeças que vão cortar” e/ou se matar de tanto trabalhar.

A Esquerda Marxista tem convicção que frente à falência das empresas e o desaparecimento dos empregos, a única perspectiva realista é o controle operário da produção, a abertura dos livros (controle administrativo e financeiro) e a luta pela estatização para garantir todos os empregos com os direitos e de forma duradoura.

Interventor é derrotado na tentativa de demitir 200 operários

Preparando o terreno à cooperativa, o interventor havia decidido em reunião de seu Conselho Administrativo da Cipla a necessidade de enxugar, no mínimo, 26% da folha bruta de pagamento. No olho do furacão, estavam os aposentados, os ex-membros da comissão, os que receberam promoção e os admitidos a partir da redução da jornada de trabalho para 30 horas.

Com os salários em atraso desde Junho, os operários, ao tomarem conhecimento desta decisão, procuraram os dirigentes destituídos da Comissão de Fábrica. Uma batalha foi armada na porta da fabrica com a palavra de ordem: “Nenhuma Demissão! Fora Intervenção! Se demitir um, todos param”. Reuniões clandestinas foram organizadas com operários; a imprensa foi informada e o combate obrigou o interventor a recuar das demissões.

Comitê precisa de finanças para manter viva a luta pelo fim da intervenção

Para concretizar os próximos passos, o Comitê pelo fim da intervenção apela ao movimento sindical nacional, às lideranças políticas e populares para contribuírem financeiramente na Conta do Comitê contra a Intervenção, para dar continuidade ao combate pelo fim da intervenção nas fábricas ocupadas. (veja chamado de campanha financeira, com número da conta, no blog acima citado)

Para o último final de semana do mês de Novembro, prazo em tese do fim da intervenção, o Comitê está organizado um Tribunal Popular em Joinville. O objetivo é construir um evento com dirigentes dos movimentos sindical, popular e político, nacional e internacional. Portanto, agende a data, participe do processo organizativo e ajude a derrotar a intervenção nas fabricas ocupadas Cipla e Interfibra. Os interessados devem ligar para (47)3027-5048 ou enviar e-mail para sergegoulart@terra.com.br. O mesmo telefone e e-mail servem para confirmar os depósitos da contribuição financeira.

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