A caminho da greve geral da educação nas instituições federais

A cada dia a greve do Ensino Superior Federal está ganhando mais força. A unidade entre estudantes, funcionários e professores é condição para a vitória. Foto:

Docentes do Ensino Superior Federal deflagraram greve por tempo indeterminado, a partir de 17 de maio. A decisão foi tomada durante reunião do setor das Ifes, do ANDES. Uma greve aprovada sem nenhum voto contrário, com 33 votos favoráveis e 3 abstenções. A reunião contou com 43 dos 60 Ifes existentes. (Ifes: Instituto Federal de Educação)

Assim o ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) deliberou o indicativo de greve nacional. E a adesão cresceu a cada dia, até o fechamento desta edição, 53 associações locais do ANDES já haviam deflagrado greve. A última a aderir foi a da Bahia (APUB), configurando assim uma adesão de todas as grandes universidades federais da base do ANDES-SN.

As reivindicações dos docentes perpassam tanto pela valorização e melhoria das condições de trabalho nas Universidades e Institutos Federais como pela reestruturação do plano de carreira (prevista no acordo firmado em 2011). A categoria pleiteia carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35) e percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho.

Os cortes no orçamento provocados pela crise financeira atingiu em cheio a educação. E com isso o governo descumpriu o acordo feito às entidades em 2011. Dessa forma, a deflagração de uma greve era questão de tempo. Pressionados, Dilma e Mercadante publicaram a MP 568 pouco antes do início da greve atendendo parte das reivindicações acordadas no ano passado. Mas para o ANDES, a MP foi insuficiente e ainda traz mais prejuízos na questão da Dedicação Exclusiva.

A adesão caminha para uma greve geral da educação nas instituições federais

Mas apesar da grande adesão ainda é comum ver professores contra a greve, principalmente nos centros de tecnologia. Muitos até em meio às aulas criticam e jogam os alunos contra os sindicatos, indagando o atraso da conclusão do curso ou impossibilidade de intercâmbio. O que esses docentes ainda não compreenderam é que esta greve não se limita às reivindicações dos professores, mas perpassa toda uma luta em defesa de uma educação pública de qualidade, a partir da valorização dos profissionais.

A Fasubra, federação dos funcionários técnicos administrativos, decidiu iniciar uma greve em 11 de junho, mas há sindicatos como o da UFF (SINTUFF) e UFRJ (SINTUFERJ) que deliberaram entrar em greve desde o dia 05 de junho. Os Diretórios Centrais dos Estudantes (DCE`s) da UFF e UFRJ também já estão em greve discente. A UNE começa a se mobilizar. Sindicatos dos funcionários e professores do ensino básico federal começam a marcar assembleias e também entrar em greve.

E para demonstrar o espírito dessa grande unidade, devemos citar a presença crescente dos pós-graduandos nesse cenário. A principal reivindicação é aumento das bolsas, sem reajustes desde 2008. Eles pedem 40% (30% a mais do que os 10% que já foram anunciados pela CAPES e CNPq para julho). Até o fechamento desta edição as APGs da UFRJ, UFF e UFPR deflagraram greve discente na pós-graduação.

O importante lugar dos estudantes

Com temor, é como muitos observam a greve. O atraso do curso é a queixa mais frequente. Mas há aqueles que entendem e apoiam os professores como os alunos do Colégio Aplicação (federal), localizado dentro da UFPE. Estes estudantes solicitaram que os docentes continuem dando aula, porém aulas diferentes, aulas sobre greve. Um grande exemplo da vontade em aprender, solidarizar-se e participar desta luta.

É papel do movimento estudantil esclarecer o que a greve representa. Em nível nacional as entidades estão fragmentadas, o resultado é desorganização e pouca agregação. Mesmo sentindo a necessidade de se articularem, esbarram no sectarismo e não encontram apoio para as suas demandas. Os trabalhadores, a juventude, a ciência e a educação pública não podem ser penalizados por uma crise financeira. A Frente Única entre trabalhadores e estudantes é uma necessidade para o movimento.

Vamos realizar assembleias, esclarecer a importância da greve, elaborar pautas discentes, unificar todos numa só luta, numa só greve, por educação pública, gratuita, de qualidade para todos em todos os níveis!

Josenildo Carvalho
Estudante de Engenharia de Produção da UFPE
Diretor do Centro Acadêmico

Flávio Almeida Reis
Mestrando em Geografia – UFF
Membro do comando de greve da Associação dos Pós-Graduandos da UFF

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