PT adota política de “oposição responsável” mantendo alianças

Mesmo diante dos resultados catastróficos de sua política, a direção do PT segue com a mesma linha anterior à abertura do impeachment.

A crise política que vive o país a cada dia tem lance diferente, e todos eles se dão no campo onde se operam as grandes manobras palacianas, envolvendo o executivo, o legislativo e o judiciário. O PMDB e Temer conspiraram abertamente para emplacar o impedimento da presidente Dilma, e nestes lances seus principais jogadores, Cunha na Câmara e Renan no Senado, foram as peças centrais que atuaram no ataque.

As ruas estão sendo ocupadas por milhares de pessoas em atos organizados por movimentos sociais, centrais sindicais, organizações estudantis e outros espontâneos, agudizando a luta de classes. Toda esta movimentação não implica em apoio incondicional ao governo Dilma e ao lulismo. É a negação da retomada da agenda conservadora, de ataques aos direitos democráticos e às conquistas da classe trabalhadora, que começa a ser imposta pelos que tomaram de assalto o governo.

Neste quadro onde é atacada de forma violenta, a direção do PT não se liberta das amarras da conciliação de classe e ainda defende alianças com o PMDB nas eleições municipais. A direção do PT e Lula se submetem à lógica palaciana, ao invés de ir às ruas convocando a classe trabalhadora, a juventude para derrotar e varrer seus inimigos de classe. Negam um conjunto de medidas para combater a crise sob o ponto de vista dos interesses dos trabalhadores.

Conforme afirmamos em artigo publicado em nossa página em 11 de maio: “É uma época convulsiva a que vivemos, quando tudo pode terminar em explosão. Neste difícil e doloroso terreno é que a classe trabalhadora e a juventude aprenderão, unificarão suas lutas e as levantarão ao nível político colocando a questão do fim deste regime e de quem deve decidir o futuro”.

Esta tarefa não poderá ser cumprida pelas velhas organizações que um dia a classe reconheceu como suas, a exemplo do PT, pois sua direção, mesmo neste cenário de ataques profundos da burguesia nacional e do imperialismo, se recusa a convocar a classe trabalhadora para ganhar as ruas e nas ruas derrotar os ajustes exigidos pelos exploradores.

Artigo publicado na edição 89 do jornal Foice&Martelo, de 2 junho de 2016.