Pedrinha Lasmar, dirigente que atua contra os trabalhadores e o socialismo, em evento do PSOL-AM, ao lado do presidente nacional da sigla. Foto: OnJornal

PSOL Amazonas: burocracia ou partido de classe?

O diretório do PSOL no Amazonas vive desde o ano passado uma completa paralisação de suas atividades internas e externas. No entanto, esse é apenas o sintoma de um longo processo de adoecimento que, se não for revertido com uma resposta enérgica, pode condenar o partido à total irrelevância na luta de classes que se intensifica e será ainda maior no próximo período.

Nas eleições estaduais do ano passado, a presidente do PSOL Amazonas, Pedrinha Lasmar, declarou inicialmente apoio ao candidato David Almeida (PSB). O anúncio se deu sem qualquer respeito às instâncias de deliberação partidária, muito menos aos princípios básicos que devem reger um partido socialista.

David já havia sido filiado ao PROS, partido do ex-governador cassado, José Melo, a quem substituiu no mandato tampão que se seguiu à sua prisão. Quando ainda era deputado estadual, David Almeida pediu à presidência da casa a relatoria do PL Escola Sem Partido a fim de conceder parecer favorável. Não se trata, portanto, de um candidato com qualquer compromisso junto à classe trabalhadora e o socialismo. Neste momento, portanto, o partido já deveria ter tomado providências com relação a Pedrinha.

No segundo turno, em nova atitude reacionária, a presidente declarou apoio ao candidato Wilson Lima (PSC). O partido do candidato, um ex-apresentador de TV que todos sabem se tratar de um laranja do dono da afiliada Record no estado, compõe a base aliada de Jair Bolsonaro (PSL) e já ofereceu à política nacional figuras abjetas como Fernando Collor de Mello (quando foi eleito em 1989) e Marco Feliciano.

As duas atitudes já mencionadas são suficientes para que qualquer partido que reivindique o socialismo e tenha qualquer pretensão de dirigir a classe trabalhadora se convença da necessidade de expulsão da presidente. Pedrinha já demonstrou com toda a clareza possível que se posiciona na trincheira contrária à do proletariado e não pode oferecer ao partido nada além de mais vexame e capitulação. No entanto, o partido continua com Pedrinha em suas fileiras, perdendo-se em reuniões burocráticas e estatutárias sobre o que fazer. Companheiros, esta não é uma questão de estatuto, é uma questão de luta de classes.

No entanto, os problemas não terminam aqui. O PSOL Amazonas carece de construção desde sua base, formada por uma pequena vanguarda ativa e um grande número de “filiados de aluguel”, trazidos em comboios quando há necessidade de votos, mas sem qualquer intimidade com as bandeiras e princípios do socialismo.

Construir um partido socialista operário, um partido de massas da classe trabalhadora, exige penetração em todos as frentes de luta da classe trabalhadora. É preciso estar nos sindicatos, nos locais de trabalho, nas universidades, nas escolas, nos bairros e onde mais a luta de classes se manifesta ativamente. Não se constrói um partido socialista com reuniões de portas fechadas, com acordos entre correntes ou com reuniões de diretório sem fim. Acima de tudo, não se constrói um partido socialista sendo conivente com a traição de classe de um dirigente.

É preciso que os companheiros que justificadamente se revoltam contra a situação do PSOL no estado direcionem seus esforços e conduzam o PSOL Amazonas para junto da classe trabalhadora, dos estudantes e da juventude. Entre o vácuo político do PT e a ilusão oferecida por Bolsonaro, há um grande número de jovens e trabalhadores que enxergam o apodrecimento do sistema político e econômico burguês, mas ainda não veem uma saída. É nosso papel, enquanto partido socialista, mostrar a esses homens e mulheres que a única saída para os problemas da classe trabalhadora é o fim do capitalismo e todas as suas opressões.

Vamos à luta companheiros, o antídoto contra a burocracia é a nossa construção!

Viva o socialismo!

Fora Pedrinha Lasmar!

Felipe Libório

Militante da Esquerda Marxista, jornalista, membro do PSOL de Manaus.