Vídeo de Lula sobre o impeachment prega submissão dos trabalhadores aos interesses dos capitalistas

Como parte da estratégia de comunicação do Governo Federal, o ex-presidente Lula divulgou nesta sexta-feira (15/4) um vídeo no qual discursa sobre o cenário nacional e o processo de impeachment. Em quatro minutos e meio, ele conseguiu concentrar o programa político que ele e Dilma propõem para o Brasil. Não tem nada de novo em relação ao que já vimos nos 13 anos do governo de colaboração de classes capitaneado pelo PT. Mas chama a atenção a forma descarada de o ex-metalúrgico pregar aos trabalhadores a submissão aos interesses dos capitalistas.

Como parte da estratégia de comunicação do Governo Federal, o ex-presidente Lula divulgou nesta sexta-feira (15/4) um vídeo no qual discursa sobre o cenário nacional e o processo de impeachment. Em quatro minutos e meio, ele conseguiu concentrar o programa político que ele e Dilma propõem para o Brasil. Não tem nada de novo em relação ao que já vimos nos 13 anos do governo de colaboração de classes capitaneado pelo PT. Mas chama a atenção a forma descarada de o ex-metalúrgico pregar aos trabalhadores a submissão aos interesses dos capitalistas.

Em seu trecho mais destacado, Lula afirma que “quem trai o compromisso selado nas urnas não vai sustentar acordos feitos nas sombras”. Assim como os demais dirigentes do PT e seus aliados, Lula aposta na falta de informações das pessoas e os pressupõe idiotas. Foram justamente Lula e Dilma os mais destacados traidores dos compromissos selados nas urnas. No mesmo dia 26 de outubro, pela manhã ambos foram votar de camisas vermelhas e discursos inflamados. Ao fim da noite, confirmada a derrota de Aécio Neves, a dupla petista vai a rede nacional vestida de branco para pregar “unidade nacional”. O que se viu depois foi um estelionato eleitoral arquitetado nas trevas do aparato estatal brasileiro.

O homem que já deteve o apoio das massas exploradas do Brasil também bradou contra a ideia de “derrubar um governo democraticamente eleito”. Esquece que o conceito do sufrágio eleitoral não corresponde ao direito de o eleito fazer o que quiser durante o período de quatro anos, e muito menos de pisotear as mesmas massas que conduziram sua sucessora ao Planalto. Lula, Dilma, assim como os dirigentes do PT, da CUT, do PCdoB, da CTB e da UNE veem como normal Dilma jogar seu programa eleitoral na lata de lixo, agindo como se fosse Aécio Neves o presidente.

Para Lula, “ninguém será respeitado como governante se não respeitar primeiro a Constituição e as regras do jogo democrático. Ninguém será respeitado se não prosseguir no combate implacável à corrupção”. Neste sentido, ele continua sua obra de confusão ideológica promovida desde os tempos em que sua corrente política ainda buscava a hegemonia dentro do PT. A visão de que parte o barbudo de voz rouca identifica a Nova República, surgida em 1988, como algo sagrado e inviolável. Tenta assim convencer os trabalhadores a batalharem pela manutenção das instituições que consistem essa máquina de poder. Ele esconde, assim, as lições mais elementares da teoria socialista, que enfatizam o caráter de dominação que qualquer estado desempenha em uma sociedade dividida em classes. E aí estão incluídos os parlamentares, os políticos do Executivo e todo o aparato do Judiciário, com Moro e a Lava Jato.

Mais adiante, o mestre da fragata a pique decreta que “fora da democracia o que vai existir é o caos e a incerteza permanente”. Essas são palavras pedantes de um descrente na capacidade de os trabalhadores construírem uma alternativa que não esteja submetida aos interesses das forças sociais burguesas. Os trabalhadores podem agir “fora da democracia”, porque a democracia de que fala Lula é o sistema político de dominação da burguesia, o qual não foi feito para que os trabalhadores dele se utilizem. Muito pelo contrário.

É desse ponto de partida capitulador que Lula se propõe a fazer com que, a partir de segunda-feira, “o Brasil tenha um novo modo de governar”. Na verdade, se conseguir passar pela artilharia do Congresso, o governo da dupla petista será um governo em crise, buscando recuperar o apoio popular, para conseguir novamente a benção da burguesia, e em seguida aplicar todas as medidas contra os mesmos que votaram neles em 2002, 2006, 2010, 2014 e que agora ocupam as ruas com o legítimo sentimento de tentar derrotar a direita e defender as liberdades democráticas e os direitos sociais.

Por isso arremata dizendo que “O Brasil precisa de paz e de estabilidade para retomar o caminho do desenvolvimento”. Quer manter a docilidade da classe trabalhadora enquanto os empresários aplicam todas as maldades para garantir suas taxas de lucro e o crescimento econômico em um contexto de crise internacional do sistema capitalista. Tenta fazer parecer normal entregar todo o patrimônio nacional e os recursos naturais para exploração do setor privado nativo e extrangeiro. Mas se prepara para uma eventual “aventura” por parte dos trabalhadores, ponto esse que tem na Lei Antiterrorismo sua expressão mais clara – mas não a única -, lei essa de autoria do governo e sancionada no mesmo dia em que Lula foi empossado Ministro da Casa Civil.

A única afirmação com a qual tenho acordo com Lula diz que “O Brasil tem plenas condições de voltar a crescer, gerando empregos e distribuindo renda”. Mas em seguida sou obrigado a divergir dele sobre a forma de fazer isso realidade. Aplicando a mesma receita falida de aliança com as frações burguesas e de defesa da lógica capitalista, qualquer crescimento econômico representaria mais austeridade para os trabalhadores e concentração de renda para os 1% mais ricos, em meio a uma crise profunda do regime capitalista mundial. O caminho para superar a crise econômica e política em benefício das massas exploradas necessariamente passa pelo controle social e o fim da propriedade privada dos meios de produção, pela planificação socialista da economia e por uma Assembleia Popular Nacional Constituinte que crie uma nova forma de poder, dando fim à Nova República junto com suas instituições burguesas e seus políticos corruptos.