Uma extraordinária adaptação no Congresso da CUT

A direção da CUT chama um “congresso extraordinário” em 2017 com o lema de “100 anos da primeira greve geral do Brasil”. O texto base divulgado, por sua vez, esquece os eventos de 100 anos. É, na verdade, uma adaptação da política socialdemocrata de conciliação de classes para o momento atual.

As bases estão insatisfeitas. No Congresso do PT Lula foi obrigado a pedir o voto de outras tendências para a sua candidata a presidente da sigla vencer. Na CUT esse “congresso extraordinário” procura evitar os problemas que lá aconteceram. Afinal, para se manter em maioria na Executiva do PT, acomodaram a tendência O Trabalho de Julio Turra e Markus Sokol. Aqui, transformaram uma plenária em congresso, com a vantagem de não terem no congresso nacional os delegados eleitos na base, mas somente aqueles que passaram nos filtros dos congressos estaduais.

O objetivo central do “texto base” é explicitado na introdução:

Cabe ao povo recuperar sua soberania cassada com o golpe e eleger, em pleito direto, o novo Presidente. Cabe também ao povo eleger uma Assembleia Constituinte, Exclusiva e Soberana, para fazer a reforma do sistema político que prepare o terreno para as reformas estruturais necessárias para o Brasil superar a crise, retomar o crescimento, fortalecer a democracia e a soberania nacional e promover um novo ciclo de desenvolvimento.”

Em outras palavras: abandonamos a perspectiva de socialismo, que está colocada no estatuto da CUT para tentar uma nova conciliação de classes, com Lula presidente, para promover “um novo ciclo de desenvolvimento”.

Por mais que se liste os crimes todos do governo atual, toque brevemente no ataque de Dilma aos trabalhadores, fale da violência no campo e na cidade, a CUT recusa-se a exigir o que é central. E muitas vezes assume o discurso de Temer, como por exemplo ao falar que a Reforma da Previdência não toca em “privilégios”.

O plano de lutas que é proposto nem toca na greve geral e termina com a defesa de “eleições diretas”, “Lula Presidente” e “constituinte exclusiva para reformar o sistema político”.

Os marxistas explicam claramente a saída que precisamos: Fora Temer e o Congresso Nacional. Greve geral para derrotar as reformas. Por um governo dos trabalhadores. E uma Assembleia Popular Constituinte que permita que o povo governe, varrendo as instituições podres da burguesia: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Nós explicitamos claro o que queremos: Previdência Universal, com 35 anos (30 anos para mulheres) de trabalho, aposentadoria pelo salário integral! Se existe déficit, que os patrões paguem o déficit, aumento da parte patronal da contribuição. Fim do pagamento da dívida, estatização sob controle dos trabalhadores dos bancos e financeiras, de toda empresa envolvida na corrupção. Reforma Agrária com terra para quem nela vive e trabalha.

Palavras de ordem que um dia foram do PT e da CUT. São elas que recuperam o combate dos trabalhadores que fizeram a greve de 1917 no Brasil e que, na Rússia, fizeram uma revolução.