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Tensões entre Trump e Putin: quais interesses eles representam?

Hostilidades entre americanos e russos estão longe de ser novidade. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Casa Branca e o Kremlin vivem em estado de tensão quase permanente. Em mais de uma ocasião, a relação ruim entre essas duas potencias nucleares por pouco não levou o mundo a um cenário de destruição total.

Mas não foram poucos os que, com a vitória de Donald Trump nos EUA, previram mudanças na relação entre os dois países. Afinal, ao longo de sua campanha, o candidato republicano chegou a tecer elogios ao presidente russo Vladimir Putin. Some-se a isso as teorias de envolvimento dos agentes do Kremlin nas eleições americanas para favorecer Trump, que continuam em alta.  Tudo isso faz com que muitos pensem que o chefe de estado americano estaria disposto a mudar as relações tempestuosas de seu país com Moscou.

Bastaram alguns meses para desmentir esses rumores. A política externa americana, em sua essência, permanece a mesma dos tempos de Obama. A Rússia continua a ser o grande inimigo, a presença de seus caças na Síria e a anexação da Crimeia são condenadas da mesma forma. Somente os ingênuos se surpreenderam com a “mesmice”. Não importa o que Trump pense, ou se agentes russos o ajudaram a ganhar a eleição. O que determina as ações do governo dos EUA são os interesses de classe da grande burguesia americana, e essa continua a ver os russos como uma ameaça estratégica.

Vladimir Putin certamente sabe disso. Por isso, apesar de algumas reações positivas à vitória do republicano, manteve as mesmas posições que o colocam em rota de colisão com Washington. Putin representa os oligarcas russos, uma classe capitalista particularmente parasitária que descende da antiga burocracia soviética. Por isso, a política externa de seu governo consiste em defender a influencia russa nos antigos territórios da União Soviética. E isso passa por desafiar a presença dos EUA e da OTAN em locais como a Ucrânia e o Cáucaso.

As tensões entre Trump e Putin representam os conflitos entre diferentes bandos de capitalistas em tempos de crise. Ambos temem mais seus próprios povos do que o inimigo externo. As hostilidades declaradas escondem o desejo de diminuir a própria parte da conta e afastar o perigo de revolução em seus próprios países. Como a crise capitalista não dá qualquer sinal de estar próxima do fim, podemos esperar um recrudescimento de divisões e rivalidades nacionais, religiosas e étnicas. Essa é uma das grandes armas da burguesia internacional em sua luta pela sobrevivência. Somente com a transformação socialista da sociedade poderemos viver sem ameaças como guerras, massacres e genocídios pairando como um espectro sobre os povos do mundo.