Somos irmãos trabalhadores

Declaração do Movimento Negro Socialista (MNS) sobre o dia 20 de novembro, data do assassinato de um dos heróis do povo brasileiro, Zumbi dos Palmares.


Há 315 anos, no dia 20 de novembro, era assassinado um dos primeiros heróis do povo brasileiro, Zumbi dos Palmares. Liderou por longos anos o maior quilombo que se têm notícia em nossa história (local onde se refugiavam escravos e também habitado por pessoas livres pobres e índios), o Quilombo de Palmares.

Desde 9 de janeiro de 2003 a data foi incluída no calendário escolar através da aprovação da Lei 10.639.

O Quilombo dos Palmares, com dezenas de milhares de habitantes, se tornou um ícone de resistência à opressão colonial e à escravidão no país. Foi dizimado por um exército de 10 mil homens comandados pelo bandeirante Domingos Jorge Velho.

O 20 de Novembro deve ser mais que relembrar a história de Palmares: no dia da Consciência Negra constatamos a exploração e a humilhação que milhões de brasileiros passam todos os dias, a falta de serviços públicos de qualidade, a miséria, a fome e a opressão do racismo que ainda existe no Brasil.

Neste dia é preciso reafirmar que raças humanas não existem e que o racismo é fruto desta ideologia pseudo-científica nascida junto com o sistema capitalista.

Para os marxistas, só a luta organizada e unidade da classe trabalhadora podem garantir direitos e conquistas para uma vida melhor para os trabalhadores.

O racismo, assim como todas as ideologias que foram criadas com a missão de dividir os trabalhadores deve ser combatido cotidianamente de forma enérgica. Da mesma forma e com a mesma energia devem ser combatidas as políticas chamadas de “discriminação positiva”, como as cotas raciais. As duas ideologias bebem na mesma fonte na crença de “raças humanas” e na subordinação dos interesses de classe em detrimento da “raça”.

Alguns tentam distorcer a história para apagar a luta de classes e transformá-la em luta entre “raças”, entre povos com cor de pele diferente. Tentam convencer que a culpa da escravidão e do racismo é dos “homens brancos” e não da sociedade de classes e da opressão e exploração de uma classe social contra outra.

De um lado estamos nós, os trabalhadores e explorados, de outro estão os capitalistas proprietários dos meios de produção. Seguimos confiantes na luta pelo socialismo que deve pôr fim a todas as formas de exploração e ao racismo.

Recusamo-nos a acusar os “brancos”; recusamo-nos a apagar a luta de classes; nós trabalhadores somos irmãos de classe independente da cor da pele, do sexo, da religião, da orientação sexual, do país em que vivemos.

Continuamos firmes na luta por salário igual para trabalho igual, vagas para todos nas escolas e universidades e que sejam públicas e gratuitas, serviços públicos gratuitos e de qualidade para todos, reforma agrária, estatização das empresas privatizadas. Cadeia para os racistas.

De nossa parte continuaremos a relembrar a luta de Palmares, como uma luta desta brava gente brasileira e Zumbi como herói de todo o povo brasileiro.

Viva a Zumbi, herói do povo brasileiro! Viva a unidade dos trabalhadores! Cadeia Para os racistas!

São Paulo, 20 de novembro de 2010
Coordenação do Movimento Negro Socialista

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