Foto: Sputinik Brasil

Sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro do governo Temer

Em primeiro lugar é preciso dizer que o caos instalado no Estado do Rio de Janeiro é resultado da crise econômica mundial do capitalismo e da própria anarquia do sistema capitalista.

No período de crescimento econômico, quando grandes obras (Comperj, Parque Olímpico, BRTs, imóveis residenciais etc.) estavam sendo realizadas e o preço do barril do petróleo ultrapassava os 100 dólares, o Rio de Janeiro transformou-se em um grande polo de atração de força de trabalho e investimentos.

Os governos do PMDB de Cabral a Pezão, apoiados pela direção do PT na maior parte do tempo, endividaram o Estado do Rio de Janeiro como nunca antes e como um de seus resultados venderam a previdência dos servidores estaduais para fundos de investimentos estrangeiros.

Quando esse processo de crescimento transformou-se em seu contrário, quando as obras foram suspensas ou concluídas e o preço do barril de petróleo chegou a 30 dólares, o governo do Estado literalmente quebrou e hoje não há dinheiro para pagar os servidores e investir nos serviços básicos, escolas e hospitais foram fechados e muitos funcionam de forma precária.

O desemprego no Estado do Rio é o segundo maior da Federação. Só perde para Pernambucano, ultrapassa os 15% de desempregados. Então não é nenhuma surpresa que os indicadores de violência sejam tão grandes.

É nesse cenário de caos e depois de muitas ações infrutíferas que o Governo Federal decide intervir no Estado do Rio de Janeiro. Além disso, a ação desvia as atenções da aprovação da reforma da previdência, em um contexto onde o governo está em dificuldades de reunir os votos necessários para aprovar a PEC.

A Constituição Federal prevê a intervenção militar, mas é preciso ouvir o Conselho da República, do qual participa os líderes da minoria na Câmara e no Senado, espaço hoje ocupado pelo PT, que até o momento não foram ouvidos, e o Conselho da Defesa Nacional. Os dois conselhos são órgãos consultivos de assessoramento ao presidente.

Afirmamos que a intervenção militar no Rio de Janeiro não resolverá nenhum desses problemas, só transformará a vida dos moradores das favelas e dos bairros pobres em um verdadeiro inferno. A intervenção militar serve apenas para dar uma satisfação às camadas médias reacionárias da sociedade, e é a expressão da burguesia tentando encontrar uma solução para o caos usando a repressão para abafar os problemas sociais.

A intervenção militar é um atestado de falência do Estado.

Os trabalhadores organizados podem dar um fim à violência e ao sistema capitalista.