Situação política nacional é discutida no segundo dia do 5º Congresso da Esquerda Marxista

Na tarde do dia 23 de abril, o dirigente da Esquerda Marxista Alex Minoru apresentou o informe baseado na Proposta de Resolução Política ao 5ª Congresso da Esquerda Marxista. A plenária abordou a nova situação política aberta no país após a aprovação da abertura do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados.

Na tarde do dia 23 de abril, o dirigente da Esquerda Marxista Alex Minoru apresentou o informe baseado na Proposta de Resolução Política ao 5ª Congresso da Esquerda Marxista. A plenária abordou a nova situação política aberta no país após a aprovação da abertura do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados.

Alex começou destacando que a situação econômica e política do Brasil deve ser analisada de acordo com o contexto mundial, pois o que acontece no país é parte do que acontece ao redor do mundo. Em dezembro de 2015, a burguesia estava dividida, com uma fração majoritária que não estava decidida a ir pelo caminho do impeachment. Durante todo o ano, a FIRJAN, Itaú, Bradesco e a “grande” mídia, como o Estadão e a Globo, se posicionaram contra o impeachment. 

O informe abordou que os analistas imperialistas alertaram para o perigo da aprovação do impeachment. A revista The Economist, após a votação na Câmara, disse que “Toda a classe política decepcionou o país, em um misto de negligência e corrupção. Os líderes brasileiros não vão recuperar o respeito dos cidadãos e superar os problemas econômicos do país a menos que haja uma limpeza geral” e que “aqueles que estão trabalhando pela remoção dela (Dilma) são muito piores”, no mesmo sentido se pronunciaram o jornal The Guardian, El Pais, a rede de TV CNN, etc. Uma capa recente de The Economist coloca o Cristo Redentor com as mãos para cima levantando uma placa com a sigla SOS.

Desde dezembro, quando foi aceito o processo de impeachment por Eduardo Cunha, aprofundou-se a crise econômica e política no país.

A condução coercitiva de Lula, em 3 de março, decretada abusivamente por Sérgio Moro, significou um salto de qualidade em direção à unificação da burguesia para descartar o PT e o governo Dilma.

Segundo Alex, a Operação Lava Jato não tem nada a ver com o combate à corrupção, tratando-se de uma ação para desmoralizar o conjunto da esquerda, abrindo as portas para a criminalização dos movimentos sociais. Como o caso recente de pedido de prisão do DEM ao dirigente do MTST, Guilherme Boulos, por suposta incitação ao crime e formação de milícia. Mas esta é uma lógica que o próprio governo Dilma facilita, com a aprovação da Lei Antiterrorismo. 

Em seguida, no 13 de março, a alta e média pequena burguesia, vestida de verde e amarelo, foi às ruas convocada pela burguesia e sua mídia, em especial a Rede Globo, destilando seu ódio de classe. 

A nomeação de Lula, como ministro-chefe da Casa Civil, buscando evitar a prisão, e a divulgação por Moro dos áudios de grampos telefônicos envolvendo Lula e Dilma, aprofundaram a crise no governo.

Já nos dias 18, 24 e 31 de março, milhares foram às ruas contra o impeachment, contra os abusos do judiciário e da polícia, repudiando a campanha contra a esquerda, mas entre os manifestantes, o sentimento majoritário não era de defesa da política do governo Dilma. Um fenômeno que guarda semelhanças com o que ocorreu no 2º turno das eleições de 2014, quando uma vanguarda de esquerda se reagrupou para derrotar a direita, o PSDB de Aécio.

Mesmo sob o ataque da direita, o governo não deu sequer um passo à esquerda, pelo contrário, continuou atacando a classe trabalhadora. Além disso, foi explicado que os marxistas não defendem o “Estado Democrático de Direito”, o que significaria defender o Estado capitalista. Sob outro aspecto, avaliou-se que não existe base real, na atual conjuntura, para uma Ditadura Militar no país, muito menos para um regime fascista. Os marxistas estão entre o que lutam contra o impeachment, mas não defendem o indefensável governo Dilma.

O capítulo mais recente dessa novela foi o circo de horrores ocorrido na votação de 17 de abril, na Câmara dos Deputados. 

Lula, o PT e a direção da CUT têm medo das massas nas ruas e devem tentar canalizar a indignação popular para vias institucionais, mas o novo período aberto é de intensificação da luta de classes diante da iminência de um governo Temer/Cunha/Aécio, fraco e ilegítimo, de mais ataques contra os trabalhadores. 

Segundo Alex, 4.400 fábricas foram fechadas só em São Paulo durante o ano de 2015. A taxa de desemprego também aumenta. Os ataques contra direitos e conquistas seguem e vão se aprofundar. Esse cenário, somado à desmoralização das instituições burgueses, vai impulsionar a entrada da classe operária na luta, o que pode levar à abertura de uma situação pré-revolucionária no país. 

A tarefa dos militantes da Esquerda Marxista segue sendo contatar o mais amplo leque de estudantes e trabalhadores com nossos materiais políticos e discutir, explicar a situação e a saída necessária, que passa pela construção/reconstrução de um partido de classe no Brasil, colocando nossa proposta por uma frente da esquerda unida, e apontando o caminho da abolição da ordem existente, por uma Assembleia Popular Nacional Constituinte, por um Governo dos Trabalhadores.