Sinsej discutirá controle operário de fábricas

Evento comemora 11 anos de ocupação da Cipla e Interfibra
 
No dia 31 de outubro o Sinsej realiza uma atividade em memória de um dos maiores eventos da história da luta dos trabalhadores brasileiros. Neste dia, completa-se 11 anos que os operários da Cipla e Interfibra, em Joinville, assumiram o controle destas empresas. Eles expulsaram seus patrões que levavam o grupo à falência e elegeram uma Comissão de Fábrica com 40 membros. A atividade ocorrerá às 19 horas, no auditório do Sinsej (Rua Lages, 84, Centro).
 
Uma história de resistência
A decisão de ocupar as empresas foi tomada após oito dias de greve, motivada pelo não pagamento de salários e atraso nas obrigações previdenciárias. Durante cinco anos as fábricas foram administradas pelos trabalhadores democraticamente. O parque fabril foi preservado, os postos de trabalho foram ampliados, a carga horária foi diminuída de 44 para 30 horas semanais, entre outras conquistas.
Porém, os antigos patrões deixaram uma dívida de aproximadamente R$ 500 milhões, sendo que 80% dela correspondia a impostos e contribuições sociais. Ou seja, o maior credor era o governo. Diante disso, os trabalhadores lutavam pela estatização com controle operário. Durante anos, eles cobraram o apoio prometido pelo ex-presidente Lula na campanha eleitoral que o elegeu em 2001. Mas não tiveram sucesso.
Da experiência da Cipla e da Interfibra nasceu o Movimento das Fábricas Ocupadas, que impulsionou a ocupações de 35 fábricas no país. Para o empresariado brasileiro, este era um exemplo perigoso e, ao invés de ajudar, o governo agiu como um braço da burguesia. Nas palavras do juiz que determinou uma intervenção judicial na Cipla, a “moda” não podia “pegar”.
Assim, na manhã de 31 de maio de 2007, mais de 100 policiais federais fortemente armados cercaram a fábrica e impediram a entrada de diversos trabalhadores [Confira o vídeo aqui]. Os membros da Comissão de Fábrica e diversos operários envolvidos na luta foram demitidos por justa causa.
Esta era a única maneira de tomar a Cipla e a Interfibra das mãos dos trabalhadores, já que eles protegiam a administração operária com os próprios braços. Antes da intervenção, conseguiram impedir diversas vezes a execução de determinações judiciais, que retiravam equipamentos do parque fabril.
Atualmente, resta no país apenas uma fábrica ocupada pelos trabalhadores, a Flaskô, em Sumaré, São Paulo [Confira o vídeo aqui]. Ela pertencia ao mesmo grupo de produção plástica da Cipla e da Interfibra.
O fantasma que representava o Movimento das Fábricas Ocupadas ainda ronda a burguesia brasileira. Ajudada pelo Estado, ela continua tentando destruir esta semente de consciência dos trabalhadores. Atualmente, diversos trabalhadores e dirigentes políticos que participaram da ocupação de empresas estão sendo criminalizados, acusados de “formação de quadrilha”, ameaçados de altas multas e prisão.
 
Confira o documentário “Intervenção”, que retrata a história do Movimento das Fábricas Ocupadas:
 
 
O evento
 
Com a atividade, o Sinsej pretende contribuir com a memória da história da classe trabalhadora. Além disso, solidariza-se com a situação dos criminalizados. Todos os servidores municipais de Joinville, Garuva e Itapoá, bem como a comunidade em geral, estão convidados. Irão compor a mesa do evento o advogado Francisco Lessa, que defendeu a luta destes trabalhadores, o vereador petista Adilson Mariano, que os acompanhou desde a primeira greve, e o advogado Alexandre Mandel, que atualmente é membro da Comissão de Fábrica da Flaskô.
 
Foram 35 fábricas ocupadas em todo o Brasil, uma experiência que está na consciência da classe operária