Serra aprofunda a política de privatização na USP

Trabalhadores terceirizados e estudantes fazem ato em frente à Reitoria da USP contra a terceirização.

No dia 25 de março um grupo de manifestantes protestou contra a política de terceirização na USP. O ato reuniu estudantes, dirigentes de Centro Acadêmicos, diretores do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo), trabalhadores terceirizados da USP e teve até interpretação artística da política de exploração que sofre os trabalhadores terceirizados.

Quem motivou a organização do ato foram os trabalhadores da empresa Personal – empresa terceirizada na USP. Segundo explicava o panfleto da convocatória do ato, “Em dezembro de 2009, a empresa “Personal”, que presta serviço de vigilância, não pagou os salários aos trabalhadores. Muitos deles, inclusive, receberam os holerites “zerados”! Se não bastasse, em janeiro a empresa novamente voltou a não pagar o salário de muitos dos trabalhadores, sendo que somente alguns poucos receberam parcialmente seus salários.”

Para enxugar os gastos com a universidade pública o governador José Serra (PSDB) tem aprofundado a política de privatização, através das terceirizações dos serviços na universidade. Como resultado dessa política, a USP tem se tornado um ‘formigueiro’ de empresas privadas, que assumem os serviços que antes era tarefa do poder público. Como o objetivo dessas empresas é somente o lucro, sem nenhum comprometimento com a qualidade do ensino ou o caráter público da universidade, os serviços estão cada vez mais precários e nem os salários estão sendo pagos em dia. Tudo isso é um total ataque aos direitos dos trabalhadores.

Inicialmente, a reitoria da USP disse que “Não temos nada haver com isso!” quando questionados sobre a questão dos terceirizados que não recebiam os salários e que “Trata-se de um problema da empresa”. Após pressão dos trabalhadores e do movimento estudantil a reitoria disse que pagaria os salários de fevereiro, mas afirmando não ser sua obrigação e sim da empresa que ela mesmo autorizou a assumir os serviços. Mas a nota que convocou a manifestação explica que “neste 11 (onze) de março, a Reitoria pagou aos trabalhadores somente parcela do valor devido. Não foram pagos o vale-alimentação, o vale-transporte, e para alguns, pagou somente 70% do mísero salário que deveriam receber.” E mais a frente explica que “Diante da situação clara de abuso contra os trabalhadores, Rodas – “o Reitor do diálogo” – se comprometeu a manter o emprego dos trabalhadores contratando-os através da empresa “prestadora de serviços” que entraria no lugar da “Personal”. Após alimentar a esperança dos trabalhadores de que regularizaria a situação deles e pedir que continuassem em seus postos de trabalho, no dia 19 de março, mandou-os embora, sem pagar os direitos, os dias trabalhados, NADA.”

Durante o ato uma comissão de trabalhadores foi à reitoria para negociar com o Reitor da USP, no entanto, quem os recebeu foi só seus assessores. Rodas assumiu a reitoria com indicação pessoal do governador José Serra e ironicamente disse que sua administração seria marcada pelo diálogo.

Após a reunião a trabalhadora terceirizada da empresa Personal, Márcia F. S. Costa, informou no carro de som aos manifestantes: “duas horas de reunião e não houve resultado de reincorporarão dos trabalhadores por outra empresa”, que era a promessa da reitoria, após rescisão de contrato com a empresa Personal, que continua se negando a pagar os direitos trabalhistas que ficou devendo. “Os atrasados tem que ser pago pela USP, ela que se beneficiou dos serviços prestados por quase 200 funcionários da empresa Personal” afirmou Márcia Costa, dizendo ainda que “vamos sair daqui sem garantia ao menos de carteira ‘baixada’, sem nenhum direito. A Personal e os representantes da reitoria simplesmente disseram para nós procurarmos a justiça”.

Além da Personal, existem outras dezenas de empresas terceirizadas na USP, em praticamente todos os setores, da administração à limpeza e vigilância. Todas elas possuem denúncias de irregularidades com os trabalhadores, inclusive a maior delas, a Evik, que possui 800 trabalhadores só na USP. Com a terceirização a USP repassa dinheiro público diretamente para as empresas, a maior parcela fica para enriquecer os seus proprietários e a minoria vira salários para os seus empregados, sempre muito abaixo do que receberia um funcionário público da universidade.

A terceirização é também uma forma de acabar com a luta dos trabalhadores por uma universidade de qualidade, pois o servidor público precisa lutar para que a universidade continue pública, sendo essa a garantia da continuidade de seu emprego, diferente do trabalhador terceirizado que não tem vínculo empregatício com a universidade.

A terceirização, forma disfarçada de privatização, tem mesmo tomado conta da principal universidade pública do país. E quando o assunto são as fundações, é ainda mais espantoso, segundo a Associação dos Docentes da USP – Adusp, hoje existem mais de noventa empresas atuando como fundações de apoio. Serra aplica essa política para destruir o ensino público de qualidade e entregá-la para virar fonte de lucro aos capitalistas.

É preciso continuar a mobilização, por uma universidade 100% pública e de qualidade! Que efetive todas as vagas que hoje são ocupadas por terceirizados e amplie-as ainda mais, com salários dignos e todos os direitos! Pelo fim da terceirização e da privatização!

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