Seis anos de guerra civil na Síria: horror sem fim

Há seis anos, o Oriente Médio era varrido por um poderoso vento de mudanças que ficaria conhecido como Primavera Árabe. Uma após a outra, as ditaduras que oprimiam os países da região eram desafiadas pelas massas nas ruas. Pressionadas como nunca antes, muitas delas não resistiram e caíram, como Mubarak no Egito e Ben Ali na Tunísia.

Na Síria, governada pela família Assad desde os anos 70, o regime resistiu à pressão das ruas, sobretudo devido à ausência de uma alternativa clara de esquerda para os manifestantes.  O vácuo político fez com que a revolta perdesse qualquer caráter progressista e contribuiu para o estopim do conflito armado mais sangrento deste século.

O principal responsável por tão trágica mudança de rumos é o imperialismo. Foi o Ocidente e seus aliados na região que trouxeram organizações extremistas como Al Qaeda, cuja frente local, conhecida como Al-Nusra, integra o que os políticos americanos e europeus chamam, sem pudor, de “rebeldes moderados”.

Para piorar o cenário, vimos ainda o surgimento do famigerado Estado Islâmico. Fruto de uma divisão da Al-Qaeda, essa organização soube aproveitar o caos gerado pela guerra civil na Síria para conquistar um território próprio. Mais tarde, o grupo expandiu seus domínios para o norte do Iraque, desafiando o governo dos fantoches deixados pelos americanos e expondo ainda mais as contradições da política imperialista na região.

Mas mesmo com o extremismo religioso e o consequente desvirtuamento da luta, o regime de Assad não teria sobrevivido até aqui sem o apoio dos russos. Ansioso para salvar seu último aliado na região, Putin enviou às pressas seu poderio militar para restabelecer o equilíbrio do conflito.

Por equilíbrio, entenda-se capacidade de matar e destruir. A guerra civil na Síria hoje é um conflito entre diferentes facções que disputam o poder, nada mais. A dramática realidade vivida pelo povo sírio é uma boa amostra do que o capitalismo reserva para a humanidade daqui para a frente: miséria e barbárie.