Saudação da Esquerda Marxista pelos 10 anos da Flaskô

 

Em 12 de junho de 2013 a Fábrica Ocupada Flaskô completa 10 anos de luta pela estatização e pelo controle operário! Trata-se de uma heroica luta pela manutenção dos postos de trabalho e direitos. Desde cedo, desde a ocupação da CIPLA e Interfibra em Joinville, durante as eleições que deram a vitória a Lula em 2002, o movimento se colocou na perspectiva da luta internacional.

Imersa em uma situação pré-revolucionária que se desenhava, a ocupação da CIPLA e Interfibra, que estiveram na origem do Movimento das Fábricas Ocupadas, ao mesmo tempo em que procurava se estender pelo maior número possível de fábricas no Brasil, procurou também conectar-se aos trabalhadores de outros países.

Esta batalha, logo enfrentou à resistência dos sindicalistas que de início, pegos desprevenidos, apoiaram timidamente o movimento para logo em seguida o abandonar. Essa mudança ocorreu junto com a ruptura de vários dirigentes com os princípios constitutivos da CUT e do PT. Avançaram juntos com Lula, a passos largos, na via da colaboração de classes, bloqueando a fazendo recuar o ascenso que se delineava.

Presos à colaboração de classes nada puderam oferecer ao movimento a não ser pratos indigestos: as cooperativas que transformavam os operários em sócios empresariais das fábricas, ou entregar as empresas a outros patrões.

Os esquerdistas e sectários simplesmente arrestavam os bens das fabricas que quebravam, aceitando as demissões e negociavam o pagamento parcial dos direitos subtraídos aos trabalhadores.

Para ambas as posições, a ocupação e controle operário das fábricas, a luta por sua estatização, era uma aberração. Aos sectários, agarrados nos aparelhos sindicais, as ocupações e a luta pela estatização surgiam como antíteses dos sindicatos. Para os colaboracionistas de classes, a heresia se dava porque, porque as ocupações truncavam seu projeto de embelezamento e humanização do capitalismo.

A burguesia foi mais direta, desde cedo compreendeu que as ocupações de fábricas lhes tirariam o sangue vital para o funcionamento do capitalismo: a propriedade privada dos meios de produção e exploração da força de trabalho. Não podia aceitar que o excedente do trabalho social e coletivo dos operários se destinasse exclusivamente à sobrevivência e bem estar social dos produtores de toda a riqueza: os trabalhadores.  

As batalhas em defesa e ampliação do movimento se chocaram com os ataques incessantes que viriam a culminar na criminalização dos dirigentes e na invasão militar realizada na Cipla em maio de 2007.

A busca de aliados internacionais entre os trabalhadores

O Movimento das Fábricas Ocupadas seguindo o caminho de sua ampliação dentro e fora do país, ocupando no Brasil mais de 20 fábricas, amplificou a luta pela estatização e implantou os Conselhos de Fábricas. Fora do país se encontrou com outros movimentos de ocupações na Argentina, na Venezuela, etc…  

Os trabalhadores da CIPLA e Interfibra, desde o começo apoiados e orientados pelos militantes da Esquerda Marxista, vão à Brasília para se encontrarem com Lula e na volta realizam uma histórica Assembleia em frente à fábrica Flaskô e esta decide por sua ocupação.

As três fábricas juntas, CIPLA, Interfibra e Flaskô marcharam ao encontro de seus irmãos de classe e realizam o primeiro Encontro das Fábricas Ocupadas e Recuperadas pelos Trabalhadores, em Caracas, em outubro de 2005.

A experiência das lutas do Movimento das Fábricas Ocupadas no Brasil atravessou oceanos e chegou ao Iraque, Turquia, Itália, dentre outros.

10 anos de combate e resistência

Hoje ao comemoramos os 10 anos da ocupação da Flaskô rendemos nossas homenagens aos trabalhadores da Cipla e Intefibra, que foram brutalmente expulsos e demitidos das fábricas. Rendemos nossas homenagens aos trabalhadores, aos membros dos Conselhos de Fábricas que foram demitidos pelo interventor após a ocupação militar das tropas da Polícia Federal do governo Lula.

Mas a Esquerda Marxista, antes de tudo rende suas homenagens aos operários da Flaskô que até hoje resistem na defesa de seus postos de trabalho e na luta pela estatização da fábrica e pelo controle operário, em condições extremamente difíceis, de isolamento e de calmaria na luta de classes, tendo que enfrentar permanentemente as ordens de despejo, os leilões de máquinas, os cortes de energia elétrica, a sanha e a ganancia das aves de rapinas que seguem fustigando e ameaçando com processos de todos os tipos, com ameaças de prisão aos companheiros que mais se destacaram nas lutas, nos Conselhos da Cipla, Intefibra e Flaskô.

O Movimento das Fábricas, hoje continuado com a luta da Flaskô, é a prova inequívoca de que a classe operária pode tudo. Dela depende tudo, pois é dela que se origina toda a riqueza, e é nela que repousa o futuro de toda a humanidade. A Flaskô segue sendo a experiência viva deste combate.

A Esquerda Marxista se orgulha por ter diretamente participado das lutas da Cipla e Intefibra e de todas as fábricas ocupadas, se orgulha de que a luta pela estatização e pelo controle operário segue com a Flaskô, a mesma luta que iniciará em todo o mundo o socialismo com a edificação da República Universal dos Conselhos Operários e libertar o conjunto da humanidade da exploração capitalista e de sua barbárie!

Viva a Flaskô! Viva a luta por sua estatização e pelo controle operário!

A classe operária é internacional! Viva os trabalhadores de todo o mundo!