Repúdio aos ataques de grupos de direita às manifestações populares em Brasília

Desde março desse ano, a partir das manifestações da direita, estavam acampados na Esplanada dos Ministérios em Brasília, um grupelho que se intitula “Acampamento Patriota”. No último dia 18 de novembro, o policial civil do Maranhão, Marcelo Penha, participante desse acampamento, disparou tiros para o alto, em clara ação para intimidar os participantes de uma manifestação popular.

Desde março desse ano, a partir das manifestações da direita, estavam acampados entre o Ministério da Justiça e o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores), na Esplanada dos Ministérios em Brasília, um grupelho que se intitula “Acampamento Patriota”.

Eles se comportaram, enquanto estavam acampados, como um verdadeiro cão de guarda dos políticos mais reacionários do Congresso Nacional. Tal grupelho reivindica a “intervenção constitucional militar”, louvando o Golpe de 1964 e a Ditadura Militar. Apenas considerando este “singelo” ponto de pauta autoritário e conservador, já se é capaz de ver do que se trata tal movimento!

Nos últimos dias, agravou-se a ocorrência de ataques violentos às manifestações populares, originados por tal grupelho, que contou com o apoio de alguns militares, conforme dito por sua própria liderança à mídia.

O primeiro fato se deu na noite do dia 12 de novembro, um dia antes da caminhada da juventude reunida no 41º CONUBES. Um membro do “Acampamento Patriota” foi detido após serem encontrados em seu veículo: uma arma de fogo, um canivete, um soco inglês, correntes, vários “abridores de coco” e 12 latas de spray de pimenta. Contudo, depois de ter seu arsenal detido, o policial reformado foi liberado.

Provavelmente por conta da apreensão de todo esse armamento, somente realizado graças a um desentendimento entre os que defendem a intervenção militar e os que se restringem à defesa do impeachment de Dilma, é que a passeata dos estudantes não sofreu ataques.

Mas no dia 18 de novembro, durante a Marcha das Mulheres Negras, o mesmo “patriota” detido com as armas, o policial civil do Maranhão, Marcelo Penha, disparou tiros para o alto, em clara ação para intimidar os participantes da manifestação. Além dos tiros há relatos de ofensas e atos racistas por parte de outros raivosos de direita. Independente da pauta política da marcha, que contém pontos com os quais não temos acordo, nós repudiamos veementemente esse ataque ao direito de manifestação, com a ação violenta contra ativistas do movimento popular.

Ainda no mesmo dia, outro “patriota” realizou disparos para o alto no acampamento da CUT que se constituía no gramado do Senado Federal em frente ao Congresso Nacional.

Interessante observar como pessoas em flagrante delito, portando armamento e intimidando a população abertamente, é “averiguado” e depois liberado, enquanto outros são duramente enquadrados e encarcerados. Caso de Rafael Braga, sentenciado a 5 anos de prisão por portar duas garrafas de plástico, contendo água sanitária e desinfetante durante as manifestações populares de 20 de junho de 2013 (veja mais sobre em RAFAEL, MAIS UM PRESO POLÍTICO CONDENADO).

No gramado do lado da Câmara dos Deputados, a princípio com autorização de Eduardo Cunha, encontrava-se, desde outubro de 2015, outro acampamento liderado pelo denominado “Movimento Brasil Livre”, que promoveu as manifestações da direita ao lado de outros grupos de direita como “Revoltados On Line” e “Vem Pra Rua”. Alegam ser diferentes dos que defendem a volta da ditadura militar e que atacam as manifestações populares (mesmo coadunando e marchando lado a lado com tal grupelho em suas últimas manifestações!).

Estes grupos pró-impeachment dizem não ter nada que ver com os conflitos descritos acima, mas não medem palavras para criminalizar as manifestações populares e lançarem suas setas preconceituosas e racistas ao justificarem os atos do grupelho da intervenção militar. Em vídeos postados por seus membros, afirmam que os tiros foram proferidos porque “participantes da marcha das mulheres negras haviam roubado celulares do outro acampamento” e que os participantes da marcha “haviam agredido membros de seu acampamento, lançando rojões e atacando verbalmente”, sem, contudo, apresentarem quaisquer provas que testificam tais afirmações.

Ao mesmo tempo, tentam desmoralizar qualquer manifestação popular classificando-as como de defesa dos corruptos.

Os grupelhos que defendem a ditadura militar não são levados a sério por nenhum setor consequente da burguesia. Os que defendem o impeachment estão cada vez mais isolados, com suas manifestações tendo se desmoralizado no decorrer do ano, apesar de todo apoio dado pela grande mídia. Em 21 de novembro, os dois acampamentos foram expulsos, a mando de Cunha, Renan e do governo do DF.

A realidade é que as manifestações da direita só conseguiram expressar um ódio e preconceito de classe da pequena burguesia a reboque da burguesia, com uma vazia bandeira de “Fora Dilma”, mas concretamente, não apresentavam nenhuma proposta política e econômica diferente da que vem sendo aplicada pelo próprio governo Dilma, submisso aos interesses capitalistas.

Eles suplicam pelo Mercado Livre, pelo Estado Burguês mínimo, pela “flexibilização” total dos direitos trabalhistas e força total aos patrões nas negociações salariais, pela privatização de todo o patrimônio público, pelo fim dos “comunistas no poder” (como se soubessem realmente do que falam!) e outras aberrações de igual nível. Enquanto isso, o governo aplica a mesma pauta econômica e ataques aos trabalhadores. Todos estão na mesma ciranda solfejada pelo capitalismo!

O conjunto da situação evidencia o momento de crise política e econômica conformada pelo capitalismo. Sinaliza a urgência da organização independente da juventude e do proletariado para combater o assanhamento desses grupelhos de direita, para lutar em defesa dos direitos conquistados e pelas reivindicações, abrindo caminho para a ruptura com o atual sistema, pela revolução, pelo socialismo.