Repressão contra estudantes

Relato de um estudante da Fundação Santo André:

O início
Os estudantes da FSA (maioria da FAFIL) se reuniram em assembléia ontem (dia 13/09) às 19:30hrs para encaminhar ações efetivas contra o aumento abusivo de mensalidades apresentado pela reitoria esta semana. Além do anúncio desses aumentos, a reitoria vem implementando nos cursos da FSA uma lógica mercadológica, trazendo o sucateamento dos cursos e diversos problemas como: falta de professor, laboratórios lotados, salas lotadas, problemas de infra-estrutura, etc.

Os alunos, frente a todos esses ataques, resolveram se mobilizar em torno dessas reivindicações para exigir providências desta reitoria.

Em passeata, seguiram rumo à reitoria para dar continuidade à assembléia.
O movimento se radicalizou e decidiu pela ocupação da reitoria como forma de protesto.

A ocupação
A ocupação foi feita por volta das 20:30hrs, onde boa parte da assembléia permaneceu em frente à reitoria e outra parte entrou de fato no prédio. Em votação, os alunos presentes decidiram ficar no prédio por tempo indeterminado, onde aguardariam uma possível resposta do Reitor (que nem sequer estava no campus e nem mesmo deu as caras) e do conjunto da direção da faculdade.

As comissões já estavam organizadas dentro da ocupação (segurança, organização, comunicação) para manter o movimento e dar continuidade às reivindicações; garantindo segurança, alimentação e elaboração de materiais que servissem de divulgação do ato para o conjunto dos estudantes da faculdade, ampliando nossa luta.

A polícia
Durante as reuniões das comissões, no interior do prédio, a polícia militar apareceu anunciando enfrentamento caso os estudantes não desocupassem a reitoria.

Os estudantes, preocupados com o andamento do movimento, exigiram negociação da pauta de reivindicações, com a reitoria, como condição para a desocupação.
Os policiais foram intransigentes: disseram que iam entrar!

Todos sabemos que a polícia cumpre um papel reacionário, de defensora da burguesia e de repressora dos movimentos sociais, entretanto, os estudantes que estavam na ocupação decidiram enfrentar a polícia, apostando no mínimo de escrúpulo destes policias, achando que eles não seriam capazes de invadir com violência… Ledo engano!

A repressão
A invasão dos policiais fez lembrar os anos de ditadura militar no Brasil, onde os estudantes eram massacrados pela polícia inescrupulosamente. A tropa de choque (isso mesmo!!! Nos trataram como se fossemos terroristas perigosos, prontos para explodir a faculdade!!!) entrava ao passo que gritavam: “Vocês vão apanhar como bandidos!”, “quem estiver na frente leva pau”, “aqui é assim, é coisa de homem”, numa atitude autoritária, extremamente violenta e, inclusive, machista.

Os estudantes, sem ter pra onde correr ou se defender, conseguiram escapar pelos corredores do prédio, onde entraram na casa de uma vizinha. Alguns não tiveram tempo de sair do prédio e foram espancados pela tropa de choque.

Enquanto víamos nossos amigos apanharem feito bichos, do outro lado do muro, os policiais faziam provocações e jogavam bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, dizendo que quem saísse “iria apanhar até não agüentar mais”.

Depois de um tempo, quando os alunos já estavam em pânico e sem saber o que fazer, decidimos sair da casa, de mãos dadas, para a rua, onde havia uma certa movimentação de vizinhos, e que, achamos, eles não seriam capazes de promover outro massacre na frente destes civis. Nos enganamos novamente… As viaturas passavam em alta velocidade, abrindo suas portas tentando acertar quem estivesse no meio do caminho… Alguns estudantes foram presos imediatamente… Quando as viaturas saíram da rua, nos reunimos de novo para decidir o que fazer, e eles voltaram… Desceram da viatura batendo com os cassetetes nas mãos em tom de ameaça e partiram, mais uma vez, para cima dos estudantes…

Desta vez, muitos outros foram levados à DP, e os que conseguiram escapar foram em marcha à DP.

Reflexão
Toda esta atitude da polícia e da reitoria (que não apareceu para dar satisfações e exigiu a presença do choque) nos leva a uma conclusão: este é o papel que cumpre a direção da Fundação Santo André: LUCRO!!!

Se esta reitoria estivesse de fato preocupada com a qualidade de ensino na Fundação e tivesse o mínimo de respeito pelos seus alunos, tomaria providências imediatas quanto à falta de professores, investiria na qualidade de ensino e não roubaria nosso dinheiro como vem roubando há anos!!! Muito menos chamaria um bando de trogloditas fardados para reprimir uma manifestação legítima como a de ontem.

Se a ocupação de ontem não conseguiu ser de todo vitoriosa, podemos ter certeza de que serviu para impulsionar o movimento dos estudantes na faculdade, e que, somente desta forma, nos mobilizando e nos organizando, teremos alguma chance de preservar o que queremos: EDUCAÇÃO.

EI REITORIA!!!
EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA!!!