Relatos do ato de apoio à Aldeia Maracanã- 9 de novembro de 2012

Dia 9 de novembro, a Aldeia Maracanã realizou um ato nacional abordando todas as lutas indígenas que estão em curso nesse momento no Brasil, com destaque para sua luta que objetiva instituir um Centro Cultural Indígena no centenário prédio do antigo Museu do Índio, que o Governador Sergio Cabral quer demolir.

Dia 9 de novembro, a Aldeia Maracanã realizou um ato nacional abordando todas as lutas indígenas que estão em curso nesse momento no Brasil, com destaque para sua luta que objetiva instituir um Centro Cultural Indígena no centenário prédio do antigo Museu do Índio, que o Governador Sergio Cabral quer demolir.

O evento teve início na parte da tarde com a participação de cerca de 300 pessoas. Na primeira etapa foram feitas falas de índios do Chile, etnias brasileiras, representantes de entidades de movimentos sociais e diversos outros apoiadores. As intervenções foram marcadas pela tradição indígena: músicas, orações e palavras de ordem em suas línguas originais.  Foram feitas duríssimas críticas à imagem das civilizações indígenas como se estas tivessem apenas 512 anos de história, como se a história dos indígenas se iniciasse com a chegada dos colonizadores. Foram registradas defesas das tradições indígenas, explicação de que se eles estão na cidade é por necessidade, uma vez que em suas terras nativas o índio está sendo atacado e expulso. Também não faltaram críticas à grande mídia que não noticia a resistência da Aldeia Maracanã e outros conflitos, entre outras.

Em seguida, o microfone foi aberto e vários representantes dos movimentos sociais (parlamentares, dirigentes sindicais, militantes do movimento estudantil, etc) prestaram seu apoio aos povos indígenas e sua cultura, sobretudo aos Guarani-Kaiowá, no MS, e à Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro.

Em quase todas as falas ouviram-se manifestações críticas ao autoritarismo do Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e ao descaso das autoridades em apoiar a causa indígena, desse modo contribuindo para o massacre da sua cultura e do seu povo.

Após as falas, as centenas de pessoas que participavam do ato foram para as ruas onde deram uma volta em torno do quarteirão do Complexo Esportivo Maracanã. Destacamos que o entusiasmo do movimento era contagiante. Com carro de som, cartazes, instrumentos musicais e corpos pintados a manifestação seguiu, abaixo algumas palavras de ordem que foram cantadas:

– Ôoooh, Cabral é ditador, Cabral é ditador, Cabral é ditador…

– Também sou índio e vim lutar, defender Maracanã e Kaiowá!

Após a passeata, que explicou à população o motivo do ato, passou-se para o momento de valorização de produção cultural indígena. Assim, em torno de uma fogueira inúmeras canções foram repetidas e dançadas alegremente por todos os presentes.

No momento final, mais à noite, discutiram-se em detalhes as dificuldades enfrentadas pela Aldeia Maracanã na ordem dos embates jurídicos, uma vez que o Governo Estadual deseja caçar a liminar que impede a demolição do antigo Museu do Índio antes da realização de estudos sobre seu tombamento. Explicou-se o quanto é importante uma visibilidade ampla dessa mobilização e do apoio das entidades e pessoas sensíveis a essa causa. Foi um momento de discussão dos desdobramentos práticos sobre a luta política, que pode garantir a permanência, a não demolição do prédio e a instauração, no local, de um Centro Cultural Indígena.

Liminares casssadas e mobilização em alerta máximo!

Enquanto esse artigo era fechado, recebemos a notícia de que a presidente do TRF-2, desembargadora federal Maria Helena Cisne, cassou as duas liminares que impediam a demolição do prédio ocupado pela Aldeia Maracanã.

Este é o momento mais delicado que atravessa o movimento, é necessário todo apoio à Aldeia Maracanã. Os índios estão fazendo um apelo para que mais pessoas possam reforçar a ocupação nesse momento, se dirigindo ao local e divulgando a causa. Os índios também pedem contribuição de alimentos não perecíveis, agasalhos, material de limpeza, higiene pessoal, etc. Enquanto isso, o apoio jurídico questiona na justiça a remoção da Aldeia Maracanã e a demolição do prédio.

Segue um vídeo do cacique da aldeia, Carlos Tukano, denunciando a arbitrariedade e fazendo um apelo pela solidariedade popular.

[VÍDEO]

http://www.youtube.com/watch?v=X2LxC9yPObg&feature=youtu.be

Governador Cabral, dialogue já!

Não à demolição e pela recuperação do prédio do antigo Museu do Índio!

Pela instauração do Centro Cultural Indígena, sob administração da Aldeia Maracanã!

NOTA: Quem quiser ler mais a respeito do tema, indicamos o artigo “Sobre o conflito entre a Aldeia Maracanã e o Governador da Copa” no link: 

https://marxismo.org.br/?q=blog/2012/10/30/sobre-o-conflito-entre-aldeia-maracan%C3%A3-e-o-governador-da-copa

*Felipe Araujo

Militante da Juventude Marxista

Estudante de Filosofia da UFRJ

felipe.araujo87@hotmail.com

crédito da foto: Mariana Araújo