Que fazer depois da Marcha a Brasília?

É preciso dar um passo à frente, organizar a luta desde baixo, no chão de fábrica, construindo a Greve Geral.

A CUT e as Centrais Sindicais levaram a Brasília 50 mil trabalhadores para exigir que os deputados votassem favoravelmente às propostas do interesse do movimento operário, no caso presente, a favor da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução dos salários.

Mais uma vez os picaretas do parlamento, manobraram, e empurraram a decisão para sabe-se lá quando e fizeram com que aqueles que viajaram até mesmo dias e noites nas péssimas estradas, arriscando a própria vida, voltassem sem nada de concreto na bagagem.

A partir de agora a CUT, que levou para a marcha cerca de 30 mil trabalhadores, tem a responsabilidade de rever essa tática. As marchas, sem dúvida, são importantes, mas insuficientes para dobrar a espinha dos picaretas. A experiência concreta da luta de classes nos mostra que os representantes da burguesia no Congresso Nacional estão pouco se lixando para as reivindicações do povo trabalhador.

A CUT, pela sua legítima representação perante os trabalhadores, deve discutir e preparar uma ação mais incisiva para arrancar as reivindicações e impor a redução da jornada aos representantes dos patrões no legislativo federal. Lula poderia fazer um decreto, uma medida provisória, mas prefere manter os compromissos com os picaretas.

É inconcebível que após sete anos do Governo Lula ele não tenha feito aprovar nenhum projeto que significasse grandes avanços aos trabalhadores. Existem várias empresas que já praticam a jornada de 40h e outras, por força de acordos com os sindicatos, praticam até jornadas mais reduzidas, arrancadas muitas vezes com greves.

Não dá para seguir realizando marchas que nada conquistam, não dá para seguir marchando sem preparar a luta na base.

As CUTs regionais devem fazer um balanço dessa marcha e sinceramente admitir que é necessário organizar a luta desde baixo, no chão de fábrica, construindo a Greve Geral.

A CUT nacional deve implementar tal medida em todo o país, pois do contrário vamos nos desmoralizar e isso é o que a direita quer: cansar e desmoralizar e, a partir daí, enterrar o projeto de redução da jornada e impor outras derrotas.

É necessário que os trabalhadores exijam de Lula que ele tenha uma postura condizente com seu passado de trabalhador, exijamos dele um decreto reduzindo a jornada e garantindo os direitos. Lula é fundador da CUT, nada mais natural que nós trabalhadores cobremos dele claros compromissos em atendimento às reivindicações.

Caso isso não aconteça os trabalhadores podem se frustrar e cada vez mais virarem as costas à CUT. Isso é perigoso. Neste ano eleitoral que se aproxima os trabalhadores buscarão manifestar seu repúdio e a CUT deve tratar de ajudar a enterrar o Congresso de picaretas e impor a soberania da maioria do povo. Cada vez mais, maiores e maiores parcelas dos trabalhadores estão aprendendo que “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores!”.

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