Lula e a nova presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, durante o 6º Congresso do Partido. Foto: Lula Marques/Agência PT

PT: Direção nova, política velha

Em meio a uma das maiores crises políticas desde o seu nascimento, o PT realizou o seu 6º Congresso Nacional no início de junho. A fragmentação do partido iniciada com o estelionato eleitoral após as eleições presidenciais de 2014 e agravada e pelas derrotas eleitorais em 2016 foi desacelerada pela estúpida burguesia nacional ao impor o impeachment de Dilma. Desacelerou, mas ao não romper com a política de conciliação de classes e defesa das instituições o PT, a sigla segue se distanciando de seu programa de fundação.

O PT nasceu como nenhum Partido na história do país surgiu. Em sua carta de princípios, proclamava a fundação de um partido sem patrões e que se recusava a aceitar em seu interior um representante das classes exploradoras. Nos dias de hoje, isso é muito diferente. O PT já não se diferencia dos outros partidos. Abandonou seus princípios e a conciliação de classes foi a mais forte marca de seus governos. Seus dirigentes esqueceram que o PT tinha por principio acabar com a relação de exploração do homem pelo homem.

Mesmo após o impeachment, o PT se nega a fazer a autocrítica, como disse Lula na abertura do Congresso: “não estamos aqui para discutir os governos de Lula e Dilma”. Antes ainda havia falado que, com exceção do PT, os partidos no Brasil são montados com base em interesses eleitorais, mas o fato é que o partido fundado com princípios de classe hoje nada mais é que mais uma peça do jogo eleitoral, sua diferença está em sua origem e em nada mais.

Esse Congresso do PT foi apenas um esforço da direção majoritária em reagrupar o partido, mas o fato é que as divisões estão claras. A disputa entre seis chapas em torno de um programa “unitário” escancara a disputa pelo aparelho. Os discursos fisiológicos ignoram a história da sigla e de sua fundação.

Em um texto publicado no site do PT, está expresso: “a realização do encontro ajudou a unir o Partido dos Trabalhadores em torno de três grandes pautas: a queda do presidente golpista Michel Temer, a realização de eleições diretas e a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República.”

Ao menos no texto está o Fora TEMER, mas a saída apontada pelo congresso é a legitimação das podres instituições burguesas. Mesmo após sofrer um “golpe” de seu companheiro de chapa, o PT se limita a manter a batalha no terreno institucional. Dilma por exemplo afirmou que não é vergonha perder eleição, é perder e ganhar no tapetão. Mas quem ganhou no tapetão? Temer era seu companheiro de chapa. O programa? O programa que Dilma vinha aplicando era justamente aquele que foi derrotado nas urnas e que estava sendo aplicado em um verdadeiro estelionato eleitoral.

O PT tem uma nova presidente, a senadora Gleisi Hoffmann, mas a política continua a mesma. O combate do partido se limitará à arena eleitoral. Uma nova direção que não apresenta nada de novo e que deve conduzir o partido para longe dos trabalhadores. O PT está morto como partido de classe e a alternativa só pode ser construída nas ruas e nas lutas.