Porque a emancipação da mulher é uma questão de classe?

Neste 8 de março, data de comemoração das mulheres operárias, temos que sacudir alguns dos muitos preconceitos e más interpretações sobre o marxismo e esclarecer nossa concepção do papel que as mulheres desempenharão no socialismo e, claro, na luta por essa nova ordem dentro do movimento operário.

Neste 8 de março, data de comemoração das mulheres operárias, temos que sacudir alguns dos muitos preconceitos e más interpretações sobre o marxismo e esclarecer nossa concepção do papel que as mulheres desempenharão no socialismo e, claro, na luta por essa nova ordem dentro do movimento operário.

Recentemente encontrei um blog que, entre vários erros, citava o “Manifesto Comunista” como um dos livros mais nefastos, acusava a Marx e Engels de querer “socializar a mulher” ao ponto de “que se perdesse qualquer rastro de paternidade entre seus filhos”. Além de citar o Manifesto como “uma das bases teóricas do Feminismo”.

Como premissa traço a clara tendência ultradireitista do responsável por esse site. O Marxismo não tem nenhum ponto de comparação com o movimento Feminista; o movimento feminista tem um caráter pequeno-burguês, além disso qualquer tendência, instituição e movimento que divida a luta do proletariado, é reacionária. Os marxistas explicamos que o que mantém oprimidos aos operários e operárias é o sistema capitalista. A origem dos problemas tem uma base material.

Lutar para mudar as condições de vida das mulheres dentro do sistema é indispensável, evidentemente. Porém, acreditar que as condições de vida das mulheres dentro do capitalismo serão superadas sem luta política ombro a ombro com os operários é totalmente reacionário e inútil. Nos pormenores, esses movimentos feministas exigem, por exemplo, que o trabalho produtivo que as mulheres realizam em casa – que é um trabalho escravizador – seja remunerado e os marxistas, por outro, lado propõem a incorporação da mulher na vida produtiva, com igual remuneração que os homens, o que dará a todas elas independência econômica. Muitas mulheres no país suportam todo tipo de violência por falta de independência econômica, então propomos que, para que as mulheres não cumpram uma “dupla jornada de trabalho”, o Estado crie creches públicas, restaurantes públicos e lavanderias públicas, pois somente dessa maneira a mulher será libertada de todo o lastro capitalista.

Nos acusam de querer destruir a “instituição família”. Semelhante hipocrisia é insuportável e digna de parasitas repulsivos, como os capitalistas donos dos meios de produção. São esses parasitas os que há tempo destroem essa instituição que tanto adulam, ao roubarem dos operários e operárias o tempo e a capacidade física e mental de se dedicarem aos seus familiares. São as longas horas de exploração, os miseráveis salários e o ambiente social que eles engendram que nos mantém a todos em um estado de estresse mortal, digno de levar-nos ao caixão.

Queremos socializar os meios de produção, não é um segredo para ninguém, temos que expropriá-los sem nenhuma indenização, porque essa propriedade que chamam de sua, custou anos e anos de exploração de milhões de trabalhadoras e trabalhadores. Somos marxistas porque nossa claridade não deixa lugar ao seu jogo asquerosa de exploração assalariada. Tudo aquilo que chamam de “seu” pertence a nossa classe proletária, pois eles se apropriaram de toda mais-valia produzida pelo proletariado internacional.

Em nenhuma parte, nem Marx nem Engels propuseram socializar sexualmente a mulher. No Manifesto Comunista, Marx e Engels propõem uma sociedade socialista onde a produção seja planificada sob controle operário, onde as colunas que movem a economia estejam em poder da maioria proletária, onde a necessidade de todos seja satisfeita, onde se libere a mulher do papel de escrava a que o capitalismo a condena. Em uma sociedade assim, os casais estariam juntos por um vínculo real, livres de interesses materiais.

Em lugar nenhum encontraremos na teoria marxista tal deformação como essa da “socialização da mulher”, que significa condená-la à escravidão sexual, conforme entendida pelos censores do marxismo.

Contra qualquer má interpretação, propomos a leitura e o debate de nossas obras. Os burgueses conhecem perfeitamente o estado de opressão à qual o sistema submete as mulheres, sobretudo as mulheres mais pobres, sem capacidade de obter uma educação de qualidade, o descanso, a cultura e a tudo aquilo que a classe burguesa pode possuir em uma vida livre de quaisquer amarras.

Os marxistas lutam para incorporar a mais mulheres dentro da luta por uma nova ordem social, política e econômica, pelo Socialismo, pois conhecemos a interminável lista de grilhões, obstáculos e atraso geral em que serão mantidas as mulheres, enquanto não se dê o salto de qualidade para um sistema socialista. Só assim seremos, Mulheres e Homens, capazes de nos desenvolvermos sem nenhum obstáculo material e espiritual que a classe exploradora cria e mantém para nossa submissão e morte.

Pela organização política de mais mulheres trabalhadoras!

Por uma formação marxista!

Proletários do mundo uni-vos!

 

Tradução: Marília Carbonari