Por que Cunha aceitou o pedido de impeachment de Dilma?

Eduardo Cunha segue jogando e manobrando para se salvar. O que significa a aceitação do pedido de abertura do processo de impeachment de Dilma e qual deve ser a posição da classe trabalhadora sobre isso?

No dia 2 de dezembro a bancada do PT na Câmara dos Deputados se reuniu de manhã e decidiu que os três deputados do partido que são membros da Comissão de Ética deveriam votar a favor da abertura de processo para investigação do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Ato contínuo, reuniu-se a sessão conjunta (Câmara e Senado) para decidir sobre o projeto de redução da meta fiscal do ano de 2015, que permitiria o governo fechar o ano com um déficit de R$ 119 bilhões. O governo conseguiu maioria e aprovou o projeto, apesar da obstrução do PSDB e do restante da oposição.

No mesmo instante, alguns blogs davam conta que Cunha se reunia com Aécio Neves. Tendo ou não ocorrido a reunião, o fato que determinou a ação de Cunha foi o posicionamento dos deputados do PT na Comissão de Ética, apesar da pressão do Planalto para salvar Cunha.

A decisão de Cunha – permitir que o processo de impeachment de Dilma seja aberto – não segue o interesse da fração majoritária da burguesia. Afinal, este governo se dobra inteiramente aos seus desejos e encaminha seus projetos. A volta da CPMF, os corte no orçamento em áreas sociais, a previsão de discutir a reforma da previdência, ou seja, o Ajuste Fiscal está sendo encaminhado. E nesta hora, por um “probleminha pessoal” Cunha vem atrapalhar tudo? A verdade é que a possibilidade de impeachment amplia uma instabilidade que não é boa para seus negócios.

A Esquerda Marxista não apoia essa manobra de Cunha para salvar sua pele, nem as ações do conjunto da oposição burguesa parlamentar (PSDB e outros) que podem vender a avó ao diabo em sua sede para chegar ao poder. Mas também não somos solidários com Dilma e seus projetos de ataques aos trabalhadores.

Nós nos posicionamos contra o projeto de impeachment de Dilma, isso não segue nenhum interesse da classe trabalhadora. Quem tem o direito de tirar este governo são os trabalhadores organizados e não a oposição burguesa aliada a oportunistas de ocasião que só querem salvar a sua própria pele.

Nós estamos juntos dos trabalhadores que hoje estão em greve em vários locais do país para defender seus salários e empregos. Estamos com os estudantes que ocupam escolas em São Paulo em defesa da educação e contra os ataques de Alckmin.

Estamos juntos construindo uma alternativa de esquerda para abrir caminho para varrer toda a lama acumulada que a burguesia derrama nos salões do congresso e de outros palácios de Brasília. Nossa luta é pela abolição da ordem existente. Só a auto-organização do povo trabalhador, só a sua mobilização independente é capaz de constituir a força capaz de varrer as atuais instituições podres e erguer novas instituições verdadeiramente democráticas e populares, uma Assembleia Popular Nacional Constituinte.