Para quem deve governar Lula e o Partido dos Trabalhadores?

A situação Internacional está marcada pela luta revolucionária dos oprimidos e explorados contra o regime capitalista em crise

O capitalismo sufoca no quadro dos Estados nacionais, que é como historicamente ele se constituiu, e sob as amarras da propriedade privada dos grandes meios de produção. A contradição entre a produção social e a apropriação privada torna-se insuportável e tende a fazer tudo explodir arrastando junto as conquistas da civilização.

Mesmo a nação mais poderosa do mundo, berço da democracia, os Estados Unidos da América estão confrontados a uma situação que o presidente da Câmara da Indústria dos EUA declarou que “O Contrato Social que deu origem à grande nação americana está sendo rompido”!

A origem deste alarme é que o capital financeiro que tudo controla pressiona contra a existência do que constituiu o capitalismo e lhe deu a força para conquistar o mundo. É a conseqüência do apodrecimento do regime capitalista comido por suas contradições internas. O anúncio pela GM e pela FORD de que realizarão 60 mil demissões, nos Estados Unidos, com o fechamento das respectivas fábricas, explicita o acelerado desmantelamento das bases industriais que fizeram dos EUA o que ele é hoje no mundo. O imperialismo não pode impunemente lançar-se a tentar controlar o mundo sem atrair para si, e integrar, todas as contradições da situação mundial.

Esta é a base do desenvolvimento do governo Bush como um governo violento e mais e mais totalitário. Ele é a expressão política da transformação do regime republicano democrático dos EUA em um regime totalitário. O resultado disso já se faz sentir no movimento operário norte americano através de várias iniciativas como Sindicatos Contra a Guerra, reanimação do Labour Party, greves como a do Metrô de Nova York, etc.

É neste quadro de brutais ataques contra as suas condições de vida que a classe trabalhadora e os povos oprimidos resistem. E sua resistência se amplia de tal forma que o imperialismo não consegue impor sua ordem em lugar algum, nem mesmo no Iraque ocupado. Ordem imperialista que nada tem a ver com a ocupação e exploração colonial do século 19, mas que tem como objetivo maior o despedaçamento das nações e a apropriação direta de todas as riquezas. Seu exemplo maior é a Somália que após a ocupação das tropas da ONU não existe mais como nação, mas apenas como conglomerado de cidades –estado governadas cada uma delas por ONGs e senhores da guerra.

Resistência e Revolução
Mas, as massas trabalhadoras não estão derrotadas, esmagadas ou em debandada. Ao contrário, a resistência dos povos oprimidos, e em especial da classe trabalhadora, cria uma situação em que convivem, convulsivamente, revolução e contra-revolução. Em sua resistência, a classe trabalhadora busca se apoiar nas organizações que a classe construiu e que são os “bastiões da classe operária no interior da sociedade capitalista” para defender cada uma das suas conquistas.

Mas, esta resistência é permanentemente sabotada pelos aparatos políticos que em defesa do capital se passaram para o campo do inimigo, e que controlam estas organizações, obrigando as massas a combater para reconquistar suas organizações de frente única ou buscar constituí-las onde elas não existem. As massas sentem instintivamente que precisam de unidade para vencer pois “em sua luta contra o capital não tem outra arma que sua organização” (Lênin).

Assim o central é o combate em defesa das reivindicações e pela unidade das massas, pela Frente Única das massas e suas organizações, pela constituição de organismos de luta capazes de abarcar a maioria dos trabalhadores e suas diferentes frações políticas. Sem chegar a constituir-se em organização, a consciência das massas trabalhadoras retroage ou desaparece, seja por esgotamento das suas energias revolucionárias seja com o refluxo da situação revolucionária.

A atual onda revolucionária começa a tocar a Europa. No último período vimos a virada da eleição de Zapatero na Espanha, o “Não” francês e holandês à Constituição Européia, a greve geral na Grécia e na Itália, as fortíssimas mobilizações na Alemanha, e em especial a mobilização de milhões de jovens e trabalhadores na França contra a lei do “Primeiro Emprego”.

A resistência da revolução venezuelana contra as tentativas de derrubar o governo anti-imperialista de Chávez, a insurreição do povo boliviano, e todas as mobilizações na América Latina demonstram o mesmo anseio e a mesma disposição da maioria do povo trabalhador brasileiro que, em 2002, elegeu Lula para conquistar as reivindicações e a soberania nacional.

Numa América Latina sacudida pela luta dos povos contra a pilhagem das riquezas e recursos nacionais pelas multinacionais, infelizmente constatamos que o governo Lula prefere apresentar-se como “parceiro” de Bush do que como aliado da luta pela expulsão do imperialismo de nosso continente.

De nossa parte, afirmamos o apoio ao aprofundamento da revolução na Venezuela, o apoio às medidas que toma o governo Chávez contra o imperialismo, como a expropriação e estatização de fábricas e a “guerra ao latifúndio”. Apoiamos a reeleição presidencial de Chávez contra o imperialismo, para que a revolução se aprofunde, para que os bancos, as multinacionais, as grandes fábricas, sejam estatizadas e colocadas sob controle dos trabalhadores, para que seja feita a Reforma Agrária, para que a Venezuela rompa com o MERCOSUL, com a Dívida Externa e atenda todas as reivindicações populares.

Apoiamos a luta revolucionária dos trabalhadores e do povo da Bolívia pela Nacionalização do Petróleo e do Gás, e a recuperação para a nação de todos os recursos naturais e empresas privatizadas! Exigimos a imediata retirada das tropas invasoras do Iraque e o retorno imediato das tropas brasileiras no Haiti. Apoiamos a luta do povo palestino para recuperar o conjunto do seu território histórico e pelo direito ao retorno de todos os refugiados. Somos, como diz o Manifesto de Fundação do PT, “solidários com as lutas dos trabalhadores de todo o mundo, defendendo a soberania e auto-determinação das nações”.

Federação das Repúblicas Socialistas Soberanas da América do Sul
Nenhuma revolução pode ser vitoriosa nos limites nacionais. Não há socialismo num só país como tragicamente ficou demonstrado pelo terror stalinista que levou à destruição do primeiro estado operário do mundo. Estado operário fruto da revolução que inaugurou a era que vivemos ainda hoje. Época que se expressa na fórmula genial “Socialismo ou Barbárie”.

As revoluções venezuelana e boliviana buscam se estender para toda a América Latina para não serem sufocadas. Em todos os países a ação revolucionária das massas para derrubar os governos títeres e expulsar o imperialismo, fazer a Reforma Agrária, defender empregos e conquistas, é que conduzirá o combate pela expropriação do capital e verdadeira integração harmoniosa dos povos. A única forma conseqüente de combater a “integração” do capital é lutando desde já pela Federação das Repúblicas Socialistas Soberanas da América do Sul.

Este é um combate atual, já integrado ao movimento operário como provam as declarações do 1º. Encontro Latino Americano de Fábricas Recuperadas pelos Trabalhadores (Caracas, 29/10/06) e da 3ª. Conferência Nacional em Defesa do Emprego, dos Direitos, da Reforma Agrária e do Parque Fabril (Joinville, 18/12/05):

“Nós combatemos a integração como nos propõe o capital internacional com seus Tratados de Livre Comércio. Somos pela integração fraterna e soberana dos povos, que somente pode ser construída pelos próprios povos na luta contra a guerra e a exploração, em defesa das nossas conquistas”. (Primeiro Encontro Latino-Americano de empresas recuperadas pelos trabalhadores/Declaração da mesa de trabalhadores de empresas recuperadas).

“Sabemos como isto é verdade, pois já sofremos na pele as conseqüências do Mercosul (acordo das multinacionais) que já destruiu 50 mil pequenos produtores de leite no Brasil, milhares de empregos e de pequenas empresas no Uruguai e Argentina”. (Declaração final da 3ª. conferência nacional em defesa do emprego, dos direitos, da reforma agrária e do parque fabril, Joinville, SC).

O combate conseqüente contra a ALCA e o MERCOSUL só pode ser feito em escala internacional, pois a política de defesa das soberania das nações e dos povos exige e o combate pelo socialismo contra o regime da propriedade privada em cada um e todos os países.

Não existe Tratado de Livre Comércio com “face humana” como pretendem os adaptados ao capital, seja o NAFTA, a ALCA, o MERCOSUL ou UNIÃO EUROPÉIA. A política do imperialismo tem bases materiais, ela é fruto da contradição entre a produção social e a apropriação privada desta produção. As forças produtivas pararam de crescer e se transformam cada vez mais em forças destrutivas, amarradas que estão pelo regime da propriedade privada dos meios de produção e pelo entrave dos limites dos estados nacionais. Na busca de manter ou ampliar a taxa de lucro o capital se concentra em diminuir o “custo do trabalho” e isto significa destruir todas as conquistas inscrustradas nas legislações nacionais através da destruição destas legislações e de todas as barreiras a livre circulação do capital. É isto a “integração mundial” do capital. Mas, esta tensão para a integração mundial não pode ser resolvida positivamente sob o regime da propriedade privada dos meios de produção. Por isso o capital se lança a destruir as nações e ameaçar a humanidade com a barbárie. Só a revolução socialista permitirá o estabelecimento da soberania das nações abrindo o caminho para a integração fraterna da Humanidade.

Assim, no combate contra a ALCA e o MERCOSUL, na luta em defesa da soberania das nações e das conquistas operárias em cada país é preciso combater sob a bandeira da perspectiva histórica de constituição da Federação das Repúblicas Socialistas Soberanas da América do Sul.

Combatendo pela Federação das Repúblicas Socialistas Soberanas da América do Sul, união livre de repúblicas operárias soberanas é que a única e verdadeira integração que interessa aos povos do continente pode se realizar. Este é também nosso combate na situação política que segue aberta no Brasil.

Continuar a luta pelo socialismo
Somos petistas que confiamos na capacidade da nossa classe para, através de nossas próprias organizações independentes e de nossa mobilização, abrir uma saída contra a tragédia que representa para toda humanidade a preservação do sistema capitalista. Somos trabalhadores que não se entregam à falsa possibilidade da dar face humana à globalização. Os patrões, seus governos e instituições internacionais para manter o regime da propriedade dos meios de produção estão de um lado. Os trabalhadores e suas organizações na luta pelos seus direitos e pelo socialismo estão no lado oposto.

A luta de classes é que determina a história e vai decidir se vamos para a barbárie ou construiremos o socialismo. A classe trabalhadora para sobreviver deve enterrar o regime da propriedade privada dos grandes meios de produção. A classe trabalhadora brasileira para caminhar para o socialismo deve começar por expulsar o imperialismo e realizar as mais sentidas aspirações populares. O PT se quiser sobreviver tem que abandonar a atual política de sustentação do capital, romper com a burguesia e lançar-se à luta com os explorados e oprimidos para expropriar os bancos, as multinacionais, tomar as terras e as fábricas, anular a Dívida, planificar a economia e ajudar as massas a construir controlar coletivamente toda a economia. Não há outro combate pelo socialismo.

Todas as teorias requentadas (revolução por etapas, desenvolvimentismo em aliança com a burguesia nativa, governos democráticos e populares, etc), todas, fracassaram a olhos vistos. A burguesia nativa é completamente dependente e escrava da burguesia imperialista, do capital financeiro. Cada vez mais a libertação nacional, a unidade anti-imperialista, está nas mãos da aliança dos trabalhadores do campo e da cidade. Cada vez mais a defesa do parque industrial e da civilização está nas mãos da classe operária. Cada vez mais os oprimidos precisam daquele PT que fundamos em 1980 e que a política do governo Lula e da maioria da direção está destruindo.

O Encontro Nacional do PT
O Encontro Nacional do PT está obrigado a fazer um balanço destes três anos e meio a frente do governo. A direção Nacional e o Encontro devem explicar porque após uma vitória, e posse emocionante com uma maré vermelha de mais de duzentas mil pessoas, chegamos à situação de uma enorme crise política que corrói o governo e está liquidando o PT. Como e por que chegamos a esta situação é o que e perguntam os petistas.

A corrupção é filha da política imperialista de pilhagem da nação. O objetivo do imperialismo e da burguesia local é “Se livrar dessa raça por trinta anos” (senador Bornhausen,PFL). E para isso precisam da ajuda dos líderes “desta raça”. Mas, “esta raça” é a classe trabalhadora organizada. É o que mostram os ataques aos sindicatos, aos movimentos, a perseguição ao companheiro Gegê, o aumento da repressão em todos os movimentos e os assassinatos de Sem Terra, as ameaças de prisão dos dirigentes das fábricas ocupadas e dos líderes do MST. O objetivo é destruir o movimento organizado dos trabalhadores do campo e da cidade. Destruir o PT como partido operário, integrar/destruir a CUT e os sindicatos, sempre preservando o governo Lula que serve fielmente ao capital financeiro.

Mas, a responsabilidade pela crise é inteira do governo Lula, e da maioria da direção do PT, incluída a sua esquerda oficial, que romperam com as aspirações dos 53 milhões que elegeram Lula e praticam uma política que abandona a classe trabalhadora e os torna reféns e instrumentos do capital.

O que levou o PT e o governo Lula a essa crise sem precedentes, que revolta os militantes que construíram o partido como instrumento de transformação social, foi e é a política de submissão à burguesia e ao imperialismo praticada pela direção partidária e pelo governo. Política que se materializa nas alianças com partidos como o PP, PL, PT B, PMDB, política que trouxe nossos inimigos de sempre para a “base aliada” e ministros capitalistas para o governo!

É por isso que a grande maioria do povo trabalhador, da cidade e do campo, os mesmos milhões que, depois de anos de luta, levaram um candidato do PT à presidência da República, continua relegada à condição de brasileiros de segunda classe, sem empregos e salários decentes, sem terra, sem serviços públicos. Enquanto isso, nossos inimigos nadam em lucros bilionários, se beneficiam das altas taxas de juros e de uma política que privilegia o pagamento da Dívida aos banqueiros.

A política aplicada pelo governo Lula é totalmente contraditória com o Manifesto de Fundação do PT. Por isso, nós que defendemos as bases que permitiram o PT se erguer como representação política dos explorados e oprimidos, nos opomos a esta política e a partir da mobilização do conjunto da classe trabalhadora cobramos que o governo rompa com Bush e sua política, rompa com os partidos podres no congresso e ponha para fora os ministros capitalistas.

Ao contrário de todas as correntes da esquerda oficial, unificadas na defesa da política do governo Lula, nós não aceitamos participar do governo e não apoiamos sua política de submissão ao imperialismo.

Como é possível apoiar a política de um governo que, eleito pelos trabalhadores, em vez de dar trabalho e terra, distribui esmolas de R$15 a R$75 (bolsa família) e chama isso de política social. Que, ao invés de expandir os serviços públicos como a educação e a saúde, dá incentivo aos tubarões privatistas (PROUNI), terceiriza e promove um desmanche do que é público.

Que, ao invés de fazer uma verdadeira Reforma Agrária, dando terra aos que nela querem trabalhar, incentiva o agro-negócio e protege o latifúndio. Que, ao invés, de criar verdadeiros empregos com salários dignos, tenta fechar as fábricas ocupadas pelos trabalhadores. Que, ao invés de proteger os fracos e oprimidos, protege os milionários, enquanto trabalhadores rurais são assassinados impunemente, dirigentes das lutas populares são perseguidos e presos, trabalhadores são mortos porque lutam por empregos como os calçadistas do RS.

Governando contra o povo, Lula aplica a política do FMI para beneficiar o capital especulativo. As fábricas continuam fechando e Lula nada faz. Paga R$15 bilhões adiantados ao FMI. Paga R$150 bilhões de juros em um ano. Mas é insensível para a destruição de milhares de empregos na Varig.

O lucro líquido do BB, CEF, Bradesco, Itaú, e Unibanco registrou um crescimento de 50% no ano, somando R$ 18,8 bilhões. O maior crescimento da história econômica do Brasil. O Bradesco abocanhou um lucro líquido de R$ 5,5 bilhões. O Itaú “só” R$ 5,3 bilhões, mas registrou a maior taxa de lucro sobre o capital, cerca de 33,7 %. Quer dizer, para cada R$ 100,00 de capital investido, o banco obteve um retorno de R$ 33,70. Essa monstruosa taxa de lucro leva a dobrar o capital em três anos. Isso nunca houve no mundo. Para ganhar assim “investiram”, em torno de 45 % das suas operações em títulos da dívida pública interna.

Aqui é preciso ressaltar o projeto chamado de “Estatuto da Igualdade Racial”, já aprovado no Senado e em pauta na Câmara, que muda a Constituição brasileira, abandonando a definição de “Todos são iguais perante a lei” e o conceito de “Direitos iguais e universais”, ao introduzir o conceito de raça como fator de diferenciação social. Esta nova lei divide os brasileiros em brasileiros e afro-brasileiros, fazendo constar a “raça”, a cor, de cada um em todos os documentos, na educação, na saúde, nas empresas, etc. Isto é uma absurda introdução destes métodos antes já utilizados pelo imperialismo belga para criar artificialmente Tutsis e Hutus, em Ruanda, assim como o “passaporte interno” dos negros na África do Sul do Apartheid. Todos sabemos onde estas medidas conduziram estes povos: a divisão, ao ódio entre irmãos e a milhões de mortos.

A institucionalização das políticas afirmativas tem como objetivo a divisão da classe trabalhadora assim como a integração no aparelho de estado das organizações do movimento negro e do movimento operário. Mas, o “Estatuto da Igualdade Racial” é um profundo ataque à própria existência da República e mesmo à existência da nação. É um dos documentos mais reacionários já apresentados até hoje no Brasil. Esta política é um instrumento da mais obscura reação imperialista contra o povo trabalhador e todas as conquistas que nos legou a grande Revolução Francesa, de 1789, por mais deformadas que tenham sido pela covarde e servil burguesia brasileira.

Dizemos a todos os companheiros petistas: Essa política de submissão à burguesia e ao imperialismo – reafirmada pela vergonhosa decisão do governo Lula de receber com todas as honras o carniceiro Bush no Brasil, depois de haver enviado tropas para massacrar o povo e pisotear a soberania do Haiti – é isto que leva o PT a destruição!

A luta de classes continua

Mas, a resistência da classe trabalhadora não permitiu até agora a privatização da Petrobrás, do BB, da CEF, da ECT, da CBTU, etc., apesar do governo continuar tentando quebrar esta resistência (leilão do BEC, leilão de áreas petrolíferas, pedágios, ECT e outras estatais que continuam no PND, as PPP, etc).

Milhões de trabalhadores, milhares de militantes de diferentes origens políticas resistem a uma política que ataca seus interesses e é aplicada pelo governo que elegeram. Esses milhares não estão dispostos a aventuras “esquerdistas” e por isso rechaçam a divisão das organizações que construíram com tanto esforço, como a CUT e a UNE, mas tampouco querem vê-las adaptadas a “ordem” do capitalismo e do mercado.

Os trabalhadores prosseguem sua luta: pela re-estatização das ferrovias que destruiu postos de trabalho e tirou o transporte milhões de brasileiros, para derrotar as MPs encaminhadas pelo governo Lula que liquidavam a RFFSA. Foram à Brasília contra a reforma da previdência, continuam exigindo sua revogação e lutam pela retirada da MP 258, em defesa da Previdência Pública e Solidária. Exigindo a anulação dos leilões de petróleo e gás. Exigindo que Lula estatize as fábricas ocupadas para salvar seus empregos. Fizeram a grande marcha dos Sem Terra exigindo a Reforma Agrária. Defenderam a independência dos sindicatos e da CUT, contra a reforma sindical e contra sua divisão. Os jovens se mobilizam pelo passe livre estudantil e exigem o direito à educação. Lutam por ensino público e gratuito para todos e contra esta reforma universitária. Os trabalhadores sem teto lutam por moradia e pela reforma urbana.

Nós estamos com eles. Como petistas, comprometidos com os interesses e a independência dos trabalhadores e de suas organizações, nos irmanamos aos companheiros do PT que nenhuma responsabilidade têm sobre a política do governo Lula e com os métodos dos partidos burgueses que decorrem desta política. Estamos juntos na defesa dos princípios que estiveram na base da fundação do PT em 1980, consagrados no seu Manifesto: a independência política dos trabalhadores, a luta pela defesa dos interesses da classe trabalhadora em todo o mundo, por uma nação soberana e por uma sociedade igualitária sem explorados e nem exploradores, uma sociedade socialista.

Por isso não aceitamos que:

O latifundiário Rodrigues, ministro da agricultura, garanta bilhões para os fazendeiros, enquanto o Ministro Rosseto explica que não tem dinheiro para fazer a Reforma Agrária e ainda trate as mobilizações como “caso de polícia”.

O ministro-empresário Furlan atenda aos interesses dos patrões, enquanto 17% de trabalhadores estão desempregados e renda média da família trabalhadora caiu 14% desde 2002.

O especulador Meirelles satisfaça os interesses dos banqueiros, que tiveram no último ano os maiores lucros da sua história.

É preciso expulsar do governo os ministros capitalistas e seus partidos burgueses para conquistar a independência nacional e nossas reivindicações. Só há uma saída para a crise do PT e do Brasil: colocar para fora do governo esta política e as alianças que a sustentam.

Companheiro Lula: Você é candidato a reeleição para que e com quem?
Aqueles que se reivindicam da classe trabalhadora tem a responsabilidade de não virar as costas para o povo, para os militantes que o elegeram, para todas as reivindicações populares. O povo precisa é de soberania nacional, e não de mais submissão ao Mercosul, à Dívida e à desregulamentação.

A vontade do povo se expressa hoje no Brasil na onda de ocupações de terra. Está presente na preparação da Caravana das Fábricas Ocupadas a Brasília. E nas manifestações da juventude pelo Passe Livre. Na campanha nacional que começa pela Re-estatização Vale do Rio Doce.

Por isso a “Carta Aberta a Lula”, que impulsionamos com outros companheiros em todo o movimento social, diz:

“Presidente Lula, nós perguntamos: sobre que base você se dirigirá ao povo trabalhador para pedir um novo mandato?

Presidente Lula, nós afirmamos:

São as necessidades do povo brasileiro, contra as quais você vem governando, que lhe deram um mandato em 2002. São estas necessidades que continuam na ordem do dia. E é só sobre o compromisso de atendê-las para conquistarmos a soberania nacional que você pode dirigir-se à nação para pedir um novo mandato. Nós, que estamos comprometidos com estas reivindicações afirmamos: a condição para satisfazer as necessidades do povo trabalhador brasileiro é que desde já, seu atual governo demita os ministros capitalistas, rompa com os partidos burgueses, abandone a aplicação da política de Bush e do FMI, e aplique o mandato que lhe foi dado pelo povo em 2002”. Romper com Bush inclui romper com a Alca e o Mercosul.

A Corrente OT do PT (MAIORIA), seção brasileira da 4ª Internacional, reafirma suas posições históricas e convida todos os petistas a fazer sua esta carta e fazer da Carta a Lula, uma campanha de organização das lutas do povo brasileiro, de organização de um PT Sem Patrões.

Uma coisa é certa: nenhum candidato que se dispõe a aplicar os planos do imperialismo, aliar-se com a burguesia contra os trabalhadores, invadir outros países para massacrar seu povo, que defende o capital contra a classe trabalhadora, nenhum candidato nestas condições terá nosso apoio.

O ENPT deveria decidir por uma plataforma de acordo com as bases do partido, uma plataforma anti-capitalista, uma plataforma anti-imperialista, de combate pelo socialismo. Sobre a base desta plataforma deveria apresentar-se o candidato do PT. Lula é candidato a re-eleição. O PT para salvar-se do desastre só pode apoiá-lo sobre a base desta plataforma cuja base são as reivindicações imediatas e históricas dos explorados e oprimidos da nação espoliada. E que ele tem obrigação de aplicar desde já.

Se o ENPT recusa construir uma tal plataforma, e lutar por ela, estará dizendo a toda a classe trabalhadora que nestas eleições o povo trabalhador não terá um candidato que a represente nas eleições presidenciais. Isto será efetivamente uma situação dramática. Ganhar as eleições com um programa do imperialismo com “face humana”, que é o que Lula pretende, não abre nenhuma saída para o sofrido povo brasileiro.

Partido dos Trabalhadores ou Partido com os Patrões
O Manifesto de Fundação do PT afirmava nossa luta de classe contra os patrões. Foi assim que o construímos como o maior partido da classe trabalhadora. Hoje sua direção abriu mão desta conquista política. Mas não podem arrastar a base do partido nesta liquidação.

Milhares de militantes petistas fiéis a sua classe tem a aspiração de se agrupar politicamente para continuar o combate de sua vida. Esses militantes querem falar e ser ouvidos, expressar democraticamente suas posições. A classe trabalhadora precisa, outra vez, de um PT Sem Patrões para reafirmar “a vontade de independência política dos trabalhadores, já cansados de servir de massa de manobra para os políticos e os partidos comprometidos com a manutenção da atual ordem econômica, social e política”, como diz o Manifesto de Fundação do PT.

Com toda legitimidade de construtores do PT nas lutas travadas pelo povo trabalhador nestes últimos 26 anos, reafirmamos a atualidade das suas bases políticas originais e desejamos, junto com milhares de outros companheiros, assegurar a continuidade das bases políticas fundadoras do PT.

Assim, queremos nos agrupar com todos os militantes que defendem, como afirma o Manifesto de Fundação do PT, que: “a participação em eleições e atividades parlamentares se subordinam ao objetivo de organizar as massas exploradas e suas lutas”; a luta “por sindicatos independentes do Estado como também dos próprios partidos políticos”; “a nação é o povo e, por isso, o país só será efetivamente independente quando o Estado for dirigido pelas massas trabalhadoras”; a luta “para conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não hajam explorados e nem exploradores”.

Vamos, juntos, discutir como reconstruir um PT Sem Patrões como foi fundado em 1980, participando das lutas em defesa das conquistas e das reivindicações imediatas e históricas da classe trabalhadora. Vamos reafirmar e concretizar de forma organizada os princípios de independência de classe, de luta anti-imperialista e anti-capitalista – hoje abandonados pela maioria da direção nacional do partido – que estiveram na base da construção do PT como verdadeiro um Partido dos Trabalhadores.

Continuaremos, nas nossas organizações sindicais e populares, exigindo nas ruas, nas fábricas, no campo, que o governo Lula assuma suas responsabilidades:

– Demissão dos ministros capitalistas!

– Estatização das Fábricas Ocupadas e das empresas quebradas, como a PUC e a Varig!

– Não Pagamento da Dívida!

– Por Trabalho! Por Terra!

– Ruptura com a ALCA e o MERCOSUL!

– Pela Soberania Nacional!

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