Os trabalhadores de Santa Cruz do Capibaribe clamam por água, trabalho e direitos!

Santa Cruz do Capibaribe é uma cidade com pouco mais de 100 mil habitantes, no Agreste de Pernambuco. A população da cidade tem sofrido com a falta de água e o aumento do desemprego. Jovens e trabalhadores se organizam na luta por água, trabalho e direitos! 

No dia 28 de agosto foi dado início a uma luta pela vida na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, uma luta pela água. Centenas de trabalhadores, jovens, mulheres, idosos e crianças mobilizaram-se. Cerca de 1.800 pessoas reuniram-se em uma escola, com a presença de representantes do poder público municipal, estadual e federal.

Santa Cruz do Capibaribe é uma cidade com pouco mais de 100 mil habitantes, com um enorme fluxo de pessoas flutuante, por conta da atividade comercial na área de confecção de roupas. No entanto, hoje esse município vive o drama da falta de água, que só chega às torneiras a cada 28 dias. Recentemente, foi anunciado um colapso total. A cidade passou a ser completamente abastecida por caminhões pipas.

Neste município circulam milhões de reais por ano, mas existe uma exploração brutal de mulheres e jovens nas atividades de confecção de roupas, a maioria sem carteira registrada, férias, décimo terceiro salário ou respeito a outros direitos trabalhistas que constam na Constituição Federal. É um desmando absurdo nas barbas do poder público, que simplesmente fecha os olhos para as atrocidades que os patrões fazem com os trabalhadores em nome do “emprego”, ou melhor, do subemprego.

As promessas de solução para a falta de água já renderam muitos votos e mandatos para políticos, mas nunca houve a preocupação real de resolver a situação. Isso acabaria com a indústria dos votos. Nunca houve investimentos suficientes do município, estado ou federação para a construção de mananciais que resolvessem o problema definitivamente, atendendo ao clamor, sobretudo dos mais pobres da cidade. Somente foram feitos paliativos, no intuito de promover alguém politicamente.

Esse problema é muito sério e suas consequências podem ser desastrosas. São milhares de pessoas que não veem alternativa, senão irem para outros lugares, aumentando as dificuldades já existentes em outras cidades.

A falta de água não é só uma questão da estiagem, de seca, mas da ausência de políticas públicas que invertam a lógica dos investimentos. Recursos existem, mas são mal utilizados, para beneficiar os “amigos do rei” e honrar os compromissos com banqueiros nacionais e internacionais. Para o povo, são concedidas as sobras da mesa.

A humanidade já chegou a um nível de obtenção de informação extraordinário e há muito tempo os governos sabiam que essa seca chegaria. Mesmo assim não foram capazes de tomar nenhuma medida para que o caos fosse evitado. Preferiram colocar a culpa na natureza, na falta de chuva, dentre outras desculpas. Agora, dizem que não há recursos, uma mentira, pois o dinheiro existe. O problema é o mau uso, a corrupção desenfreada e a ajuda para que os capitalistas salvem seus negócios em detrimento das necessidades básicas da maioria do povo trabalhador.

Com o anúncio da COMPESA (Companhia Pernambucana de Saneamento) de que o colapso seria total, diferentes setores da sociedade fizeram uma frente única e chamaram o povo para discutir o problema, para cobrar das “autoridades” ações emergenciais e futuras, para dar um fim ao sofrimento do povo. Por isso, foi convocada uma audiência pública, que contou com a participação da população da cidade e representantes do poder público municipal, estadual e federal.

Lamentavelmente, o governo do estado joga a culpa no governo federal e este, por sua vez, responsabiliza o estado. O representante da COMPESA, Leonardo Selva, representando o governo do estado, apresentou algumas propostas de curto, médio e longo prazo, para minimizar a situação. A solução de longo prazo dependerá da obra do governo federal, a adutora do agreste, começada há pouco mais de cinco anos (transposição do Rio São Francisco). Essa obra já deveria ter sido concluída, mas, de acordo com Selva, falta um investimento de R$ 80 milhões, que o governo federal dividiu em 80 meses. O que significa que a obra deverá ser concluída em 2020, a depender da situação da crise política e econômica. Ou seja, sabe-se lá quando essa obra vai ser concluída.

O senador Humberto Costa (PT) esteve presente na audiência. Sua participação foi pífia, apenas fez a defesa do desgoverno de Dilma e jogou a responsabilidade no governo do estado. Ficou o tempo todo conversando com o seu aliado (vereador Fernando Aragão, pré-candidato a prefeito, que está se filiando ao PT) na mesa, ou no WhatsApp, desatento aos questionamentos da população. Uma pessoa que estava na plateia chegou a gritar “preste atenção senador!”, quando foi ensaiado um princípio de vaia. Na fala do senador, ele se comprometeu simplesmente em levar os pedidos à presidente Dilma e marcar uma audiência com o Ministério da Integração. No meio da audiência, ele se retirou sem dar nenhuma justificativa ao público, antes da entrega da carta de reivindicações organizada pelas entidades presentes, em uma demonstração clara da falta de respeito com aqueles que ali se encontravam em busca de uma solução das autoridades.

Essa atitude do senador mostra o grau de destruição a que chegou o Partido dos Trabalhadores. Em outros momentos, vários dirigentes desse partido estariam no evento organizando o povo para ir para cima dos governos, exigindo uma posição urgente para situação. Hoje, esse senhor mal fala e não diz nada ou simplesmente defende o governo Dilma, que vem aplicando planos de austeridade, e a cada dia ataca mais os direitos dos trabalhadores e da juventude pobre desse país. O PT realmente acabou como ferramenta de luta, não serve para a classe operária nem para juventude, hoje é simplesmente um aparelho para manter essa gente nos cargos.

Por fim, ficou muito claro para os representantes das três esferas administrativas que estavam presentes que a luta das entidades, a luta do povo, não vai parar por aqui. Estamos apenas começando essa jornada e não vamos nos deixar abater pelos obstáculos que o capitalismo e seus agentes tentam impor aos mais pobres da cidade. Vamos à luta companheiros. QUEREMOS ÁGUA, TRABALHO E DIREITOS!

“A EMANCPAÇÃO DOS TRABALHADORES SERÁ OBRA DOS PRÓPRIOS TRABALHADORES” (Karl Marx)