O que pensa o imperialismo esta semana: A decadência dos EUA

Desolados, desanimados, em semi-pânico, com os olhos embaçados, eles buscam uma saída.

A revista teórica imperialista Foreign Affairs, volume 93, número 5, setembro/outubro 2014, traz um artigo do maior e mais genial vidente da história da humanidade, Francis Fukuyama, aquele que viu o “Fim da História”, em 1989, quando caiu o Muro de Berlim.

Desolados, desanimados, em semi-pânico, com os olhos embaçados, eles buscam uma saída.

A revista teórica imperialista Foreign Affairs, volume 93, número 5, setembro/outubro 2014, traz um artigo do maior e mais genial vidente da história da humanidade, Francis Fukuyama, aquele que viu o “Fim da História”, em 1989, quando caiu o Muro de Berlim.

Segunda o editorial da revista “A política americana hoje está marcada pela disfunção, descontentamento e forte agitação ideológica de ambos os lados do corredor”.

Em 1989 e 1992, o sociólogo Francis Fukuyama invocou Platão a Nietzsche, depois Kant e Hegel, para renovar a “teoria” de que o capitalismo e a democracia burguesa constituem o coroamento da história da humanidade. Para ele, com a “destruição do fascismo e do socialismo”, a humanidade havia chegado ao ponto “culminante” de sua “evolução” com o triunfo da “democracia liberal ocidental” sobre todos os demais sistemas e ideologias “concorrentes”.

Como já se constatou a história não acabou. E, ao invés de os Estados Unidos se tornar o grande fator de estabilidade mundial do capitalismo, ele se tornou o principal fator de instabilidade mundial, e conhece hoje uma decadência visível. Entendida essa decadência como própria do capitalismo e num quadro onde, em escala planetária, os EUA continuam a ser a principal potência econômica, política e militar e nenhuma outra potência imperialista pode mesmo sonhar em chegar perto.

Fukuyama se tornou o herói dos ultrarreacionários do Partido Republicano dos EUA, entre outros, mas também ficou rico, milionário, com seu livro. Foi morar em Palo Alto, na Califórnia (ele dá aulas de estudos internacionais na Universidade Stanford), onde comprou uma mansão ao estilo dos bilionários inovadores da internet. Ou seja, o “Fim da história” foi só o começo da vida boa.

Agora, 25 anos depois Fukuyama está desolado. Não estranhem se ele começar a mascar ou beber mescalina nas montanhas da região.

Deu tudo errado no mundo e ele ainda está sendo chamado de traidor pelos falcões do Partido Republicano, porque disse que afinal “O sonho de exportar democracia e economia de mercado pela força do Exército só produziu mais antiamericanismo”. O sociólogo que ficou rico agora escreve sobre a decadência norte americana.

Seu artigo na Foreign Affairs Magazine se chama “América em Decadência” onde explica que “Os problemas com a política americana hoje derivam do projeto básico das instituições políticas dos Estados Unidos, exacerbados pela polarização cada vez mais hostil. Infelizmente, na ausência de algum tipo de grande choque externo, a decadência é provável que continue no futuro previsível”. O grande pensador não vê saída. Parece que é o fim da história para ele.

A revista comenta seu artigo e ela própria diz que “Sua conclusão é deprimente …”. Precisa dizer mais?

A publicação deste artigo pela Foreign Affairs Magazine mostra bem a confusão teórica e política imperialista resultante do impasse no modo de produção capitalista e o período da Grande Recessão que vivemos desde 2008. A revista toda está mergulhada nesse clima.

Outro ensaio, ainda nesta edição, vai na mesma linha de desânimo e falta de compreensão sobre o que causa todo este “desconforto” e briga entre os comandantes do mundo.

O artigo se chama “A desarticulação”, e fala da política interna da burguesia norte americana. Dizem os autores, Gideon Rosa e Jonathan Tepperman, que “A Política americana hoje é uma bagunça, e uma vez que a desorientação e a paralisia de nossa hegemonia mundial tem uma tal importância global óbvia, decidimos voltar nossa atenção para dentro, explorando as fontes e os contornos do mal-estar americano”. Enfim, outros desorientados que não conseguem entender como tudo deu errado e continua dando errado.

E este Gideon é um homem duro do sistema imperialista de Washington. Escreveu livros como “O Irã e a bomba”, “A Ascensão da China”, “A Guerra ao Terror” (este é de 2002, meses após o atentado de 11 de setembro contra as torres gêmeas, e dava recheio ideológico e justificativas para a política de terror desenvolvida por Bush).

Seus últimos livros são “O choque de ideias: A batalha ideológica que fez o mundo moderno – E formatará o futuro” escrito com Jonathan Tepperman, depois escreveu “EUA versus Al Qaeda: A história da guerra ao terror”, também com o coleguinha Jonathan Tepperman, e “Construindo a Modernidade: A reconciliação do capitalismo com a democracia”. Este Gideon Rose é o editor da Foreign Affairs Magazine e membro do Conselho de Relações Exteriores, tendo sido do Conselho de Segurança Nacional no governo Clinton.

Para completar a visão animada da revista e destes teóricos do imperialismo há um outro artigo chamado “Pitchfork Politics”, assinado por um tal de Yascha Mounk, doutorando do Departamento de Governo, em Harvard, que explica que “O Tea Party e seus primos europeus surgiram a partir da incapacidade e da resistência dos governos democráticos em satisfazer as necessidades dos seus cidadãos. Movimentos populistas de hoje não vão diminuir até que as queixas legítimas aos dirigentes sejam por eles abordadas”.  Alguém que começa a escrever chamando o “Tea Party e seus primos europeus” (ele está falando de John McCain, Sarah Palin, e da Frente Nacional, de Marine Le Pen, na França, e outros do tipo) de “populistas”, não entendeu nada e não pode apresentar nenhuma solução, nem mesmo para seus colegas imperialistas.

A conclusão que chegamos é que o nome desta coluna, do nosso prestigioso Foice & Martelo, talvez não devesse se chamar “O que pensa o imperialismo esta semana”, mas “O que tenta pensar o imperialismo esta semana e não está conseguindo”!