O que a China quer?

A revista The Economist, uma das bíblias do capital, em sua edição de 23/08/2014, traz na capa um largo ensaio sobre a China. O estudo histórico, político e econômico tenta entender o que se passa e o que pode vir a se passar com a China.

A revista The Economist, uma das bíblias do capital, em sua edição de 23/08/2014, traz na capa um largo ensaio sobre a China. O estudo histórico, político e econômico tenta entender o que se passa e o que pode vir a se passar com a China. Parte da chegada da Inglaterra na China no século 18 e a recusa do imperador em comerciar com os britânicos, da Guerra do Ópio provocada pela Inglaterra e a consequente transformação da China em semicolônia do imperialismo. Explica que com a derrubada da dinastia Ming, em 1911, e a instalação da República sobre os escombros do sistema estatal de Confúcio, que estruturou a China por séculos, e depois com a vitória de Mao Tsé Tung, que construiu um estado burocrático e baseado no terror, não se ergueram na China instituições com raízes sociais sólidas.

Os atuais governantes não aceitaram, e não podem aceitar, liberdades e direitos para os que eles governam.  E “acreditam que o país não pode se sustentar sem o regime de partido único firme como de um imperador (e eles podem estar certos)” … e que os líderes chineses pensam que “a realização de uma verdadeira reforma estrutural é mais perigosa do que não fazê-lo”, falando de liberdades, etc.

E como cada vez mais tem problemas internos tentam jogar a carta do nacionalismo para desviar a atenção. Por isso as atitudes beligerantes na região.

A revista se pergunta quando o PIB chinês vai passar o dos EUA. Mas, explica que isso não faz as ações econômicas e políticas da China serem políticas imperialistas como dos EUA e da Europa, nem mesmo na África ou na Ásia, mas antes políticas transnacionais. Ou seja, não está interessada em dominar mas em comprar matérias primas. De certa forma explica que a China é uma potência mas não um país imperialista, e que seus governantes desejam ser melhor tratados no mundo mas, como disse um alto funcionário norte americano sobre a China no G20 “Eles sempre querem ser vistos mas ainda estamos esperando que apresentem ao menos uma ideia.”

E conclui: “Muitos países ao redor do mundo admiram, e gostariam de imitar, a maneira antidemocrática, mas eficaz, que a China tem conseguido suas décadas de crescimento. Se a situação interna da China se tornar menos estável, a admiração vai diminuir”.

Econômica e militarmente, a China já percorreu um longo caminho no sentido de recuperar a centralidade na Ásia que gozava durante a maior parte da história. Intelectualmente e moralmente, não.

E prediz que por essas razões as próximas décadas vão ser as mais difíceis de todas.  The Economist sente o cheiro de revoltas e revoluções.