O PT que se afunda e as eleições no Congresso Nacional

De um poderoso partido construído pela classe trabalhadora, para um partido decadente, em crise, que se degenerou. Esta é a trajetória do PT, conduzido para o fosso por sua direção e pela política de colaboração de classes.

Nas eleições municipais do ano passado, o partido perdeu cerca de 10 milhões de votos nos seus candidatos a prefeito em relação a 2012, reduziu o número de municípios que governava para menos da metade e foi derrotado nos principais centros urbanos do país.

Aprendeu algo de tudo isso? Os recentes episódios para a eleição da presidência da Câmara e do Senado mostram que não.

Primeiro, o PT abriu a possibilidade de apoiar Rodrigo Maia (DEM) para presidência da Câmara. Em reunião do Diretório Nacional, com a presença de Lula, foi aprovada resolução que permitia negociação de apoio ao candidato do DEM na Câmara e do PMDB, no Senado.

Algo aparentemente absurdo para quem disse ter sofrido um golpe desses partidos.  Na realidade, a continuidade do que se viu nas eleições municipais após o impeachment: alianças com PMDB, DEM e PSDB em centenas de cidades. E das alianças com as figuras mais odiáveis da política nacional nos últimos anos, tais como Sarney, Collor, Maluf, Renan, Sérgio Cabral, etc.

No entanto, o apoio aberto a candidatos apoiados pelo governo Temer na eleição da Câmara, em troca de um posto na mesa diretora, era demasiadamente desmoralizante e gerou desconforto no interior do partido. Para “não se queimar”, segundo um deputado petista, a bancada decidiu apoiar um candidato do PDT, André Figueiredo.

Mas por que apoiar o candidato de um partido burguês e não lançar candidatura própria?

Em primeiro lugar, é parte dos cálculos para 2018, em que se projeta aliança com PDT e Ciro Gomes para a formação de uma frente ao estilo da Frente Ampla uruguaia, envolvendo partidos de esquerda, a burguesia supostamente progressista e movimentos sociais. Além disso, apoiar o candidato de um partido aliado e não um do próprio PT deixou frouxa a fidelidade da bancada em votar no candidato escolhido.

O curioso no resultado final da votação é que os partidos que em tese apoiaram a candidatura de André Figueiredo, PDT, PT e PCdoB (que quase apoiou Maia também), somam 90 deputados, só o PT tem 57 deputados. Mas o candidato do PDT recebeu apenas 59 votos. Quem pulou fora não vamos saber, já que o voto é secreto.

Já na eleição para a presidência do Senado, a maioria da bancada do PT não teve vergonha e decidiu apoiar Eunício Oliveria, do PMDB! Em troca, ganhou a 1ª secretaria do Senado, que será ocupada por José Pimentel.

O PSOL corretamente apresentou candidatura própria na Câmara. O que é de estranhar é que ativistas de esquerda, e mesmo dirigentes do PSOL, tenham criticado publicamente a bancada do partido por estar dividindo o “campo progressista”, na defesa de uma aliança com PT, PDT e PCdoB.

Companheiros, esta é a mesma pressão que o PSOL sofreu nas eleições para abandonar suas candidaturas por estar “dividindo a esquerda”. No fundo, isso só conduz ao bloqueio do surgimento de uma alternativa de esquerda após a falência política do PT.

As traições dos dirigentes dos velhos partidos parece não ter limite. Mas a classe trabalhadora e a juventude saberão ultrapassar estes dirigentes reformistas, e na experiência prática da luta contra os ataques e em defesa dos seus direitos, se reorganizar, avançar na unidade e na consciência de classe, construir novas ferramentas e direções. Os marxistas estarão lado a lado nesse caminho, sendo a fração mais resoluta no combate aos inimigos de classe e seu sistema decadente.