O processo de impeachment e os atos de 16/12

A Esquerda Marxista está contra a abertura do processo de impeachment por que não serve a nenhum interesse da classe trabalhadora. Os defensores do impeachment são lobos que querem assaltar o poder para aplicar uma política ainda pior que a de Dilma. Ao mesmo tempo, reafirmamos que do ponto de vista da classe trabalhadora este governo é indefensável. Somos contra o impeachment , mas não defendemos esse governo que traiu o povo e governa para o capital.

A Esquerda Marxista está contra a abertura do processo de impeachment por que não serve a nenhum interesse da classe trabalhadora. Os defensores do impeachment são lobos que querem assaltar o poder para aplicar uma política ainda pior que a de Dilma. É uma luta entre camarilhas.

Quem organizou a crise política instalada foi o próprio governo ao aplicar um estelionato eleitoral, rasgando as promessas de campanha, curvando-se ainda mais aos desejos da burguesia nacional e internacional, atacando a classe trabalhadora. Assim perdeu sua base social histórica e ficou a mercê dos aliados reacionários.

A política de colaboração de classes, defendida e aplicada por Dilma, Lula e a direção do PT, alimentou cobras como Cunha, Temer e tantos outros “aliados” burgueses, isolando o governo e o próprio PT de sua base social, provocando a falência política do partido.

É preciso também considerar as reais forças em prol do impeachment e não cair em uma visão impressionista de que há um golpe em curso. As frações majoritárias da classe dominante continuam contra o impeachment como se pode ver: 16 governadores (incluindo do PMDB, PDT, PSD e PSB) assinaram declaração contra o impeachment; o presidente da FIRJAN (Federação das indústrias do RJ) se posicionou contra por gerar “tumulto”, assim como o presidente da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Uma análise realista da situação foi apresentada pela revista imperialista The Economist: “Ironicamente, o movimento de Cunha para um impeachment pode ter feito ser mais provável, e não menos, a sobrevivência de Rousseff até 2018. O momento trabalha a seu favor”.

Considerando que um impeachment poderia abrir uma situação incontrolável, e que a instabilidade atrapalha os negócios, importantes setores burgueses já se posicionam pela manutenção do governo.

A abertura do impeachment forneceu um pretexto para Lula e a direção do PT seguir com suas manobras de alardear o golpe para encobrir a política colocada em prática e tentar mobilizar para a defesa do governo. Manobra presente na formação e programa da “Frente Brasil Popular” (composta por PT, PCdoB, CUT, UNE, MST, PCO, etc.).

Reafirmamos que do ponto de vista da classe trabalhadora este governo é indefensável. Somos contra o impeachment organizado por setores da burguesia, mas não defendemos esse governo que traiu o povo e governa para o capital.

Por isso a Esquerda Marxista não convoca, nem participa dos atos do dia 16/12 chamados pela Frente Brasil Popular com outros movimentos e organizações. O objetivo destes atos é a defesa do governo que ataca a classe trabalhadora e a juventude.

Na circular da Comissão Nacional de Mobilização do PT, além de chamar a construção dos atos do dia 16, a orientação é impulsionar nas redes sociais o #NaoVaiTerGolpe e #DilmaFica, com a criação de comitês “em defesa da democracia”.

Lula buscou dar a linha em encontro na segunda-feira (7/12) em SP, defendendo uma trégua dos movimentos sociais com Dilma, e disse: “Mas para construir esse direito de brigar outra vez, não podemos permitir que haja um golpe”.

Por isso, na nota da CUT chamando os atos (“Quem é contra impeachment vai às ruas no próximo dia 16”), nenhuma palavra é dada contra o ajuste do governo federal.

O caminho não é a trégua. Este é o governo que formulou o PL “Antiterrorismo” que busca elevar a criminalização dos movimentos sociais, que gesta a volta da CPMF, mais um imposto sobre os ombros da classe trabalhadora, e que prepara uma nova reforma para atacar a previdência. Este é o governo que retirou direitos dos trabalhadores e tenta tirar outros mais, o governo que corta o orçamento de áreas sociais, enquanto segue alimentando os ganhos de banqueiros e especuladores com o pagamento da dívida interna e externa.

Não fazemos fetiche da democracia formal burguesa. Do ponto de vista da democracia um mandato precisa respeitar o que defendeu na campanha. Não é democrático que um governante faça o que quiser simplesmente porque foi eleito. Em uma verdadeira democracia os eleitos devem respeitar o mandato recebido.

Consideramos que, hoje, o centro da luta da classe trabalhadora e da juventude é contra os ataques de governos e patrões, que tem no Ajuste Fiscal do governo federal um ponto central, e contra todas as tentativas reacionárias do Congresso de retirar direitos e atacar as liberdades democráticas. São as mobilizações contra os ataques, pelas reivindicações, que podem construir a unidade e abrir um caminho pela esquerda para a atual situação.

Estamos ao lado da juventude e da classe trabalhadora em suas lutas, como a bela luta dos secundaristas de SP que impôs uma derrota a Alckmin. Nosso combate é pela abolição da ordem existente! Só a auto-organização do povo trabalhador, sua mobilização independente, é que  poderá constituir a força capaz de varrer as atuais instituições podres e erguer novas instituições verdadeiramente democráticas e populares. O que precisamos é de uma Assembleia Popular Nacional Constituinte e um governo dos trabalhadores.