O Outono Asiático de 2011: uma análise marxista

Com a presente instabilidade e turbulência que está agitando sociedades, uma transformação revolucionária pode desencadear uma onda de revoltas que saltará de um país após o outro.

Após as tempestades revolucionárias da Primavera Árabe e Verão Europeu estamos testemunhando uma onda de protestos militantes do Outono Americano que começou com o movimento Ocupe Wall Street nos Estados Unidos. O apoio global foi realizado com manifestações em aproximadamente de novecentas cidades em todos os continentes mostra o descontentamento e a efervescente revolta contra o apodrecido sistema capitalista em uma escala mundial.

A globalização da exploração capitalista e as suas privatizações, com a opressão e problemas acarretados, estão levando o povo a se enfrentar com os mesmos com uma vasta maioria de trabalhadores e oprimidos se erguendo em uma revolta e luta unitária internacionalmente. Esse movimento é expressão das ideias apresentadas por Karl Marx há mais de 150 anos atrás, da estratégia da luta de classes e da revolução socialista que ele desenvolveu para a emancipação definitiva da raça humana. Aquilo que supostamente teria falhado e foi ridicularizado pela história, as ideias do Marxismo, está agora se voltando, como vingança, contra este sistema de exploração e seus apologistas de todos os matizes.

O mundo capitalista avançado está no auge de sua pior crise econômica da história. Os EUA, a força imperial mais poderosa que jamais existiu na terra, depara-se com uma catástrofe econômica que seus especialistas não têm a mínima idéia de como evitar. Suas aventuras militares no Iraque e Afeganistão foram um desastre. Eles não apenas mantêm estas guerras de rapinagem derramando o sangue da classe trabalhadora, dos soldados norteamericanos, drenando trilhões de dólares, mas também estão confrontados com uma derrota humilhante que encara este poder militar equipado com o armamento mais avançado.

O Iraque foi saqueado pela agressão imperialista e até mesmo o seu regime instalado pelos EUA está agora fora de seu controle. Na Líbia um levante popular de massas foi interrompido convertendo-se em uma guerra civil através da intervenção imperialista. O assassinato de Kadhafi pelos insurgentes pró-imperialistas não marca o fim do conflito na Líbia, agora temos uma sociedade inundada com armas e os fantoches imperialistas do Conselho de Transição não têm uma política ou um programa para oferecer às massas líbias para solucionar as adversidades contra as quais eles se levantaram. A perspectiva de outro desastre iminente assombra a Líbia. Nestas condições a pilhagem imperialista não seria tão fácil.

O sofrimento dos palestinos parece ser infinito. Atos terroristas e assentamentos negociados pelas promessas do imperialismo os têm levado a um beco sem saída. No entanto, a erupção vulcânica da luta de classes em Israel e no mundo Árabe tem dado uma nova dimensão e perspectivas à liberação das massas palestinas. A solução com uma revolucionária superação das elites reacionárias em Israel e no Oriente Médio com uma transformação sócio-econômica tem vindo à tona como a única forma de avançar. Esse é o significado histórico da revolta dos trabalhadores e juventude de Israel.

No Afeganistão, além do assassinato em massa de milhares de pessoas inocentes com a artilharia imperialista mais moderna e o terror bestial do fanatismo religioso, a vida depois de 10 anos da invasão imperialista está bem pior. A mortalidade infantil, a desnutrição, as mortes de parturientes e a miséria generalizada pioraram. A intervenção imperialista no Paquistão desestabilizou ainda mais o país e piorou a já catastrófica situação sócio-econômica que aflige esta terra cheia de tragédias.

Os países do BRICS não só não conseguiram reanimar a economia mundial como também já estão em grave crise ou enfrentando perspectivas de uma séria recessão. A Russia tem um regime repressivo que demoliu os projetos hegemônicos do imperialismo ocidental. O Brasil está preso em uma onda de violência provocada por criminosos e pela miséria, prestes a uma ebulição social. A China não só enfrenta uma desaceleração econômica, mas também conflitos sociais. A onda de greves que está abalando o regime em Pequim confirma isso. O chamado Partido Comunista com bilionários dirigentes na sua liderança falhou em controlar a restauração capitalista. Ao contrário disso, a intervenção do capitalismo na China prepara as forças para uma nova revolução socialista com o maior proletariado do mundo. Tudo isso marca a sentença de morte para a elite e para o capitalismo em escala mundial. O crescimento da Índia foi uma praga e uma maldição para a vasta maioria de seu povo. Após dez anos com estrondosa taxa de crescimento, mais pessoas estão vivendo na pobreza do que em qualquer outro lugar do mundo e qualquer época de sua própria história.

Da Escandinávia para o Sudeste Asiático não há nenhum país que não esteja em turbulência e crise sócio-econômica. Os protestos e rebeliões estão se tornando um fenômeno internacional. Embora a espontaneidade tenha sido um ponto forte dos recentes levantes revolucionários, também têm sido sua maior fraqueza. A falta do fator subjetivo (o Partido) tem desviado-os do caminho certo. Com a presente instabilidade e turbulência que está agitando sociedades, uma transformação revolucionária pode desencadear uma onda de revoltas que saltará de um país após o outro.

Com a formação de um partido leninista com uma liderança e programa marxista, um êxito duradouro com o sucesso da revolução é totalmente possível. Embora as forças da CMI sejam modestas, a nossa mensagem está começando a penetrar na classe trabalhadora. Uma vitória socialista em um país importante poderia abrir as comportas de levantes de massas revolucionários que transformariam regiões inteiras e continentes. O processo da emancipação humana é o início da história real da humanidade.

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