Foto: Sintrasem

O exemplo de Florianópolis para a luta dos trabalhadores

Os trabalhadores da Companhia de Melhoramento da Capital (Comcap), de Florianópolis, estão enfrentando grande truculência por parte do prefeito Gean Loureiro (PMDB). Em greve desde o início da semana, eles manifestam-se contra a transformação desta empresa pública em autarquia e pedem que a frota de caminhões de lixo seja renovada.

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A modificação no modelo jurídico da empresa facilitará as ações necessárias para privatizar a companhia, um antigo sonho da burguesia da cidade que vem sendo orquestrado há anos, com a precarização, abandono e endividamento proposital da companhia. Além disso, deixa os 1,6 mil trabalhadores em uma grave insegurança jurídica. Até hoje eles eram regidos pelo regime CLT, mas, com a modificação, dificilmente poderão ser apenas transpostos ao regime estatutário, podendo ser demitidos. Além disso, o atual acordo coletivo de trabalho da categoria – resultado de décadas de luta – encerra no final de 2019 e não poderá ser renegociado. A partir de então, ninguém pode prever quais direitos serão retirados.

Na terça-feira (11/7), os vereadores da base aliada do governo aprovaram o caráter de urgência urgentíssima da matéria, impedindo que a categoria discuta seu próprio futuro. Na noite passada, cerca de 70 trabalhadores permaneceram em vigília dentro da Câmara de Vereadores, encurralados por policiais e isolados no 11º andar do prédio. Em determinado momento, chegaram a ser atacados com gás de pimenta por meio da tubulação de ar. Fora do edifício, a categoria também se manifestava e era vítima de repressão. Trabalhadores foram gravemente feridos. Um deles foi atingido com bala de borracha a curta distância pela Guarda Municipal, e teve que ficar internado após cirurgia no abdômen.

Na manhã de hoje, os parlamentares aprovaram a proposta em uma sessão absurda, que durou três minutos. Duas horas depois, o prefeito sancionou a lei. A votação ocorreu a portas fechadas, apenas com a presença da imprensa nas galerias. A entrada e saída de qualquer cidadão foram proibidas. No momento da sessão, os trabalhadores que se manifestavam do lado de fora eram novamente alvejados por balas de borracha e gás lacrimogêneo.

Após a votação, foi feita uma difícil negociação para que os trabalhadores que ocupavam o prédio há mais de vinte e quatro horas pudessem sair com segurança. Com a persistência e unidade dos trabalhadores que estavam dentro e fora da Câmara, todo o grupo conseguiu sair junto. Os trabalhadores do lado de fora receberam os demais com palavras de ordem, punhos erguidos e abraços, reafirmando a unidade na luta.

O papel cumprido pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal contra os trabalhadores de Florianópolis é o exemplo de que tais forças não são idealizadas e utilizadas para a defesa dos interesses da comunidade, mas do capital financeiro.

Mesmo com a aprovação do projeto, os trabalhadores da companhia permanecem em greve, exigindo a revogação da lei e lutando por uma Comcap 100% pública. A grande greve realizada pelos servidores municipais da capital no início deste ano, que reverteu a aprovação do pacote de ataque a direitos da categoria, e a situação enfrentada agora pelos funcionários da Comcap devem servir de exemplo de resistência para os trabalhadores de todo o país. A resolução da direção do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem), dirigido majoritariamente por militantes da Esquerda Marxista, mostra como deveriam estar se portando as direções de sindicatos de todo o país e da CUT em relação às reformas de Temer contra os trabalhadores.

Com o aprofundamento da crise financeira – gerada por um sistema baseado na exploração e na busca desenfreada de lucro – aumentam os ataques à classe trabalhadora. Busca-se explorá-los ainda mais, acelerar privatizações e a entrega do patrimônio público ao setor privado.

É preciso grande unidade entre os trabalhadores e muita organização para preservar direitos, reverter as contrarreformas que estão sendo feitas e avançar na construção de um mundo mais justo e igualitário, em uma sociedade socialista.