Movimento por Moradia de Joinville comemora um ano de lutas

O Movimento por Moradia de Joinville comemorou seu primeiro ano no dia 2 de junho de 2016, em uma atividade no plenário da Câmara de Vereadores de Joinville.

O Movimento por Moradia de Joinville comemorou seu primeiro ano no dia 2 de junho de 2016, em uma atividade no plenário da Câmara de Vereadores de Joinville. Cerca de 40 pessoas, moradores das áreas de ocupação irregular, militantes e estudantes, falaram sobre suas experiências e os problemas da questão da moradia.

Charles Henrique, sociólogo pesquisador em Urbanismo e o Direito à Cidade, abriu a atividade desmistificando a Lei de Ordenamento Territorial (LOT). Em seus trabalhos acadêmicos ele comprovou que os vereadores recebem, desde a campanha, dinheiro da ACIJ e de empresários e, portanto, seus interesses com a LOT não são o “desenvolvimento sustentável da cidade”, como dizem. A LOT não vai melhorar em nada o acesso à cidade para o povo trabalhador. Comprovou também que ao contrário do que já foi afirmado por alguns governantes, há sim favela em Joinville. A especulação imobiliária expulsa para a periferia da cidade os mais pobres e, portanto, os negros, mulheres e crianças.

Em seguida, Vinícius Camargo, que é arquiteto e militante da Esquerda Marxista, contou um pouco da sua experiência em Sumaré, São Paulo. Vinícius é autor do livro Vila Operária e Popular, onde conta toda a história da ocupação no interior de São Paulo, no terreno da fábrica ocupada Flaskô, que contou com o apoio e participação dos operários da fábrica. Ele era o arquiteto responsável pelo projeto. Explicou sobre a lógica do sistema capitalista em produzir casas não para as pessoas morarem, mas para vender. O programa Minha Casa Minha Vida, criado pelos governos petistas, não inverteu essa lógica. Por isso, para ele, os movimentos que lutam por moradia não devem ter em suas pautas a manutenção desse programa, mas a regularização de áreas já ocupadas, a criação de construtoras públicas de moradia, a desapropriação dos imóveis vazios.

Eram informantes da mesa também Cynthia Pinto da Luz, advogada do Centro de Direitos Humanos, e o vereador Adilson Mariano. A experiência das lutas desenvolvidas em conjunto ao longo de mais de trinta anos levou a proposta colocada em prática no ano passado de unificar as regiões de moradia irregular em torno do Movimento por Moradia. Lançamos na ocasião a cartilha “‘Sobre a questão da moradia’ em Joinville, no Brasil e no mundo” (veja aqui: https://goo.gl/SGLICS), uma contribuição para a formação de todos aqueles que estão em luta por seu direito humano básico de moradia e pela construção de um mundo socialista.